A prática das escolhas conscientes

Geração após geração, as mudanças de hábitos de consumo seguem na direção de um estilo de vida mais sustentável; companhias seguem evolução com alto padrão de desempenho em sustentabilidade.

Viver efetivamente a sustentabilidade é questão de fazer escolhas. Para abastecer as necessidades básicas de sobrevivência e estilos de vida dos consumidores do planeta, é fundamental que tenhamos processos de produção sustentáveis e, prioritariamente, de fontes renováveis.

A prática de boas escolhas na compra e no uso de produtos ou bens oriundos de fontes ecologicamente corretas vem contribuindo para a diminuição e neutralização de impactos na natureza. Ler rótulos e etiquetas também é uma forma de cuidar do meio ambiente para um consumo responsável, e os hábitos conscientes vêm evoluindo a cada geração.

Por isso, faz parte da ação sustentável dos consumidores buscar conhecimento acompanhando a cadeia de produção das matérias-primas que compõem os produtos que compramos todos os dias. Um exemplo de matéria-prima de fonte renovável é a fibra da celulose proveniente de florestas de eucaliptos cultivados. Essa fibra, certificada pelas boas práticas sustentáveis de seu manejo, é a base de mais de cinco mil produtos presentes no nosso cotidiano.

Vamos fazer um teste para saber quantos produtos de fibra de celulose consumimos em um dia? Além do papel, claro, podemos citar, entre muitas dezenas de opções, a pasta de dente, a cápsula que reveste alguns remédios, o jogo de lençol, aquela roupa nova da qual tiramos a etiqueta para o primeiro uso, os pneus do nosso carro, o sorvete da sobremesa e até a tela do celular ou do seu notebook.

O tempo todo estamos consumindo e o mundo precisa repor e manter esse ciclo. Por isso, a construção de uma forma de consumo sustentada por empresas que seguem critérios legais e técnicos definidos por licenças ambientais e valores alinhados à sustentabilidade estabelece o nível de impacto ambiental de hoje e do futuro.

A silvicultura (cultivo de árvores), por exemplo, de onde é extraída a fibra da celulose, exerce um papel de extrema importância para a desaceleração das mudanças climáticas mundiais. Para se ter uma ideia, os reflorestamentos por meio de florestas cultivadas são capazes de complementar a ação da vegetação nativa, contribuindo para a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas.

No Mato Grosso do Sul, estado responsável pela maior parte da exportação de celulose do país, a fábrica da Eldorado Brasil é uma referência em produção sustentável de celulose branqueada. Em quase dez anos de operação, a redução do consumo de água foi de 28%, o que representa 24,5 m³/tsa (toneladas de celulose), resultado bem abaixo do índice do IPPC (Integrated Prevention Pollution Control), que indica consumo de 30 m³ a 50 m³ por tonelada de celulose da licença ambiental. Do volume captado para a produção industrial, mais de 85% da água retorna para o rio devidamente tratada, em consonância com as condições ambientais.

A celulose é um dos produtos com processo de produção mais sustentáveis, contribuindo também para a conservação de ecossistemas, reservas legais e áreas de preservação permanente. A forma de cultivar a terra tem o mínimo de interferência, mantendo as características físicas, químicas e biológicas naturais do solo, com a matéria orgânica fazendo sua função de proteção, evitando risco de erosão e conservando a atividade microbiológica.

Com ciclos de sete anos, em média, entre o plantio e a colheita, os eucaliptos estão em constante formação, e é nesse período de crescimento em que a captação de gás carbônico fica mais intensa. Segundo o site pensamentoverde.com.br, os principais benefícios da silvicultura são a diminuição da pressão sobre florestas nativas; o aprimoramento de terras degradadas pela agricultura; a proteção do solo e da água, com ciclos de rotação mais curtos em relação aos países com clima temperado; uma maior homogeneidade dos produtos, facilitando a adequação de máquinas na indústria; e o sequestro de carbono.

O conceito de crédito de carbono surgiu em 1997, a partir do Protocolo de Kyoto, primeiro tratado internacional para controle da emissão de gases de efeito estufa na atmosfera, de acordo com publicação da Agência Senado. Em 2021, durante a última conferência climática, em Glasgow, na Escócia, as entidades que representam o mercado mundial de crédito de carbono foram unânimes em dizer que o Brasil está cada vez mais atraindo investidores internacionais. A lógica desse mecanismo é permitir que uma nação mais poluidora invista em projetos de sustentabilidade em outro país e ganhe crédito de carbono.

O Brasil, por sua vez, possui aproximadamente 9,8 milhões de hectares de florestas plantadas, o que corresponde a menos de 1% do território nacional, com estoque de aproximadamente 1,88 bilhão de toneladas de gás carbônico (CO2) equivalente, sendo que 76% da produção total de florestas no país é destinada ao eucalipto, segundo o IBGE, com base nos dados de 2021.

A Eldorado Brasil apresenta um estoque acumulado, nos últimos dez anos, doze vezes maior do que as emissões próprias para o mesmo período, ou seja, é considerada uma empresa carbono neutro. Sua base florestal é formada por 250 mil hectares de árvores produtivas com certificados internacionais que atestam o uso de práticas responsáveis de manejo, e mais de 100 mil hectares de florestas nativas conservadas. Outro ponto importante a destacar é que os plantios ocorrem em áreas antropizadas, ou seja, não existe supressão de mata nativa para plantar eucalipto.

E a logística, responsável pelo escoamento do produto, tem, em suas frotas de carros, caminhões e demais equipamentos, tecnologias embarcadas que controlam as emissões atmosféricas.

Outra prática sustentável da cadeia produtiva de celulose é a geração de energia verde. Os resíduos são reaproveitados ao longo dos processos florestal e industrial, para abastecer a fábrica com 96% da eletricidade que ela necessita para operar. Uma atividade pioneira da empresa no setor é a usina termelétrica Onça Pintada, em que o combustível usado é a biomassa (tocos, raízes e galhos dos eucaliptos cortados) para ativar as turbinas, capazes de gerar até 50 megawatts de energia para o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Com isso, milhões de toneladas de carbono deixam de ser emitidas graças ao uso de energia renovável.

Essas práticas estão alinhadas ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS12), da ONU, para 2030, que se refere ao consumo e à produção responsáveis e tem como foco alcançar a gestão sustentável e o uso eficiente dos recursos naturais, racionalizando a utilização de combustíveis fósseis. São diversas as ações envolvendo questões ambientais, sociais e econômicas que estão por trás de uma simples descrição da composição dos produtos que consumimos.

Nas Nações Unidas, um grupo de cientistas criado para monitorar e assessorar toda a ciência global relacionada às mudanças climáticas acaba de lançar um novo relatório sobre o clima, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), segundo o qual as alterações no clima já estão causando um aumento na frequência e/ou intensidade de eventos extremos desde os tempos pré-industriais. O texto se refere a tempestades, alagamentos, secas, incêndios florestais e outros fenômenos climáticos.

Além disso, segundo o relatório, os seres humanos são responsáveis por um aumento de 1,07°C na temperatura do planeta – aquecimento que não pode ser desfeito. O desafio, agora, é evitar que a temperatura continue a se elevar.

Diante disso, conhecer os produtos que consumimos impacta diretamente em boas escolhas, e nossas decisões são o superpoder que temos para nos adaptar e mudar hábitos, respeitando os recursos naturais que abastecem bilhões de pessoas no mundo inteiro. Por meio do consumo consciente, estamos efetivamente agindo em benefício do meio ambiente.

Fonte: Daniel Japiassu