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Amostras de leite para exame microbiológico: qual o tipo de amostragem utilizar?

Marcos Veiga Santos

A cultura de amostras de leite tem sido usada para diagnóstico das causas da mastite há muito tempo. Essa metodologia permite o isolamento e identificação dos patógenos causadores de mastites, sendo considerada o “padrão ouro” para comparação de resultados quando se usam outros testes de diagnósticos. Sem conhecer os agentes causadores de mastite, a tomada de decisões para controlar o problema é dificultada, pois somente pode-se tomar medidas gerais e não específicas dentro do rebanho. Sendo assim, questionamentos sobre procedimentos e tipos de amostragens que podem ser utilizados são comuns, entre as quais quando e como coletar as amostras para enviar ao laboratório. As principais considerações e recomendações para os procedimentos de coleta são:

Amostras compostas: são amostras coletadas a partir de todos os quartos da vaca. Pode ser uma opção para reduzir o custo total da cultura utilizada para rastreamento inicial de vacas com mastite contagiosa, como por exemplo em rebanhos com suspeita de mastite causada por Staphylococcus aureus e Streptococcus agalactiae. Por outro lado, o uso de amostras compostas apresenta como limitações a maior possiblidade de contaminação durante a coleta, pois todos os tetos devem ser cuidadosamente higienizados antes da coleta e a possibilidade de menor chance de identificação do agente em razão da diluição do leite dos quartos sadios. Além disso, os resultados de amostras compostas podem apresentar mais de um agente causador, pois mais de um quarto pode estar infectado.

Um ponto importante para ter bons resultados em fazendas de alta prevalência de S. aureus, é que este rastreamento deve ser baseado em mais de uma coleta, pois alguns agentes possuem padrão cíclico de eliminação de bactérias no leite das vacas infectadas. Desta forma, quando feita somente uma coleta, a sensibilidade da cultura para identificação de S. aureus é de cerca de 75%, já que o agente pode estar presente na glândula mamária em contagens insuficientes para a identificação no laboratório. Sendo assim, para rebanhos com elevada prevalência de S. aureus, recomenda-se realizar o rastreamento das vacas positivas por meio da coleta de 3 amostras de cada vaca, com intervalo entre as coletas de 7 dias. Quando a vaca é identificada como positiva, não há necessidade de fazer as três culturas da mesma vaca, pois um resultado positivo já é suficiente para a identificação. As culturas sequenciais devem ser feitas nas vacas que apresentam resultados negativos.

Amostras de quarto mamário: são amostras coletadas a partir de apenas um quarto mamário da vaca. Pode ser utilizada para coleta de vacas com mastite clínica, pois o quarto afetado já foi anteriormente identificado pelo ordenhador no teste da caneca. Para a coleta de amostras por quarto de vacas com mastite subclínica, diagnosticadas pelo teste de CCS, recomenda-se realizar o CMT dos quartos e coletas somente da amostra dos quartos com reação positiva. Nesta situação, após a realização da CCS mensal de todas as vacas em lactação, seleciona-se as vacas com alta CCS, para que sejam submetidas ao teste de CMT e a coleta das amostras de leite somente dos quartos positivos ao CMT.

Amostras de tanque: deve ser utilizada para monitoramento da presença de agentes contagiosos no rebanho, como Staphylococcus aureus e Streptococcus agalactiae, uma vez que a presença destes agentes em amostras de tanque é indicativo de que existem vacas infectadas por estes agentes no rebanho. Além disso, amostras de tanque podem ser utilizadas para avaliar as condições específicas de higiene da fazenda e podem auxiliar na identificação de problemas de higiene e limpeza de equipamentos, deficiências no manejo de ordenha e na preparação das vacas antes da ordenha. Em algumas situações, a causa de alta CBT no leite pode ser a alta prevalência de vacas infectadas com Streptococcus agalactiae, o que resulta em rebanhos com alta CCS e CBT ao mesmo tempo. As análises de cultura de tanque têm maior utilidade para monitoramento da situação de rebanhos que apresentam uma situação boa de controle, mas não permitem a tomada de decisão em nível de vaca, pois são informações gerais do rebanho.

Congelamento e envio: após a coleta e correta identificação, recomenda-se que as amostras de leite sejam congeladas em freezer doméstico. É comum em fazendas com uma rotina de amostragem estabelecida esperar ter um volume de amostras para enviar para o laboratório visando a redução de custos de envio. Durante o tempo de armazenamento, alguns cuidados devem ser tomados para evitar perdas, pois alguns patógenos como os coliformes podem ficar inviáveis para crescimento durante o tempo de congelamento. A recomendação é que as amostras de leite permaneçam congeladas por no máximo 45 dias, sendo o ideal um período menor do que 30 dias até a análise.

Todo planejamento de coleta e envio deve ser feito com antecedência levando em consideração os pontos citados para um melhor aproveitamento e confiabilidade dos resultados obtidos.

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