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AS DIFERENÇAS REGIONAIS REDUZIDAS PELO HOMEM DO CAMPO

Que o Brasil é um país de dimensões continentais isso ninguém questiona. O que também passam a ser verdade são as diferenças dentro de um mesmo ‘ambiente’ onde seus moradores possuem culturas, costumes, culinária, musicalidade e sotaques tão diferentes. Desta forma, para algumas regiões, se cria até mesmo um dicionário típico de palavras e termos comumente usados e pouco conhecidos por outras.

Quando se trata do agronegócio temos tudo bem definido. Os mais de oito milhões de meio de quilômetros quadrados do Brasil estão divididos em cinco regiões e cada uma delas traz a sua característica de produção. Assim podemos pensar o trigo no Nordeste e a uva no Sul. Certo? Errado!

Hoje, com o desenvolvimento do homem do campo que deixou de ser aquele colono conhecido de décadas passadas, não menosprezando aquele homem aguerrido, apenas complementando-o para que chegasse ao que é hoje, e se tornou um grande empresário rural, dedicado à pesquisa e inovação tecnológica.

Desta forma a atividade de agricultura moderna e tecnificada parece mesmo ser uma tendência ou dom do sulista, isso também é fato. Foi dali que saiu essa força, e mais uma vez, sem diminuir nenhuma outra, afinal quem trouxe o desenvolvimento parta o país foi o cultivo da cana de açúcar, depois o café, o gado que ganhou profissionalização para só depois entrarmos na era dessa agricultura.

De homens e mulheres nascidos ou criados na região sul, acostumada a um clima específico começou, nas últimas três ou quatro décadas, uma migração. Inicialmente meio tímida, lenta. Depois um pouco mais atrevida. As empresas começaram a investir em pesquisa para atender o produtor que cultivava uva ou soja no Rio Grande do Sul, Paraná ou Santa Catarina, e assim ele pudesse fazer o mesmo em Mato Grosso ou Goiás.

Tudo bem. Mas e as outras regiões? O Nordeste continua se dedicando apenas ao cultivo de palmas? Lembrando que esta não tem apenas a função de alimentar o gado e pode ser um ótimo produto de exportação.

Não. O Nordeste tem hoje um dos climas mais favoráveis ao cultivo de frutas e é o maior exportador delas no país. O melão que chega a nossa mesa, em qualquer parte do país ou o mamão que você consome no café da manhã pode vir de lá. E sem contar uva que os pesquisadores descobriram que com aquele clima pode ficar muito mais saborosa.

Em Mato Grosso que até poucos anos servia apenas para a criação de gado se vê lavouras como em poucos lugares no mundo. A diversidade é grande, bem como ocorre nas terras dos chapadões, consideradas ‘fracas’ hoje muito disputadas e com preços elevados, em Goiás. Rondônia se vangloria em ser naturalmente dedicada à pecuária, mas o que se tem por lá é muito mais que isso.

Estações de pesquisa da Embrapa trata a agricultura tropical de modo tão peculiar, tão profissional que é simplesmente maravilhoso conversar com um garoto de 25 ou 27 anos já doutor. Estou falando isso e não é força de expressão, conheço.

O Sudeste continua a ter o maior centro de industrias para beneficiamento e processamento da nossa produção primária, mas não significa que por lá também não tenha chegado no campo um pouco desse desenvolvimento. Os estudos das variedades de cana, pesquisas em silvicultura, olericultura e muitos outros estão por ali.

Se pensamos que as flores que abastecem o mercado do Brasil inteiro ainda são as de Holambra, esqueçam. Pode ser daí bem de pertinho de você. Esses produtores também entraram na era da profissionalização e estufas com alta eficiência estão presentes em todos os lugares. Rio Verde, em Goiás, tem o João das Orquídeas – não é nome fictício, é certo que ele nem deve se lembrar de mim, mas eu sei quem o é – já abastece o Ceasa de Goiânia com suas plantas.  E existem muitos Joões por aí, nesse Continente chamado Brasil.

Assim sendo temos muito mais em comum do que em diferenças. Isso acontece porque o produtor que trabalha a terra ele vive um relacionamento de muito respeito com ela (a terra) ou esse casamento não funciona. Essa relação ocorre em qualquer região do país e funciona assim: eu te respeito e você respeita a mim.

Produtor rural é produtor rural em qualquer lugar. Do Oiapoque ao Chuí ele sabe conversar com a terra ou a terra. E tem um detalhe: ela entende. Entende tanto que conversa com ele através da sua produtividade, de seus frutos que entrega a esse homem de tamanha sensibilidade para entender que lhe falta ou sobra água, que ela agora gostaria de mais um pouco de nutriente para lhe entregar o que ele quer.

Com esse entendimento, comendo pão do trigo produzido em Goiás ou no Rio Grande do Sul, uma uva de Santa Catarina ou do Rio Grande do Norte o país se desenvolve, mesmo quando todas as condições de governo são para o travamento total como as que estamos vivendo agora. Mais uma vez… produtor rural é aquele homem decente que faz a diferença entre seu povo e diminui diferenças dentro ou fora de um país.

Por: Fabélia Oliveira

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