Momento de observar o oídio em trigo

Por Leila Maria Costamilan*

O oídio de trigo, causado por Blumeria graminis f. sp. tritici, é uma das primeiras doenças foliares a aparecer durante a safra, sendo de fácil identificação, pois desenvolve uma espécie de pó branco sobre folhas e colmos. Ocorre em todas as regiões tritícolas do mundo, especialmente de clima temperado. No Brasil, pode ser encontrada em toda a Região Sul e em lavouras irrigadas ou em áreas de altitude nas Regiões Centro-Oeste e Sudeste. Na safra 2019, está ocorrendo grande epidemia de oídio em cultivares suscetíveis de trigo, ocasionada principalmente pelo clima seco observado no mês de agosto, no Rio Grande do Sul, problema este que não se observa em cultivares resistentes, que continuam com boa sanidade.

Em Passo Fundo, há registros de reduções entre 10% e 62% no rendimento de grãos, porém, na média de anos normais de ocorrência da doença, os danos alcançam de 5% a 8%. Quando ocorre cedo, a doença reduz o número de espigas por área e, mais tardiamente, diminui o número de grãos por espiga e o tamanho desses grãos.

O inóculo de oídio mantém-se, na entressafra, sobre plantas voluntárias de trigo, sendo disseminado facilmente pelo ar, durante períodos sem chuva. É uma doença explosiva, pois o ciclo da doença é bastante rápido, entre 5 e 25 dias.

Os métodos mais eficientes para controle de oídio em trigo são o uso de cultivares com resistência genética e a aplicação de fungicidas, em tratamento de sementes ou nas folhas.
A busca de cultivares comerciais de trigo com resistência genética é constante nos programas de melhoramento da Embrapa Trigo. Anualmente, são realizados testes de avaliação da reação de plântulas e de plantas adultas, sob condições de inoculações naturais e em casa de vegetação. Várias cultivares lançadas pela Embrapa Trigo, com bom nível de resistência a oídio, estão disponíveis, como BRS Belajoia, BRS Parrudo e BRS Reponte.

O controle químico de oídio de trigo em cultivares suscetíveis é mais econômico via tratamento de sementes do que por meio de aplicação de fungicidas nos órgãos aéreos. Em planta adulta, o monitoramento da doença deve ser semanal, a partir do afilhamento, determinando-se a porcentagem de plantas com sintomas da doença. A primeira aplicação deve ocorrer quando o nível de doença atingir o limiar de ação, conforme as Informações Técnicas para Trigo e Triticale, Safra 2019.

A rotação de culturas não é efetiva para controle de oídio, já que o patógeno se encontra presente em qualquer período do ano. Deve-se evitar adubação nitrogenada em excesso, que torna as plantas mais suscetíveis. Semeaduras mais precoces podem diminuir os danos da doença, pois as plântulas ficam expostas a menores quantidades de inóculo justamente em estádio de desenvolvimento mais suscetível à doença.

*Leila Maria Costamilan é pesquisadora da Embrapa Trigo