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Precisamos falar sobre o JOESLEY

Eu sei, certamente você está cansado. Mais do que isso, está injuriado, profundamente enojado com a imoralidade do esgoto público que jorra, aos milhões, bem dentro de nossas casas todos os dias, através da TV, dos jornais e da internet. Mas é necessário – talvez indispensável – examinar a fundo o personagem que descobriu a arte de transformar as crises que provoca na República em um negócio altamente lucrativo, privatizando os dividendos e socializando os prejuízos com todo o país, especialmente com o agronegócio.

                Há cerca de um mês o então quase secreto dono da JBS, com um gravador no bolso, confessou uma série de crimes, subornos a autoridades públicas, e tentou envolver na sua conversa o presidente da República. É evidente que o Chefe do Poder Executivo não podia ter ouvido calado aquela série de disparates sem ter ordenado uma investigação da Polícia Federal, mas o que se seguiu nos dias posteriores foi uma campanha ostensiva de meios de comunicação para desestabilizar o governo. Justo quando o país, graças ao agronegócio, saía da recessão e entrava no seu primeiro mês de curva ascendente do emprego. Mas após o pior período da tempestade, a montanha da super-denúncia pariu um ratinho assustado, e a bomba se desarmou.

                Então, as Organizações Globo mobilizam um de seus veículos mais prestigiados – a Revista Época – para um novo ataque, desta vez uma entrevista impressa. O super-captador de investimentos do BNDES, que devolvia a generosidade sendo generoso com políticos e amigos do poder, vestia a condição de paladino da justiça, convertido à causa do combate à corrupção. Estranhamente, sua indignação seletiva preservava o amigo Luís Inácio, o mesmo que hoje mobiliza sua tropa de choque em favor de eleições diretas, e já. A pressa se justifica, já que, parafraseando Drummond, no meio do caminho tem uma sentença, tem uma sentença no meio do caminho. E a cruzada de Joesley, o paladino da nova moralidade, o criminoso confesso livre de qualquer condenação graças ao amigo Janot, segue na sua cruzada, com o auxílio dos Marinho. Solidariedade com um de seus melhores anunciantes? Ou o temor de que, ali adiante, as investigações sobre o BNDES esbarrem nos negócios da Vênus Platinada?

                O agronegócio, carro-chefe da economia, sofre com a ociosidade das plantas frigoríficas, que teve um crescimento de 65%, o aumento do custo do dinheiro financiado a 358% acima da taxa Selic. Mas a JBS, enquanto isso, fecha o mês com um lucro de R$ 422,3 milhões, após causar ao país um prejuízo de mais de R$ 239 bilhões. Como eu disse no início, falar disso tudo é profundamente desagradável. Mas entender esse personagem e o seu mecanismo de enriquecimento privado com recursos públicos, é vital para que o país entenda esse momento histórico, e nunca mais o repita. Porque os Joesleys seguem se reproduzindo, e é preciso estancar a lógica de sua reprodução, antes que seja tarde.

TARSO FRANCISCO PIRES TEIXEIRA – Presidente do Sindicato Rural de São Gabriel / Vice Presidente da Farsul

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