Cupping de Cafés Especiais

A persistência do 3º colocado da Mantiqueira de Mina

“O ATeG surgiu em minha vida para me guiar.” A reflexão é do cafeicultor Samuel Paiva Mangia, de Bependi, terceiro colocado na categoria Mantiqueira de Minas no Cupping deCafés Especiais do Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) Café+Forte, do Sistema FAEMG/SENAR/INAES/SINDICATOS, com o café arábica natural, variedade Catuaí Vermelho 144.

O reconhecimento veio oito anos após começar a cuidar dos pés de café plantados pelos seus pais. “Ouço história de que minha mãe estava grávida de mim e auxiliava meu pai na plantação. Ou seja, minha história com o café é de longa data.” Mas Samuel chegou a morar em São Paulo, onde trabalhava em áreas completamente diferentes da atual.

Em 2013, voltou para Baependi e, “mesmo sem muito conhecimento, comecei a cuidar das lavouras. Isso me fez quase perder tudo o que havia investido no primeiro ano. Não consegui recuperar o investimento feito e quase quebrei. Mas sou teimoso. Levava meu café para provadores e a reação boa me fazia acreditar que estava o caminho certo. Foi assim que ouvi falar em cafés especiais e decidi aprender mais sobre”.

Depois de ter se estabelecido no ramo, Samuel foi vendo os resultados ao participar de concursos e ver que seu café conquistava boas pontuações e premiações. “Participei do Cupping pela primeira vez na Semana Internacional do Café de 2015. Mandei a mostra por intermédio de uma prima e ficamos entre os 25 melhores do Brasil.”

Antes mesmo de ingressar no grupo assistido pelo ATeG desde 2019, Samuel participou de vários cursos oferecidos por meio da parceria entre o Sistema FAEMG/SENAR/INAES/SINDICATOS e o Sindicato dos Produtores Rurais de Baependi. “Fiz curso de barista, torra, classificação de cafés. Hoje sou instrutor de cursos de drone e de torra de café por meio do Sistema.”

União

Samuel contou que, em 2015, os cafeicultores de Baependi e região resolveram se unir, a fim de compartilhar e trocar conhecimentos, uma forma de incentivar a produção de cafés especiais. “Um colaborador me contava sobre propriedades abandonadas na região, falava sobre produtores que haviam deixado suas lavouras. Foi assim que comecei a articular o grupo, afinal, sentia que podia auxiliar e seu auxiliado. Em 2019, veio o ATeG para nos guiar com melhoramento do cultivo de nossas lavouras e administração da propriedade. De lá para cá, a evolução de todos produtores foi muito grande, desde a saúde das lavouras até a qualidade dos cafés produzidos.”

O grupo, já fortalecido, se ajuda e consegue economizar ao adquirir e utilizar equipamentos de forma conjunta, como o medidor de umidade e o equipamento para aplicação de defensivos.

Além disso, a união se faz, por exemplo, no caso de um produtor não onseguir atender à demanda deo mercado. “Em 2017, produzi muito café. Em 2018, a produção caiu por erros meus. Com isso, não consegui atender ao mercado que estava aberto, como cafeterias, por exemplo. Uma saída foi recorrer a um produtor vizinho e indicá-lo. Sei que, em caso contrário, serei indicado também. O que buscamos é promover a região como produtora de cafés especiais.”

O cafeicultor detalhou que a falha que fez com que sua produção caísse em 2018 foi identificada já durante a assistência do ATeG. “Fiz uma poda drástica por meio de um sistema que chamamos de esqueletamento. Naquela época, não tinha o acompanhamento do agrônomo, então fiz conforme pensava ser certo. Não entedia da saúde da planta e ainda escolhi uma área errada.” Já em 2019, com o ATeG, a produção foi melhor, e, em 2020, mais satisfatória ainda.

“Hoje, faço o esqueletamento sob supervisão do técnico Leandro de Freitas Santos, considerando a saúde das plantas. Meu negócio evoluiu muito depois do ATeG.”

O técnico Leandro apontou algumas mudanças propostas. “Quando chegamos com o ATeG, direcionamos quais talhões deveriam ser colhidos primeiro, trabalhamos tratos e pós-colheita, além de apontarmos o momento certo de adubar e de iniciar a colheita. Ele contava com uma área grande com produtividade baixa. Promovemos a renovação das lavouras, eliminando os talhões não produtivos. Com isso, conseguimos manter a qualidade que já era altíssima.”

A marca

Ao participar de um concurso promovido por uma grande empresa exportadora de café de Carmo de Minas, e ficar em primeiro lugar, Samuel viu a necessidade de que os cafés especiais de boa qualidade precisavam circular no mercado interno também. Foi aí que montou, em 2016, sua marca, a Tequila Café, que, hoje, conta, inclusive com cafés fermentados naturalmente. Seu café é comercializado em várias cidades do Brasil.

A imagem que estampa as embalagens é da sua cachorrinha Tequila, uma fox paulistinha de oito anos. “Por trás da marca, temos um caráter social. Por meio do projeto 4 Patas, lançamos produtos, permitindo que parte da renda seja destinada à Associação dos Defensores de Bichos de Baependi.”

Curiosidade

Samuel revelou que, ao ser convidado pelo técnico Leandro para enviar seu café para o Cupping, só tinha uma amostra. “Era o único café que eu tinha disponível. Diante disso, era ele ou ele. Por isso, fiquei surpreso ao ser informado sobre a premiação. Minha expectativa é continuar trabalhando com café especial. Minha paixão pela área só aumenta a cada dia. Quero continuar auxiliando os produtores de café da minha cidade e constituir uma associação, tendo como foco melhor qualidade de vida para todos.”

Ainda sobre a amostra única, ele contou que, caso uma das condições para participar do Cupping fosse a venda daquele lote de café, ele não poderia participar porque o mesmo já estava comercializado para a Coreia do Sul.

Para o gerente regional do Sistema FAEMG/SENAR/INAES/SINDICATOS em Juiz de Fora, Wander Magalhães, “a conquista de três prêmios no Cupping de Cafés Especiais via regional é resultado do excelente trabalho que vem sendo desenvolvido. Para o ano que vem, o planejamento é abrir novo grupo do ATeG Café+Forte naquela região”.

Fonte: Assessora de Comunicação Sistema FAEMG/SENAR/INAES – Regional Juiz de Fora