Da falta de chuva ao excesso delas: por que o início do período chuvoso traz preocupação?

Driving along high way 363 , south of Moose Jaw. Prairie storm approaching. Image taken from a tripod.

Os extremos causados pelas mudanças climáticas trazem consequências com as quais o agricultor precisa lidar

Os próximos dias devem ser bastante chuvosos em várias regiões do país. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), por exemplo, já emitiu um alerta laranja para chuvas intensas em estados como Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, Tocantins, Bahia, Maranhão e Piauí.

Na região Sul do país, a última semana de outubro já teve bastante chuva: muitas cidades no estado do Paraná, por exemplo, tiveram toda a precipitação pluvial prevista para todo o mês de outubro em apenas quatro dias.

A previsão é de que três novas frentes frias avancem pelo sul do Brasil em novembro, criando corredores de umidade que devem continuar provocando chuvas no restante do país. E isso pode trazer problemas para a agricultura.

A lixiviação e as perdas de nutrientes importantes

Entre os principais problemas que o excesso de chuvas pode trazer para a atividade agrícola estão aqueles relacionados ao solo, como a ocorrência da lixiviação de nutrientes importantes, o que reduz a produtividade e eleva os custos de produção.

Esse fenômeno torna bem menos eficiente, no manejo nutricional, o uso de fertilizantes solúveis em água para reposição dos nutrientes no solo. É o caso, por exemplo, do Cloreto de Potássio (KCl), uma das principais fontes de potássio utilizadas na agricultura brasileira.

Um estudo da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) simulou condições de chuva em duas colunas de teste: uma adubada com Cloreto de Potássio, outra com uma fonte de potássio de liberação gradual, ou seja, mais lenta e menos solúvel em água.

Os resultados mostraram que 26% do potássio do KCl foi perdido em apenas 18 dias de chuva. Já com a outra fonte de potássio, a perda foi considerada insignificante, de apenas 0,3%.

Com isso, o agricultor perde parte dos nutrientes aplicados na adubação e precisa de mais reaplicações, elevando os custos de produção e agredindo mais o solo.

Além disso, a combinação de altos índices de pluviosidade e do uso de fertilizantes como o Cloreto de Potássio pode acarretar em outros problemas para o solo.

Os problemas que o excesso do uso de Cloreto de Potássio traz

Entre os problemas associados ao uso do Cloreto de Potássio como fonte de potássio para a agricultura, estão:

  • A acidificação e o aumento na salinidade do solo;
  • A redução de matéria orgânica;
  • A desestabilidade da estrutura físico-química do solo (compactação), o que influencia diretamente na nutrição, sanidade e metabolismo das plantas, além do impacto na permeabilidade.

Isso em razão das características desse fertilizante. Composto de aproximadamente por 43% de cloro e com um índice de salinidade de 116%, o uso intensivo do KCl acaba trazendo esses problemas para o solo a longo prazo.

Então, por que o Cloreto de Potássio é tão utilizado? A sua alta concentração de potássio e sua rápida disponibilização podem ser as respostas para essa pergunta. Entretanto, esses parâmetros muitas vezes se adequam mais à agricultura de países de clima temperado.

Nesses lugares, o agricultor tem pouco tempo no ano para realizar a adubação e o plantio, necessitando de fontes que liberem rapidamente os nutrientes. Entretanto, em países de clima tropical, como o Brasil, os ciclos produtivos se estendem por praticamente todo o ano – o que é vantajoso porque há mais safras anuais.

Assim, os efeitos do uso excessivo do Cloreto de Potássio acabam se expressando com muito mais intensidade. O que é ainda mais agravado pelas instabilidades climáticas, que trazem consigo problemas como a lixiviação dos nutrientes.

A solução para esse dilema é, então, uma mudança no paradigma nutricional da agricultura tropical.

As novas fontes de potássio com liberação gradual

Novas pesquisas têm mostrado o potencial das fontes de liberação gradual de potássio na agricultura, especialmente para a construção da fertilidade do solo.

Como elas são livres de lixiviação e conseguem disponibilizar o potássio ao longo de um período maior, elas suprem as necessidades das plantas ao longo do ciclo produtivo. Isso reduz as necessidades de reaplicação e traz melhor custo-benefício para o agricultor.

Um exemplo é o trabalho que vem sendo desenvolvido pela empresa Verde. O Dr. Alysson Paolinelli, conhecido como Pai da Agricultura Tropical e um dos nomes mais importantes do agronegócio brasileiro, faz parte da diretoria da Verde e comenta sobre a importância de se buscar alternativas às fontes de liberação rápida como o Cloreto de Potássio:

“Usamos há muitos anos o Cloreto de Potássio, sem buscar novas alternativas. Temos o nosso potássio aqui e ele vai proporcionar muitos benefícios para o solo.”

Utilizando o Siltito Glauconítico, matéria-prima encontrada em São Gotardo, a Verde desenvolve produtos para que o agricultor brasileiro melhore o manejo da lavoura. O K Forte® é um desses produtos, como conta Antônio Carlos Maier, agricultor que produz sementes de pastagem em Chapada Gaúcha, Minas Gerais e Fundador da Maier Sementes:

“Eu achei que tinha sentido porque nós temos um solo arenoso e tem a questão da acidificação do solo, a questão do tempo que ele vai disponibilizando o potássio ao longo do ciclo da cultura. Então achei interessante, comprei a ideia e fiz um teste na safra passada. Depois desse teste, na próxima safra eu já apliquei na área toda, substituindo uma parte do KCl.”

Antônio Carlos relata que o uso do K Forte ajudou a melhorar a produção da lavoura, tornando as plantas mais resistentes e vigorosas. Isso graças ao fato de ele ser um fertilizante multinutriente, fornecendo além de potássio, o silício, o magnésio e o manganês. Segundo ele, os resultados foram muito satisfatórios:

“Já indiquei e continuo indicando. Eu acho que é uma alternativa muito boa, é uma opção de manejo. Tem os benefícios que ele proporciona e o resultado, se não for igual, é melhor que com o KCl, então com certeza indico.”

Essas novas fontes são alinhadas com os novos paradigmas que fazem parte da nova agricultura.

Novo potássio para uma nova agricultura

A nova agricultura, a agricultura do século XXI, é aquela que preza pela produção de alimentos de qualidade e também pelo uso sustentável do solo. E isso demanda mudanças no sistema de produção, como destaca o Dr. Alysson Paolinelli:

“Nós todos teremos mudanças profundas em nosso sistema de produção, de processamento, de comércio, de alimentação. Tudo isto terá profundas transformações. Nós precisamos estar atentos. Essa vantagem comparativa que Deus nos deu, nós temos que saber aproveitá-la.”

Assim, as novas fontes de potássio que podem ser encontradas no Brasil e se adaptam tanto ao clima tropical do país, quanto às instabilidades climáticas, são a chave para ser bem sucedido na nova agricultura.

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