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ESG também deve ser preocupação dos pequenos produtores rurais

Por*André Aléxis de Almeida

Riscos socioambientais serão cada vez mais relevantes para a concessão de financiamentos, fundamentais para a manutenção dos negócios agrícolas

Cálculos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo (USP), indicam que o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio nacional acumula alta de 9,81% no primeiro semestre de 2021. A instituição prevê que, considerando os desempenhos do setor e da economia brasileira até o momento, a participação no PIB total deve ficar em 30% no ano, aproximadamente. Mas para que o setor possa continuar crescendo e registrando excelentes resultados, os players devem estar atentos a três letras: ESG.

Sigla inglesa para Environmental, Social and Governance, ela se refere às práticas ambientais, sociais e de governança de uma companhia, apontando em que medida um negócio busca minimizar seus impactos no meio ambiente, atua para a construção de um mundo mais responsável e justo para todos os stakeholders e contempla bons processos de administração. Ainda, ESG tem sido utilizado para avaliar investimentos com critérios de sustentabilidade.

No âmbito do agro, a pesquisa “Agronegócio: desafios à competitividade do setor no Brasil”, conduzida em 2020 pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), demonstrou que a temática da governança e da gestão é considerada um dos principais gargalos do setor no país. Além disso, a “Pesquisa Anual Global de CEOs 2021”, da PwC, trouxe que 47% dos líderes brasileiros do agronegócio consideram que suas companhias precisam fazer mais esforços para divulgar seu impacto ambiental.

O que é preciso ter em mente sobre o tema é que o agro brasileiro contempla organizações que estão em diferentes estágios de negócio. O ESG já está em processo de consolidação nas grandes companhias exportadoras, cientes de que boas práticas ambientais, sociais e de governança se tornaram um diferencial competitivo. Os pequenos produtores rurais, entretanto, também precisam ter esse olhar mais apurado.

“Os riscos socioambientais serão cada vez mais relevantes para a liberação de financiamentos, cruciais para a sobrevivência dos negócios dos pequenos produtores, seja para realizar investimentos nas propriedades, seja para a aquisição de insumos”, afirma o advogado e mentor jurídico de empresas André Aléxis de Almeida.

Recentemente, o Banco Central (BC), anunciou a criação de um Bureau do Crédito Rural Sustentável, que vai trazer critérios para caracterizar que operações são sustentáveis dos pontos de vista social, ambiental e climático, aplicados na concessão de empréstimos a agricultores e pecuaristas. Ainda, até o fim do ano, o órgão vai incluir critérios de sustentabilidade para seleção de contrapartes na gestão das reservas internacionais e para a seleção de investimentos.

Em meio ao avanço do desmatamento ilegal no país, diversos bancos privados também já estão redobrando sua preocupação com passivos ambientais nas análises de risco de crédito. Outros também têm aumentado suas linhas de financiamento voltadas a pessoas físicas e jurídicas cujos negócios implementem medidas que têm como objetivo promover uma economia mais inclusiva e de baixo carbono.

“Importante ressaltar, contudo, que a preocupação com o meio-ambiente é apenas um dos pilares do ESG. De nada adianta o negócio ter boas práticas ambientais e estar envolvido com algum nível de corrupção ou não assinar a Carteira de Trabalho dos funcionários, por exemplo. É preciso que haja uma visão global do que significa ESG e que a empresa esteja mesmo preocupada. Mais do que parecer, é preciso, efetivamente, ser”, finaliza o advogado.

* André Aléxis de Almeida é advogado, especialista em Direito Constitucional, mestre em Direito Empresarial e mentor jurídico de empresas.

Fonte: V3 Comunicação

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