Agricultura sofre ameaça de nova “superpraga”

Qual é o tamanho da ameaça de novas lagartas híbridas, frutos do cruzamento da Helicoverpa armigera com a Helicoverpa zea, para a agricultura brasileira e mundial? Essa foi a pergunta que fizemos à Mestre em Entomologia e Doutora em Biotecnologia Cecília Czepak, que concedeu entrevista exclusiva ao Portal Agrolink.

“Ainda não temos certeza disso, mas sabe-se que cada espécie tem seu potencial de dano e suas características relacionadas a resistência e portanto, juntas podem originar uma ‘nova superpraga’, algo meio ‘assustador’ no que se refere a agricultura”, afirma a especialista, que também é professora titular da Escola de Agronomia da UFG (Universidade Federal de Goiás).

De acordo com ela, há que se ter presente que nossas fronteiras continuam abertas e provavelmente novas entradas estão sendo previstas: “Algo precisa ser feito de forma urgente, afinal, sabemos que foram várias incursões da H. armigera no Brasil e, com certeza, cada uma delas pode ter trazido genes diferentes, principalmente relacionados a resistência o que adicionados a H. zea podem desencadear o início de um novo problema a enfrentar na agricultura brasileira e possivelmente na agricultura mundial, se pensarmos que podemos também vir a exportar espécies híbridas para outras regiões agrícolas”.

“Entretanto, isso para mim não é a essência do problema, vejo que a grande questão continua sendo a não aplicação de táticas de manejo dentro dos cultivos agrícolas, pois pragas como a H. armigera não podem ser controladas sob um único contexto, isto é, o químico, ou mesmo por meio de organismos geneticamente modificados, temos que unir forças, isto é combatê-las em várias frentes, ou melhor, manejá-las dentro dos princípios básicos do MIP (Manejo Integrado de Pragas) e isso por mais que os esforços da pesquisa caminhem nesse sentido, vejo que nossa agricultura caminha no sentido contrário. Precisamos mudar este rumo e adotar de forma urgente e definitiva o MIP”, conclui.

Fonte: Agrolink