Bactérias biotecnológicas se alimentam de CO2 do ar

Pesquisadores criaram uma cepa da bactéria que cresce consumindo dióxido de carbono em vez de açúcares ou outras moléculas orgânicas. A conquista é um marco, dizem os cientistas, porque altera drasticamente o funcionamento interno de um dos organismos modelo mais populares da biologia.

E no futuro, a E. coli que se alimenta de CO2 pode ser usada para produzir moléculas de carbono orgânico que podem ser usadas como biocombustíveis ou para produzir alimentos. Os produtos fabricados dessa maneira teriam menos emissões em comparação com os métodos de produção convencionais e poderiam remover o gás do ar. O estudo foi publicado na revista  Cell  em 27 de novembro.

“É como um transplante cardíaco metabólico”, diz Tobias Erb, bioquímico e biólogo sintético do Instituto Max Planck de Microbiologia Terrestre em Marburg, Alemanha, que não participou do estudo.

Plantas fotossintéticas e cianobactérias, micróbios aquáticos que produzem oxigênio, usam a energia da luz para transformar ou fixar o CO2 nos componentes básicos da vida que contêm carbono, incluindo DNA, proteínas e gorduras. Mas pode ser difícil modificar geneticamente esses organismos, o que diminuiu os esforços para transformá-los em fábricas biológicas.

Pelo contrário, E. coli é relativamente fácil de redesenhar, e seu rápido crescimento significa que as alterações podem ser testadas e ajustadas rapidamente para otimizar modificações genéticas. Mas as bactérias preferem crescer em açúcares como glicose e, em vez de consumir CO2, emite o gás como lixo.

Ron Milo, biólogo de sistemas do Instituto de Ciência Weizmann em Rehovot, Israel, e sua equipe passaram a última década revisando a dieta de E. coli. Em 2016, eles criaram uma cepa que consumia CO2, mas o composto representava apenas uma fração da ingestão de carbono do organismo, o resto era um composto orgânico que alimentava as bactérias, chamado piruvato.

Fonte: Agrolink Por Leonardo Gottems

Crédito: DP