A Fertilizantes Heringer entra com pedido de recuperação judicial. Além de prejuízos acumulados nos últimos anos, a gota d’água foi um pedido de execução de dívida pela EuroChem.
Para tal, a empresa precisaria vender ativos (desinvestir), o que iria prejudicar as operações da empresa. Quando falamos de gestão, esse é um caso de baixa liquidez (neste caso, junto de problemas de lucratividade, e endividamento).
Uma opção para aumentar a liquidez, é justamente o desinvestimento de ativos imobilizados – terras, máquinas, instalações. Desde que acompanhado de boa geração de lucros, para sustento no longo prazo.
E isso exige planejamento. Talvez melhor do que saber sua liquidez e lucro do ano passado, é saber quais serão eles no ano que vem, e o que fazer caso não sejam satisfatórios.
Se liquidez é o problema, aumento o caixa
A BRF conclui parte de sua jornada rumo à redução de endividamento. O plano de levantar R$ 5 bilhões, parcialmente conquistado, somou cerca de R$ 4 bilhões.
Contudo, o montante traz “conforto” para a companhia – cerca de R$ 7 bilhões de caixa disponível – para arcar com suas obrigações de 2019 e ainda sustentar operações.
Retomada de lucros? Cuidado! O que aconteceu é que o dinheiro antes imobilizado em plantas e fábricas, agora está no caixa, disponível para ser utilizado.
Durante as vendas, a empresa pode sim ter tido lucro. Mas, grande parte do montante é desinvestimento puro. Este é um perfeito exemplo de um ponto que precisamos nos atentar:
- Acúmulo de caixa não necessariamente significa lucros!
Vamos nos atentar para a correta aferição de lucros, que vão além do caixa.
Se tenho lucros, posso investir?
A cooperativa C. Vale apresentou incremento de 23% em sua receita líquida, com incremento também na geração de lucros. Frente ao bom resultado, a companhia cooperativa paranaense anunciou alguns planos de investimentos.
Investirá R$300 milhões para ampliar os abates de suas produções de frango e tilápia, além de iniciar as operações em uma unidade de recebimento de grãos. O total faturado foi de R$ 8,5 bilhões. O anunciado em investimentos somam R$ 300 milhões.
Ou seja, cerca de 3,5%. Parece pouco, não é mesmo? Não se engane pelo valor “investido”.
Ampliar a quantidade de ativos imobilizados, vem acompanhado de necessidade de capital para “rodar” mais produção. De nada adianta comprar um novo fogão industrial com novas panelas, se não é possível pagar pelo gás e ingredientes adicionais.
Lembre-se de sempre contemplá-lo em suas avaliações de investimentos.
Se invisto e não uso, aumento custos
A usina San Martinho reportou lucro de R$ 65,9 milhões no 3º trimestre da safra 18/19. Apesar de positivo, representa redução, frente aos R$ 168 milhões do mesmo período de 2017.
Dentre os motivos, está a diminuição da quantidade moída que, segundo eles, diminui a quantidade de custos fixos a serem diluídos. Ou seja, custos relacionados à estrutura (fixos) passam a ser diluídos em menores quantidades de cana (produto).
E quando seus ativos – recursos – trabalham menos do que o esperado, aumenta-se o que chamamos de custo de capacidade. Um custo indireto que reflete a não utilização máxima da capacidade produtiva instalada.
Ainda, para entender mais sobre como obter e interpretar este indicador, não deixe de conferir um de nossos artigos sobre o tema. Para se ter ideia do impacto deste custo no seu negócio, apenas um dia de de inatividade de uma colhedora pode custar até 5 sacas de soja.
Fonte: Perfarm