Carta do Agro

Cristiano/Bartolomeu e demais companheiros do AGRO,

Considerando que nossa atividade é responsável por 25 por cento do PIB; 40 por cento dos empregos gerados no Brasil e promove a sustentabilidade econômica, social e desenvolvimento da maioria dos municípios; Que desde o plano real somos  a âncora verde, produzindo alimentos, fibras e energia; Que geramos o superávit  primário, propiciando equilíbrio  na balança de pagamentos; Que se não fosse o Agro o Brasil estaria numa situação desesperadora; Que de grande importador de alimentos na década de 60 e 70, somos os maiores produtores e exportadores de vários produtos primários; Que até 2030 o mundo espera do Brasil, o suprimento de grande parte dos alimentos dos mais de 9 bilhões de habitantes.

Encaminho a seguinte sugestão pra pensar no futuro do Brasil e do AGRO: Que a CNA, FAEG, APROSOJA, COOPERATIVAS, através de suas entidades máximas de representatividade, sejam as PROTAGONISTAS, na convocação dos demais setores que compõem o PIB nacional, ou seja, Indústria, Comércio e Serviços, para que se constitua  o quarto setor, setor que faz e produz, em contraponto ao Executivo, Legislativo e Judiciário,  elaborando um planejamento estratégico e pro-atividade imediata das seguintes ações:

Investimento em logística, na construção de estradas, portos, ferrovias, hidrovias, aeroportos e energia em abundância. Existe capital abundante ao redor do mundo, ávido por investir num País, que garantirá a segurança alimentar do mundo. Pra isso acontecer, precisamos de marco regulatórios e regras definidas; segurança jurídica; eliminação total de viés ideológico; destravamento e agilidade nas licenças ambientais; reforma tributária, reduzindo e simplificando o número absurdo de tributos e a burocracia;  reforma das relações entre Capital e Trabalho, absurda, onerosa, ultrapassada, que compromete a competividade, gerando mais custos e menos empregos; programas de treinamento intensivo da mão de obra, qualificando-a, pois nosso trabalhador produz quatro vezes menos que um americano; eliminação da ESTABILIDADE FUNCIONAL no serviço público, que gera baixíssima produtividade, alto custo, preguiça, leniência, e está levando a grande maioria dos jovens a querer ser funcionário público não importando o salário; reforma política, pois este sistema que está aí, é podre, corrupto, ineficiente, carcomido, predador, sanguessuga, um sistema oneroso que nenhum País desenvolvido possui. São premissas fundamentais. Mandato de cinco anos, sem reeleição pra Prefeito, Governador e Presidente da República; Sistema Unicameral, reduzindo pela metade os parlamentares (hoje 513 dep. Federais e 81 senadores), redução pela metade vereadores e dep. Estaduais, com direito a UMA reeleição; Sistema de voto distrital pra deputados estaduais e federais; Cláusula de barreira, pra eliminar esta montanha de partidos de aluguel que geram custos e maior corrupção; Fim das coligações, que geram só interesses, custos, conflitos e mais corrupção.

O atual sistema político não representa mais a sociedade, não existe mais ideologia, existem sim interesses para se locupletar no poder. E quem está pagando a conta? Quem produz. Está mais do que provado, que o sistema político vigente no Brasil, não tem, e não terá mais condições de resolver os problemas da sociedade. Ledo engano, se iludir que terão capacidade.

Não há mais tempo a perder. Se o Brasil crescer um por cento ao ano, a partir de 2017, levaremos DEZ ANOS, pra chegarmos novamente na situação de 2014. E as novas forças de trabalho que estão chegando ao mercado, após se formarem ou de qualificarem, caindo na realidade, onde construíram sonhos, de constituir família, adquirir bens de consumo necessários, vão se deparar com uma tremenda decepção: a falta de trabalho. A pessoa humana sem trabalho é escrava da dependência, não tem liberdade, é refém da depressão e baixa autoestima, não tem democracia, pois se sente impotente, infeliz.

APÓS ler todas as sugestões e opiniões dos colegas do AGRO, resolvi colocar estas palavras. Podem achar que sou sonhador, mas precisamos mudar o nosso Brasil. Temos responsabilidades. Temos que oportunizar oxigenação de ideias e pessoas, surgirão novas lideranças, e dar condições aos jovens que estão chegando para ocuparem seus espaços. Eles farão a diferença e serão gratos aos que antecederam.

A hora é agora. A hora é de quem produz. Chega de ser coadjuvantes. O setor produtivo tem que ser PROTAGONISTA. Senão as gerações futuras irão nos cobrar e serão escravas e reféns, do conflito, da tristeza, da pobreza, da falta saúde, educação, da segurança, da ideologia, da depressão. Lembrem-se de que é o campo, que movimenta as cidades. Somos geradores de paz. Abraço a todos.

Valdecir Sovernigo – natural de Panambi-RS, produtor rural e engenheiro agrônomo – residente em Jataí-GO