Cenário é de oportunidades para agronegócio, afirma Turra

O presidente-executivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, apresentou um cenário de novas oportunidades para o agronegócio brasileiro na reunião-almoço Tá na Mesa. O encontro foi realizado na Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul (Federasul) ), em Porto Alegre.

O ex-ministro da Agricultura fez um balanço das ações do setor em 2016, destacando as exportações de aves e suínos. “Foi um ano desafiador. Tivemos bons números em termos de produção e vendas, mas uma queda cambial de 3,6%”, afirmou. Segundo ele, o desaquecimento no consumo nacional exigiu da entidade um esforço maior para garantir a manutenção dos empregos e a busca por novos parceiros comerciais, como a Coreia do Sul – 3º maior consumidor de suínos no mundo.

Na palestra “Caminhos de valor para o agronegócio: os desafios em um novo momento econômico”, Turra apresentou um prognóstico que de agências internacionais — como o Rabobank — que aponta um crescimento de 1,4% ao ano na demanda global por carnes até 2025. Isso significa 45 milhões de toneladas. A possibilidade brasileira de conquistar mais espaço no comércio exterior é favorecida pela estagnação das produções da China, ameaçada por uma crise hídrica, e dos Estados Unidos.

O momento, segundo o Turra, é de recuperação da confiança no Brasil. “Nosso país é uma dádiva para o agronegócio mundial. E há muito tempo a solução da nossa economia vem do campo. Somos responsáveis por apenas 1,4% do comércio mundial e 6,9% do comércio agrícola mundial. É pouco perto do nosso potencial”, afirmou. Para conquistar mais espaço, o presidente da ABPA defendeu mudanças. “Precisamos tornar o país mais leve, menos travado. Não tenho dúvida que o agro vai continuar sendo a nossa principal bandeira neste novo momento de abertura”.

Mesmo com uma retração de 3,8% do PIB em 2015 — a maior queda nos últimos 25 anos — a agropecuária fechou o ano com alta de 1,8%. Francisco Turra destacou as vantagens do clima brasileiro, inovações tecnológicas e a necessidade de um controle nos preços de energia para garantir a competitividade da indústria. Aproveitou também para atacar alguns mitos que envolvem a produção agrícola no país. De acordo com levantamento do Ministério da Agricultura, o Brasil tem 61% de seu território preservado (517 milhões de hectares), contra 5,6% na Ásia e 0,3% na Europa.

Entre os principais desafios para o aumento da competitividade do Brasil no mercado mundial, Turra citou a regulação tributária, infraestrutura, legislação trabalhista, impostos e a burocracia governamental. “Apesar de todo este potencial, permanecemos isolados, com cinco parceiros comerciais, enquanto nações como o Chile tem 26”, comparou. Por outro lado, indicou avanços significativos no controle de qualidade e na produção de valor agregado, que aumenta o faturamento de empresas associadas à cadeia produtiva.

No final do evento, Francisco Turra recebeu uma distinção especial no Prêmio Vencedores do Agronegócio 2016, na categoria “Desenvolvimento do campo no RS e no país”, por seu histórico de contribuições.

Fonte: ABPA