Chuva ameniza efeitos da estiagem, mas não reverte perdas na agricultura

Estiagem e altas temperaturas causaram danos irreversíveis nas lavouras e desabastecimento em localidades do interior

Muito aguardada pelos produtores rurais, a chuva que caiu nos últimos dias amenizou parte dos efeitos da estiagem que assola setores da agricultura e da pecuária desde o início do verão. O volume de quarta-feira, 27, – 10,2 milímetros – e o acumulado do mês – 105,8 milímetros –, de acordo com dados da Estação Meteorológica da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), ainda que expressivos, são insuficientes para reverter as perdas em culturas como o milho e a soja, semeadas mais recentemente, e que encontram-se em fase de desenvolvimento vegetativo, como explicou o técnico agropecuário da Emater/RS -Ascar Vilson Piton em entrevista à Rádio Gazeta.

“O plantio de milho na reserva do tabaco está gravemente comprometido, pois grande parte dos produtores havia semeado os grãos em dezembro e janeiro, o que torna a recuperação mais difícil. Já em outras propriedades onde o tabaco foi colhido mais no tarde, verificamos que com o solo mais seco, os agricultores optaram por postergar o plantio até obter uma umidade adequada”, esclarece. As lavouras de milho semeadas em outubro, embora em menor área, assim como as de soja, também tiveram perdas irreparáveis. As pastagens, tanto as permanentes quanto as anuais, em especial o milheto, foram igualmente afetadas.

O técnico agropecuário comentou ainda que a estiagem e as altas temperaturas impactaram diretamente a produção de hortaliças, que chegaram a queimar nas lavouras e até em estufas, o que fez os produtores buscarem alternativas para driblar os efeitos da falta de chuva. “Alguns apostam no plantio escalonado, de acordo com a reserva de água existente em seus açudes, enquanto outros diminuíram um pouco mais a área plantada ou o espaçamento entre um plantio e outro. No entanto, todos, apesar das dificuldades e maior custo de produção, estão conseguindo atender à demanda dos supermercados locais e, em especial, das feiras rurais”, afirmou.

A carência hídrica também provocou desabastecimento em diversas localidades do interior. Para atender as famílias que residem em locais onde não há rede hídrica, ou em regiões em que a quantidade de água produzida é insuficiente, a Prefeitura de Santa Cruz do Sul está utilizando dois caminhões-pipa. A água é solicitada na Secretaria Municipal de Meio Ambiente e o atendimento é feito em um prazo de até 48 horas.O secretário de Meio Ambiente, Saneamento e Sustentabilidade, Jaques Eisenberger, ressaltou que a nova rede hídrica de Linha Andrade Neves está em fase final de testes e deverá ser inaugurada em até uma semana. Pelo menos 60 famílias da localidade serão beneficiadas. “Além dessa, pretendemos concluir ainda no primeiro semestre a obra da rede em Travessão Dona Josefa. Junto ao governo do Estado também estamos trabalhando para conseguir a perfuração de seis a sete novos poços e, assim, enfrentar a estiagem e o problema de falta de água em algumas localidades”, esclareceu.

Fonte: GAZETA DO SUL – SANTA CRUZ DO SUL