Cotações da soja ensaiaram novo movimento de alta

As cotações da soja ensaiaram novo movimento de alta, chegando a romper o teto dos US$ 10,00/bushel para o primeiro mês cotado no dia 05/12, quando o produto fechou em US$ 10,08. Esta cotação não era vista desde a terceira semana de julho passado. Todavia, na sequência o mercado cedeu e o fechamento desta quinta-feira (07) ficou em US$ 9,92/bushel, contra US$ 9,85 uma semana antes. A título de comparação, um ano atrás nesta mesma data o bushel de soja valia US$ 10,49. Por fim, a média de novembro/17 ficou em US$ 9,84, contra US$ 9,76/bushel em outubro.

Nota-se, portanto, uma clara pressão altista neste curto prazo em Chicago. A mesma vem sendo puxada pela especulação em torno de um clima seco na Argentina, principal exportador mundial de farelo de soja. A tal ponto que este subproduto, em Chicago, bateu em US$ 341,30/tonelada curta durante a semana, fato que não ocorria desde meados de fevereiro do corrente ano. Ajudou igualmente ao movimento altista a expectativa do mercado em relação a uma autorização para maior mistura de biodiesel nos combustíveis estadunidenses, fato que elevaria a demanda interna pelo óleo de soja. Porém, isso não se confirmou!

A questão do clima na América do Sul preocupa o mercado porque o regime de chuvas na Argentina tem sido reduzido, embora ainda aceitável para o plantio, fato que já começa a atingir o sul do Brasil. Neste sentido, o instituto de meteorologia da Austrália confirmou a incidência do fenômeno La Niña para estas regiões neste verão. Notícia que, se confirmada na prática, será péssima para os produtores argentinos e gaúchos de soja. Dito isso, ainda é cedo para se ter um quadro definitivo nas lavouras que estão sendo semeadas nestas regiões. Tanto é verdade que não há atraso no plantio da Argentina, com 48% plantada neste início de dezembro, contra 50% em igual momento do ano passado. E no Brasil, o plantio da oleaginosa atingiu a 91% da área em 1º de dezembro, contra 89% na média histórica, com o Rio Grande do Sul atingindo a 75% na atual safra, contra 73% na média para esta época do ano.

A tomada de consciência desta realidade levou o mercado a recuar no dia 07/12, além de naturais ajustes técnicos depois de um pequeno período de alta. Somou-se a isso a projeção de chuvas na Argentina para os dias 15 e 16/12, porém, sem continuidade para o restante de dezembro.

Vale ainda destacar que o mercado está se precavendo em relação ao último relatório de oferta e demanda do USDA, que será divulgado no próximo dia 12/12.

Pelo lado da demanda, nota-se que as margens de esmagamento da soja melhoraram nos últimos dias na China, reaquecendo o mercado consumidor de proteína animal, fato que ajuda a sustentar Chicago.

Na prática, o mercado do clima na América do Sul será o elemento central das variações de preços em Chicago nestas próximas semanas.

Afora isso, a semana assistiu ao anúncio de exportações líquidas de soja, por parte dos EUA, em um total de 942.900 toneladas na semana encerrada em 23/11. Este volume ficou dentro do esperado pelo mercado. Já as inspeções de exportação registraram um volume de 1,8 milhão de toneladas na semana encerrada em 30/11, acumulando no ano comercial 2017/18 um total de 22,8 milhões de toneladas, contra 26,1 milhões em igual momento do ano anterior.

No Brasil, graças a Chicago e a manutenção de um câmbio ao redor de R$ 3,23 por dólar, os preços internos subiram um pouco, com o balcão gaúcho fechando a semana na média de R$ 64,98/saco, abrindo uma nova e pequena janela favorável de comercialização, inclusive para vendas futuras. Os lotes estacionaram entre R$ 68,50 e R$ 69,00/saco. Nas demais praças nacionais os lotes oscilaram entre R$ 59,00/saco em Sorriso (MT) e R$ 71,50/saco em Campos Novos (SC) e Pato Branco (PR), passando por R$ 66,00 em Goiatuba (GO), R$ 62,50 em São Gabriel e Chapadão do Sul (MS), R$ 66,50 em Uruçuí (PI) e R$ 62,00/saco em Pedro Afonso (TO).

Em Chicago mantendo seu potencial de alta devido ao clima na América do Sul, e sem maiores oscilações baixistas do dólar, a soja brasileira poderá assistir, nas próximas semanas, preços ainda melhores. Todavia, isso está longe de ser uma garantia. Assim, 2017 está terminando com uma tendência de fortes oscilações nos preços devido a possível instabilidade cambial brasileira, em função das futuras eleições gerais, e agora soma-se a isso a preocupação climática em razão de uma possível seca moderada na região produtora do sul brasileiro e da Argentina. Muita atenção, portanto, a estes próximos dois meses em particular.

Fonte:  CEEMA / UNIJUI

Imagem créditos: Aprosoja