Cotações de soja com recuo

As inspeções de exportação estadunidenses de soja, na semana encerrada em 06/09

As cotações da soja em Chicago registraram leve recuo nesta semana, a partir do relatório do USDA, divulgado no dia 12/09, ter confirmado uma safra recorde em 2018/19 nos EUA, assim como um aumento nos estoques finais daquele país. O fechamento da quinta-feira (13/09), para o primeiro mês cotado, ficou em US$ 8,22/bushel, contra US$ 8,26 uma semana antes.

Na prática, o mercado já havia precificado a superssafra estadunidense. Além disso, o relatório oficial trouxe números um pouco menores do que o mercado vem indicando. De fato, o USDA apontou os seguintes números para a soja:

1)    A safra dos EUA está estimada, agora, 127,7 milhões de toneladas, e os estoques finais para 2018/19 em 23 milhões de toneladas, contra apenas 10,7 milhões no ano anterior;
2)    A produtividade média nos EUA foi elevada para 3.550 quilos/hectare;
3)    O patamar de preços médios aos produtores estadunidenses foi reduzido substancialmente, ficando entre US$ 7,35 e US$ 9,85/bushel para o ano 2018/19;
4)    A produção mundial está, agora, projetada em 369,3 milhões de toneladas, com estoques finais mundiais em 108,3 milhões, contra 94,7 milhões no ano anterior;
5)    A produção do Brasil e da Argentina, para a nova safra, está projetada em 120,5 milhões e 57 milhões de toneladas respectivamente;
6)    As importações de soja em grão, por parte da China, foram reduzidas em um milhão de toneladas, passando agora a uma projeção de 94 milhões de toneladas para este novo ano comercial.

Portanto, um relatório baixista, porém, já assimilado anteriormente pelo mercado, fato que impediu uma queda mais acentuada em Chicago.

Ao mesmo tempo, confirmando a tendência de safra recorde, a qual está com a colheita se iniciando, as condições das lavouras estadunidenses melhoraram. Até o dia 09/09 as mesmas se apresentavam com 68% entre boas a excelentes (66% na semana anterior); 22% regulares e 10% entre ruins a muito ruins.

Ao mesmo tempo, o conflito comercial entre EUA e China continua intenso, com as iniciativas para terminá-lo fracassando até o momento. Desta forma, a China confirmou que vai retaliar caso as novas tarifas estadunidenses sobre US$ 200 bilhões em bens chineses venham de fato a ser aplicadas.

Pelo lado do comércio, as inspeções de exportação estadunidenses de soja, na semana encerrada em 06/09, atingiram a 924.839 toneladas, no atual ano comercial 2018/19, iniciado em 1º de setembro.

Já no Brasil, o câmbio e os prêmios nos portos mantiveram os preços da soja em alta, diante da estabilidade em Chicago. O Real oscilou entre R$ 4,10 e R$ 4,20 por dólar durante a semana, enquanto os prêmios nos portos brasileiros melhoraram, diante do recrudescimento do conflito comercial entre EUA e China, ficando entre US$ 1,78 e US$ 2,27/bushel nesta semana.

Assim, o balcão gaúcho ultrapassou o teto dos R$ 80,00/saco, em valores nominais, ao fechar a semana na média de R$ 80,24. Tal valor não era visto desde a terceira semana de junho de 2016, quando a média bateu em R$ 83,78/saco. Por sua vez, no balcão gaúcho, o saco de soja fechou a semana girando entre R$ 87,50 e R$ 88,00. Nas demais praças nacionais, os lotes oscilaram entre R$ 73,00/saco em Sorriso (MT) e R$ 90,00/saco em Maringá e Londrina (PR), passando por R$ 81,00 em Chapadão do Sul (MS); R$ 82,00 em Goiatuba (GO); R$ 88,00 em Campos Novos (SC); R$ 74,50 em Pedro Afonso (TO); e R$ 77,00/saco em Uruçuí (PI).

Quanto a comercialização da última safra, até o dia 06/09, o volume negociado no Brasil chegava a 89% do total, contra 87% na média histórica. No Rio Grande do Sul, 85% havia sido negociado, contra 73% na média; no Paraná 88%, contra 82% na média; e no Mato Grosso 92% já havia sido vendido, contra 93% na média histórica. Por sua vez, quanto as vendas antecipadas relativas a futura safra de soja nacional, até o dia 06/09 o percentual nacional chegava a 23%, contra 26% na média histórica. (cf. Safras & Mercado) Chama atenção tais números, pois os produtores estão deixando de aproveitar os excelentes preços na expectativa de um aumento ainda mais substancial, o qual não parece ter muita razão de ocorrer, pois os principais elementos de alta (câmbio e prêmio nos portos) parecem estar no limite, enquanto Chicago bate nos seus mais baixos preços dos últimos 10 anos, sem perspectiva de melhoria no curto e médio prazo. Nos três principais estados produtores do Brasil, o quadro de vendas antecipadas, até o início de setembro, era o seguinte: Mato Grosso com 30%, contra 32% na média histórica; Paraná com 21%, contra 19% na média; e Rio Grande do Sul com 11%, contra 16% na média.

Fonte: CEEMA – Unijui