Custo de capacidade e seus impactos nos resultados

Com a crescente adoção de tecnologias no agronegócio brasileiro cresce o valor investido em máquinas, instalações e até rebanhos (ativos fixos) mais eficientes. Ativos eficientes tem benefícios com relação à utilização de insumos em geral, o que consequentemente diminui seus custos de capacidade, impactando positivamente os resultados financeiros obtidos.

O custo de produção do ativo

Com o aumento das exigências frente ao cenário que o agronegócio se encontra, a aquisição de ativos é uma consequência da profissionalização e crescimento do negócio. Ativos são bens que tem o potencial de gerar benefícios econômicos futuros ao seu negócio, como máquinas, rebanhos, equipamentos, instalações, insumos e a própria terra. Quando se adquire um destes bens, deve-se estimar, portanto, o benefício econômico futuro que cada um deles pode trazer. Seja em horas de trabalho, na produção de uma quantidade pré-determinada de produtos, ou na taxa de processamento por um período de tempo. Para que a aquisição deste bem mostre-se viável, os benefícios econômicos futuros devem ser maiores que o valor investido nele inicialmente. O custo de processamento, considerando o valor da máquina por exemplo, deve ser inferior à receita adicional adquirida pelo processamento do produto final.

O fato é que sempre que adquirimos um bem, esperamos por uma capacidade de processamento ou execução de alguma atividade ao longo da sua vida útil. E é justamente através dessa expectativa que conseguimos mensurar o custo da máquina, ou de outro bem, para a produção de determinadas mercadorias. O custo por saca de soja de uma colheitadeira, por exemplo, será o custo de aquisição dela junto a todas as manutenções e despesas a ela associadas, divido por todas as sacas de soja que a colheitadeira produziu na sua vida útil. Tal custo, portanto, é diretamente associado à capacidade de produção do bem ao longo da sua existência econômica.

O que é o custo de capacidade?

Combinando os valores despendidos para a posse da máquina (aquisição, manutenção, armazenamento, etc) à sua capacidade, conseguimos calcular o custo de utilização da máquina incorrido no custo de produção de alguma commodity.

Na realidade dos acontecimentos, todavia, um ativo como máquina, instalações, entre outros, nem sempre cumpre com o seu papel econômico em máxima capacidade. É comum uma máquina ficar parada em função de manutenções ou em função de uma demanda menor por parte da produção. O custo associado às horas que a máquina não está trabalhando – mas poderia em função da sua capacidade – é o que chamamos de custo de capacidade.

O custo da máquina originalmente alocado para a produção de uma ou outra commodity subirá em proporção igual à quantidade de horas que a máquina não trabalhou, o custo de capacidade.

 A importância do custo de capacidade

Tal custo é muito importante e pode passar desapercebido por gestores no campo. Uma vez que o desembolso financeiro referente à aquisição da máquina ocorre em momento próximo à compra, gestores dificilmente consideram o efeito que os custos de capacidade podem ter nos custos de produção no médio e longo prazo. Trata-se de uma despesa indireta que pode sim elevar os custos de produção até níveis que tornem a atividade agrícola e pecuária inviáveis do ponto de vista econômico e financeiro.

A análise de eficiência de uma máquina ou instalação torna-se muito mais precisa e relevante quando conseguimos apurar o custo do ativo com acurácia, e mensurar o valor que ele gera para o negócio em geral em função do valor adicionado ao produto (mensurado através de receita e lucro adicional).

Em adição ao exemplo da colheitadeira, vamos imaginar que um produtor de leite construiu uma sala de ordenha, uma instalação, que será utilizada por 70 vacas em lactação, diariamente durante o ano. Para a construção da sala de ordenha, o produtor fez as e o projeto mostrou-se viável. Em determinado ano, no entanto, o produtor diminuiu o rebanho para 40 vacas em lactação, o que reduziu também sua produção de leite em proporção igual. Neste momento, o custo de capacidade referente à diminuição de 30 vacas fez com o que o custo de utilização nos dias aumentasse, elevando os custos de produção por litro de leite produzido. O mesmo aconteceria caso o produtor aumentasse seu rebanho em lactação, assim como sua produção de leite e a utilização da sala de ordenha. Porém, o efeito seria inverso, o custo de capacidade se tornaria negativo, representando um ganho econômico em função da capacidade prevista inicialmente no planejamento. O custo direto por hora seria reduzido em função do custo indireto negativo de capacidade.

Este também é o caso de se comparar rebanhos de matrizes que estão prenhes com rebanhos que possuem menores taxas de prenhez. O custo de capacidade desses últimos será maior do que nos que apresentam melhores taxas de prenhez, fato que se justifica pela geração de mais bezerros, leitões, cabritos etc.

Entender e estruturar os componentes diretos e indiretos, como custo de capacidade, do custo de máquinas e outros ativos fixos é extremamente importante para a sustentabilidade econômica no agronegócio.

Fonte: Perfarm