Depois das surpresas de agosto, soja e milho podem vir com números menores

Os números do último relatório mensal de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), trazidos em 10 de agosto, surpreenderam o mercado internacional de grãos e promoveram um rebuliço nos preços naquele pregão. Os números pegaram os traders no “contrapé”, ficaram bem acima de todas as expectativas e as cotações despencaram na Bolsa de Chicago nas tabelas de milho, soja e trigo.

Assim, para o reporte que o departamento traz nesta terça-feira, 12 de setembro, o mercado parece estar mais “intimidado” a trazer suas projeções. “Está todo mundo com o pé atrás, pode ser uma nova caixinha de surpresas”, diz o analista de mercado e economista Camilo Motter, da Granoeste Corretora de Cereais.

Tanto para ele, quanto para Ênio Fernandes, consultor em agronegócio da Terra Agronegócios, este boletim de setembro tem impacto limitado, já que o mercado está bem posicionado diante dos atuais números e de uma grande safra que deverá vir dos Estados Unidos, apesar das adversidades climáticas sentidas durante esta temporada. Ambos também acreditam que os números de outubro, por outro lado, possam ter uma resultado mais intenso no andamento das cotações, uma vez que colheita já estará mais adiantada nos EUA e, portanto, o real tamanho da safra 2017/18, mais próximo.

Os dois especialistas acreditam em um ajuste para baixo podendo ser observado nos números de produtividade tanto da soja, quanto do milho no reporte desta terça. E para Fernandes, confirmada essa redução, as cotações da soja podem trazer algumas ligeiras altas na CBOT.

“O USDA trouxe 49,4 (56,02 sacas por hectare) bushels por acre em agosto, com pesquisas por telefone todos se surpreenderam. Na sequência, vieram inúmeros crop tours mostrando números entre 48,5 (55 scs/ha) e 49 bushels por acre (55,57), incluindo o Crop Tour Pro Farmer, que é um dos mais tradicionais e confiáveis dos EUA. Isso só mostra o quanto o trabalho do USDA é sério e o quanto são criteriosos em sua pesquisas. E esses números de setembro são os primeiros como o USDA em campo”, explica o consultor da Terra.

EUA – Safra 2017/18

Para a produção americana de milho, as expectativas do mercado variam de 351,07 e 360,57 milhões de toneladas, com méiddia de 355,62 milhões. Em agosto, a safra foi estimada em 359,51 milhões.

Já no caso da soja, esses números variam de 113,73 e 120,21 milhões de toneladas. A média esperada de 117,6 milhões é menor do que o total projetado no mês passado, de 119,23 milhões.

Dessa forma, se espera uma produtividade menor em ambas as culturas. No caso do cereal, com média de 177,6 sacas por hectare – cintra 179,4 de agosto – as expectativas variam de 175,17 a 179,92 sacas por hectare. Sobre a soja, os traders esperam algo entre 53,4 e 56,47 sacas por hectare, com média de 55,22 e frente as 56,02 sacas do boletim anterior.

Assim, os estoques finais de milho 2017/18 dos EUA estão sendo esperados entre 48,21 e 59,01 milhões de toneladas. A média é de 54,18 e, em agosto, a projeção foi de 57,74 milhões de toneladas.

Sobre a soja, os estoques poderiam ficar, de acordo com as expectativas do mercado, entre 8,85 e 14,7 milhões de toneladas. Assim, se espera uma média de 11,89 milhões de toneladas e o número do mês passado é de 12,93 milhões de toneladas.

EUA – Estoques Finais 2016/17

Sobre os estoques finais 2016/17 norte-americanos, também se espera uma redução em relação ao mês anterior.

No caso do milho, a média esperada é de 59,72 milhões de toneladas, contra 60,2 milhões do relatório do mês passado. As expectativas variam de 58,42 a 60,3 milhões.

Para a soja, o intervalo esperado é de 9,01 a 10,61 milhões de toneladas, com média de 9,91 milhões. Confirmada, essa média seria menor do que as 10,07 milhões de toneladas de agosto.

Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas