Dólar segue exterior e fecha em alta sobre o real; na semana, perde 0,64%

O dólar fechou em alta ante o real pelo segundo pregão consecutivo ontem sexta-feira (23), acompanhando a piora no cenário externo puxada sobretudo pela queda nos preços do petróleo, que afetaram apetite por risco.

O dólar avançou 0,66 por cento, a 3,2472 reais na venda, após bater 3,2025 reais na mínima do dia. Na semana, no entanto, a moeda norte-americana acumulou perda de 0,64 por cento, influenciada pela expectativa de que o Federal Reserve, banco central norte-americano, não elevará sua taxa de juros tão cedo.

O dólar futuro subia cerca de 0,75 por cento no final desta tarde.

“No exterior, o mercado ficou meio azedo depois de uma semana bem otimista. Teve uma realização (de lucro) em tudo”, comentou o economista da corretora Nova Futura, Pedro Paulo Silveira.

O recuo forte do preço do petróleo influenciou no comportamento da moeda norte-americana, com a notícia de que a Arábia Saudita não espera decisão sobre o mercado de petróleo em encontro na Argélia.

No começo da sessão, o dólar operou em queda, nas as baixas cotações atraíram compras de investidores e também gerou pressão de alta. “Houve uma compra mais pesada e isso fez com que a moeda (norte-americana) passasse a subir”, comentou o diretor da assessoria de câmbio FB Capital, Fernando Bergallo, sobre um movimento que também ocorreu no pregão passado.

No exterior, o dólar também subia frente a outras moedas de países emergentes, como os pesos chileno e mexicano.

Apesar da valorização nesta sessão, a trajetória do dólar ainda continuava de queda, segundo operadores, diante da perspectiva sobre a política monetária norte-americana, de altas graduais nos juros dos Estados Unidos.

“O fundamento do dólar é para baixo. O Fed tirou pressão do câmbio. Se resolvermos questão política, aprovação de medidas (fiscais no Brasil), acredito em forte fluxo de entrada de estrangeiros”, comentou um operador de um banco nacional. “A alta (do dólar) é pontual”, destacou.

Um aumento de juros mais tarde nos Estados Unidos tem potencial para criar uma janela de oportunidade aos países emergentes, como o Brasil, que pagam rendimentos maiores para atrair investidores.

A queda do dólar frente ao real mais cedo também veio após o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, reforçar a mensagem de que diminuiu o espaço para atuação cambial por meio de swaps.

“Foi positiva a fala do Ilan, sinalizou que o BC não vai agir tão forte no câmbio, o que tira pressão altista sobre a moeda (norte-americana)”, disse mais cedo o analista de câmbio da Gradual Investimentos, Marcos Jamelli.

Na noite passada, Ilan reiterou que o espaço para reduzir o estoque de swaps cambiais tem diminuído com a proximidade da normalização das condições monetárias dos Estados Unidos. Em entrevista à Reuters na semana passada, ele já havia dito que o BC enxergava menor espaço para redução do estoque de swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares.

O BC vendeu nesta manhã toda a oferta diária de até 5 mil contratos de swap cambial reverso, equivalentes à compra de dólares no futuro.

Fonte: Reuters