Estudantes são premiados por trabalhos com a biodiversidade da Caatinga

Durante o encerramento do II Simpósio do Bioma Caatinga (Sibic), que ocorreu de 30 de julho a 3 de agosto em Juazeiro-BA, estudantes de graduação e pós-graduação foram premiados pela apresentação das pesquisas que realizam envolvendo a biodiversidade nativa. A submissão de trabalhos foi uma novidade deste ano e surgiu como sugestão dos participantes da primeira edição do evento.

Todas as apresentações foram avaliadas pela comissão científica do Sibic, formada por professores e pesquisadores de diferentes instituições. Para cada uma delas, foram atribuídas pontuações quanto a critérios como domínio do tema, clareza e mérito técnico. Os trabalhos melhor avaliados receberam os prêmios de primeiro e segundo lugar em suas respectivas modalidades.

“Essa iniciativa procura reconhecer trabalhos que se destacam do ponto de vista técnico e incentivar o empenho dos autores para as próximas submissões”, ressalta o pesquisador Diogo Denardi, um dos organizadores do Simpósio.

Na categoria relato oral, a estudante Jéssica Alves de Gois foi classificada em 1º lugar, com o trabalho “Isolamento de leveduras de importância industrial a partir de frutos de umbu”. Em 2º lugar ficou Évio Alves Galindo, com o trabalho “Relato de experiência: viveiro florestal do IF Sertão, Ouricuri-PE”.

Já no resumo técnico oral, a 1ª colocação ficou com Ana Karine Martins Gobira, pelo trabalho “Análise da acurácia do método chuva-deflúvio (scs-cn) para a bacia do açude Edson Queiroz, Santa Quitéria, Ceará”. O 2º lugar foi para Herbeson Ovidio de Jesus Martins, com o trabalho “Patrulhamento de machos de centris (paracentris) xanthomelaena Moure & Castro, 2001 em área de Caatinga”.

Entre as apresentações em formato de pôsteres, dois trabalhos ficaram empatados em primeiro lugar. Com o título “Avifauna associada ao cultivo irrigado de aceroleira no Vale do São Francisco”, Thiago Carneiro Neto, estudante de Engenharia Agronômica na Universidade do Estado da Bahia (Uneb), dividiu a colocação com o estudante de pós-graduação em Estudos Genéticos de Vegetais da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Bruno Djavan Ramos Barbosa, co-autor do trabalho “Determinação da velocidade de germinação e tempo médio de germinação de umburana em soluções pré-germinativas”. O 2º lugar ficou com o trabalho “Morfometria de machos de eulaema nigrita Lepeletier, 1841, de duas fitofisionomias em Pernambuco e Rio Grande de Norte”, do estudante José Augusto dos Santos Silva.

No nono semestre da graduação, o estudante Thiago Carneiro Neto analisou em seu trabalho abelhas que fazem a polinização em acerolas no Vale do São Francisco. Segundo o estudante, mesmo essa não sendo a principal cultura cultivada na região, ela tem uma grande importância para os pequenos produtores. “São abelhas solitárias, então não formam colônias como a maioria das abelhas conhecidas. Por isso elas são negligenciadas e ninguém dá tanta importância, mas elas são necessárias para que ocorra a polinização e a formação de frutos de acerola”, explica.

Para o estudante, a premiação durante o evento “é um reconhecimento do trabalho, principalmente desses insetos que quase ninguém conhece, mas que estão presentes e contribuem muito com os alimentos que a gente consome”, conta. O experimento é uma parceria entre Uneb e Embrapa Semiárido e vem sendo desenvolvido há quase dois anos.

Já o estudante Bruno Barbosa trouxe para o simpósio os resultados da sua pesquisa com a germinação de umburana. Ele revelou que a motivação principal do estudo é a extinção de algumas espécies nativas. “Por isso é preciso um teste germinativo, alguma coisa que venha propagar essa espécie, e o meio mais viável é a propagação vegetativa e germinação por semente”, explica.

Segundo o pesquisador Diogo Denardi, para que o simpósio não adquirisse um caráter estritamente técnico, além da submissão de resumos técnicos, também foi incluída a possibilidade de apresentação de relatos de experiências. Ele destaca que o número relatos recebidos pelo evento superou as expectativas da comissão organizadora, e mostra que existem inovações importantes sobre o tema em andamento, desenvolvidas a partir da iniciativa da sociedade civil.

 “Nessa modalidade, procuramos atrair trabalhos que não necessariamente seguissem o método científico ou fossem provenientes de uma instituição de pesquisa, mas que descrevessem formas de conservação e uso dos recursos naturais da Caatinga de acordo com o paradigma da sustentabilidade e que, portanto, mereciam espaço no evento”, revela.

Ao todo, o Simpósio recebeu mais de 300 trabalhos, divididos entre as temáticas: Conservação e uso da Caatinga (162), Biodiversidade (97), Recursos naturais: solo, água e clima (37) e Socioeconomia (29). Destes, 271 foram apresentados na forma de pôster e 71 orais.

O II Simpósio do Bioma Caatinga foi realizado pela Embrapa Semiárido em parceria com a Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) e Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e contou com o patrocínio do Ministério do Meio Ambiente, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano (IF Sertão-PE), Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco (Facepe), Universidade de Pernambuco (UPE), Prefeitura Municipal de Petrolina, Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Monsanto, Mineração Caraíba S/A, Plante Bem, Agropodas, Brotar, Rede de Sementes da Caatinga, Isla Sementes e Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Petrolina (STTR).

Fonte: Embrapa por Fernanda Birolo