Expectativa de melhora na demanda impulsiona cotações da arroba; Suíno vivo fecha em queda

O mercado do boi gordo iniciou a segunda-feira movimentado, o que não é comum de acontecer.

As recentes melhoras das margens de comercialização, em função das altas para a carne bovina no mercado atacadista, deram certo fôlego para que os frigoríficos paguem mais pela arroba do animal terminado.

Além disso, os estoques diminuíram e isso resultou em maior corrida pela matéria-prima.

Com isso, houve reajustes positivos para o boi gordo em seis das trinta e uma praças pesquisadas.

A disponibilidade de animais terminados é limitada, devido à entressafra. As programações de abate das indústrias continuam curtas, com exceção daquelas que possuem boiadas próprias, termo ou parcerias. De maneira geral, grande parte das indústrias ainda trabalha com ociosidade elevada.

Apesar do escoamento da produção ainda estar lento, a redução dos abates fizeram com que os estoques estejam enxutos.

Para os próximos dias, fica a expectativa quanto à demanda dos varejistas por carne bovina, devido ao período do início de mês. As margens em recuperação podem possibilitar pagamentos maiores pela arroba.

O mercado de frango vivo inicia a semana com cotações estáveis nas principais praças de comercialização. Com isso, nesta segunda-feira (05), a referência em Minas Gerais segue em R$ 3,30/kg e em São Paulo a R$ 3,10/kg. Na semana anterior, grande parte das principais regiões registrou recuo de preços, devido ao período de demanda enfraquecida no mercado.

Porém, analistas esperam que as cotações possam retomar fôlego nesta primeira quinzena do mês, por ser o período em que a demanda é mais aquecida. Segundo o analista da Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias, mesmo com as últimas baixas da última semana, o cenário ainda é otimista ao mercado.

“A perspectiva é de retomada do movimento de alta durante a primeira metade de setembro”, projeta.

Por outro lado, os custos de produção seguem como principal fator de preocupação ao setor, mesmo com os recuos nos preços do milho nas últimas semanas. Iglesias explica que os atuais patamares estão muito acima aos de 2015, após o período de escassez do cereal. “O milho pode ser apontado como grande vilão no decorrer de 2016, dificultando uma recuperação da rentabilidade do setor avícola”, analisa.

Além disto, a valorização de preços do início de agosto nas granjas reduziu a competitividade da carne de frango frente a bovina, segundo explica a pesquisadora do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), Camila Ortelan, ao Notícias Agrícolas. “A diferença entre a carne bovina e a de frango é uma das menores desde outubro de 2004”, acrescenta.

Mesmo com essa diferença, Ortelan acredita que o mercado não deve ter consequências negativas, visto que demanda pela proteína de frango é firme e segue como a opção mais barata à população.

Exportações

Para os embarques, setembro começou com números otimistas, após registrar números abaixo ao esperado pelo mercado em agosto. Segundo dados divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) nesta segunda-feira, em 2 dias úteis foram exportados 35,0, com média diária de 17,5 mil toneladas.

No mês anterior foram embarcados, foram exportados 328,9 mil toneladas, com média diária de 14,3 mil toneladas, em 23 dias úteis. Os resultados voltaram a ficar abaixo do esperado para o período. Em relação aos embarques de julho houve um recuo de 6,6%, enquanto que em comparação ao ano passado, a queda foi de 12,9%. Em receita, as exportações somam US$ 532,4 milhões, com valor por tonelada em US$ 1.618,7.

Nesta segunda-feira (05), as cotações para o suíno vivo voltaram a registrar recuo. No Rio Grande do Sul, novamente a referência de negócios teve baixa, pela terceira semana consecutiva. Nas demais regiões, os preços para os próximos dias ainda não foram definidos pelas bolsas de suínos.

A pesquisa semanal realizada pela ACSURS (Associação dos Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul) aponta que nesta semana o preço médio pago aos produtores independentes passa de R$ 3,90/kg para R$ 3,87/kg. Aos integrados, a cotação segue na média de R$ 2,98/kg.

Para os insumos, houve ligeiro recuo para o preço do milho e farelo de soja na média estadual. Com isso, a pesquisa desta semana aponta que a saca do cereal passa a ser cotada a R$ 45,00, enquanto que a tonelada do farelo está sendo negociada a R$ 1.210,00.

Na última semana, o presidente da ACSURS, Valdecir Folador, explicou ao Notícias Agrícolas que a demanda foi o principal fator de pressão ao mercado nas semanas finais de agosto. Apesar disto, ele aponta que a baixa deve ser pontual, em função do período do mês.

Para o analista da Safras & Mercado, Allan Maia, as últimas baixas estão atreladas ao baixo consumo no final do mês, com frigoríficos alegando dificuldades nas vendas no atacado. Além disto, os custos de produção seguem como preocupação ao setor, mesmo com o recuo de preços nas últimas semanas para os insumos.

 “O maior problema segue sendo o milho. Mesmo que o cereal tenha recuado ao longo do mês, ele continua em patamares de valores bem acima dos praticados no mesmo período do ano passado”, avalia.

Exportações

Após registrar dados positivos em agosto, os embarques seguem com bom ritmo nos primeiros dias de setembro, segundo informações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Em dois dias úteis, foram exportados 11,0 mil toneladas, com média diária de 5,5 mil toneladas.

Em agosto, os embarques chegaram a 57,5 mil toneladas em 23 dias úteis. A média diária ficou em 2,5 mil toneladas, o que representa um acréscimo de 24,7% em relação ao mesmo período do ano passado e 0,4% em comparação com julho. Já em receita, os dados apontam para US$ 127,0 milhões, com o valor por tonelada em US$ 2.206,9.

Fonte: Notícias Agrícolas + Scot