Fertilizantes: Conheça um pouco da sua história

O crescimento da produção agrícola sempre representou um dos principais desafios da humanidade moderna, principalmente em virtude do constante crescimento populacional ao longo dos séculos. Neste contexto, os fertilizantes tiveram papel fundamental.

Ao longo dos anos, juntamente com a descoberta de manejos diferenciados, os fertilizantes foram os principais responsáveis pelo aumento da produção agrícola, tanto que hoje respondem por 50% da produção de alimentos em todo o mundo. E as perspectivas é que continuem contribuindo com o incremento da produtividade.

Todos nós já sabemos o quão importante é o uso racional de fertilizantes na agricultura. Mas poucas são as pessoas que, de fato, sabem como os fertilizantes surgiram? Você sabe?

Veja neste artigo como surgiram os fertilizantes, principais responsáveis pelo aumento da produção de alimentos em todo o mundo.

História: O homem antigo já utilizava “fertilizantes”

Apesar de serem amplamente utilizados na agricultura atual, os fertilizantes têm uma história muito mais longa do que imaginamos.

Isso porque o uso de fertilizantes na agricultura teve seu início provavelmente pela descoberta da agricultura do homem neolítico. Nesse período, cinzas e estercos de animais eram utilizadas pelo homem como fontes de nutrientes para a produção das plantas.

Neste período, a região da China também teve participação na descoberta dos fertilizantes e adubos. Por volta de 8 mil A.C, na região do Rio Amarelo, os chineses fabricavam adubos com resíduo vegetal ou animal, húmus dos rios e esterco humano.

Já na Civilização Romana, há diversos relatos que indicam a existência de avaliação comparativa de formas de fertilizantes, especialmente orgânicos, que objetivavam a melhora da produção das plantas.

Mas foi na idade média que a adubação começou a ser tratada como como um negócio. Isso ocorreu inicialmente na região dos Flandres, que hoje compreende a França, Bélgica e Holanda.

Na época, os agricultores adubavam as lavouras com esterco animal, lixo humano e lodo de esgoto. Esse consumo foi tão importante que as cidades da região foram consideradas as mais limpas da Europa.

1842: Surgimento do NPK

A prática do uso da adubação com esterco animal espalhou-se rapidamente pelo continente europeu, contribuindo com a elevação da produtividade na região, porém, o uso foi tão elevado que o material se tornou escasso na região.

Assim, em 1842, Justus von Liebig, o pai da agricultura moderna, relata, por meio de diversos estudos por ele desenvolvidos, que a nutrição vegetal é realizada por meio dos elementos minerais do solo.

Nos estudos, ele explicou que as plantas crescem de acordo com os elementos encontrados no solo. A partir disso concluiu-se que era só adicionar os nutrientes mais importantes que as plantas cresceriam mais. Assim, o esterco foi sendo substituído por compostos químicos.

Esse foi o início da era dos fertilizantes químicos, ou seja, da fórmula mundialmente conhecida como NPK, que trouxeram diversas vantagens à agricultura e à forma de produzir alimentos em larga escala.

Assim, em 1843 surgiu na Inglaterra, a primeira fábrica de fertilizantes que se tem notícias. Essa fábrica realizava a fabricação de superfosfato simples. Entretanto, o grande avanço no mundo dos fertilizantes ocorreu com a síntese da amônia, possibilitando o surgimento dos adubos nitrogenados.

Os adubos nitrogenados foram os grandes responsáveis por preservar milhões de hectares de florestas nativas, que foram poupados da invasão agrícola.

Assim, com o passar dos anos, o mercado de fertilizantes foi se desenvolvendo, novos compostos foram sendo desenvolvidos e o mercado foi se consolidando, tanto que hoje o setor destinado à produção de fertilizantes é um dos setores de maior crescimento a nível mundial.

E os fertilizantes no Brasil? Quando surgiram?

O Brasil é hoje um dos maiores consumidores de fertilizantes – que não são a mesma coisa que agrotóxicos – em todo o mundo. Estamos entre os líderes no consumo de nitrogênio, fósforo e principalmente potássio, visto que nossas terras são deficientes neste elemento.

Mas, para chegar ao ponto em que estão hoje, os adubos venceram muitas barreiras em terras nacionais. Tanto que diversas pessoas acreditam que sua vinda ao País ocorreu na hora errada.

Os fertilizantes chegaram ao país por volta de 1895, na região de Campinas, grande produtora de café da época. Porém, estas eram terras de alta fertilidade e, portanto, com grandes safras. Convencê-los a usar e pagar por um produto que aparentemente não precisavam foi um grande desafio.

Esse desafio foi minimizado de forma muito lenta nas décadas subsequentes, tanto que na década de 1960, a situação mostrou mínimos progressos, já que apenas 30% das áreas cultivadas usavam adubação. A média não passava de 18 quilos por hectare.

Foi então que 14 empresas se juntaram para criar e sustentar financeiramente a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), fundada em 13 de abril de 1967, que tinha a função de convencer os agricultores do custo-benefício do uso do fertilizante.

Esse convencimento ocorreu por meio de dias de campo e reuniões técnicas, onde os produtores conheciam todas as vantagens do uso dos fertilizantes, além de fazer todos os cálculos do custo-benefício da adubação.

Aqui, vale citar uma curiosidade histórica: de cada 1 cruzeiro gasto em adubação, o produtor da época teria um lucro de 2 cruzeiros.

Com essas ações da Anda os fertilizantes já se faziam presentes a praticamente todo o país nos anos subsequentes. Nos dias atuais, o Brasil é um dos maiores consumidores deste produto em todo o mundo.

Hoje em dia, sabemos que o país apresenta um importante potencial de crescimento da sua agricultura, e o fertilizante pode contribuir com isso. Tal fato, inclusive, auxiliou na consolidação da indústria brasileira de fertilizantes, que vem aumentando sua participação ano após ano.

Fonte: Multitecnica