Goiânia sedia debate nacional sobre crise do setor de leite na próxima 2ª-feira

Goiânia vai se transformar, na próxima segunda-feira (22), na capital brasileira do movimento independente da base produtora da cadeia leiteira. Produtores do interior do estado, de Minas Gerais, da Região Sul e de outras partes do país prometem lotar o auditório da Faeg (Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás), a partir das 14h, para debater a crise nacional vivida pelo setor de leite há pelo menos cinco anos. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, já confirmou presença no encontro.

A reunião está sendo articulada pelos grupos Movimento Construindo Leite Brasil e Inconfidência Leiteira, que reúnem milhares de produtores de todo país via redes sociais e WhatsApp. Eles defendem a elaboração de uma política nacional para a cadeia leiteira e querem o apoio dos governos federal, estaduais e municipais para superar as adversidades, especialmente neste momento, quando o preço do litro do produto caiu entre R$ 0,15 e R$ 0,30, reduzindo ainda mais a sua renda,

Um dos objetivos do movimento dos produtores é conseguir uma audiência com o presidente Bolsonaro, a quem apoiaram majoritariamente na eleição de 2018, para expor a situação do setor de leite. Nesta semana, o deputado estadual goiano Amauri Ribeiro disse que está tentando agendar encontro com Bolsonaro através da assessoria de ministra Tereza Cristina (Agricultura, Pecuária e Abastecimento).

O movimento busca também interlocução com governadores e prefeitos para falar sobre a crise, que já levou pelo menos 200 mil pecuaristas – principalmente de pequeno e médio porte – a abandonar a atividade nos últimos cinco anos. Na avaliação deles, estados e municípios podem adotar ações que ajudem a atenuar as dificuldades da cadeia produtiva.

Rentabilidade, sustentabilidade e competitividade

Os produtores querem ser protagonistas das mudanças que venham a fortalecer o setor, garantindo rentabilidade, sustentabilidade e maior competitividade frente à concorrência internacional, especialmente depois da assinatura do Acordo Mercosul-União Europeia, que deve aumentar a disputa pelo mercado brasileiro.

Os coordenadores do movimento entendem que o fim da crise passa não só por políticas públicas, mas também pela autorregulação do setor. Isso, assinalam, envolve as indústrias de lácteos e os supermercados, a fim de solucionar os desequilíbrios internos da cadeia produtiva.

A crise no setor – formado por cerca de 1,2 milhão de pecuaristas de leite – é resultado dos altos custos de produção, causados pela pesada carga tributária e pelos preços elevados dos insumos, segundo os coordenadores do movimento.

Eles enfatizam ainda que a falta de previsibilidade no pagamento do produto vendido aos laticínios – recebem entre 30 até 50 dias após a entrega –, o fim das tarifas antidumping para importação de leite e as assimetrias do Mercosul, que favorecem a Argentina e o Uruguai na disputa pelo mercado brasileiro, também são fatores determinantes da crise.

Para ter uma expressiva participação na reunião em Goiânia, o movimento de base do setor está fazendo “vaquinhas” para arrumar dinheiro para pagar o transporte de produtores que estão sem condições de custear a viagem.

Um dos coordenadores do movimento revelou que há uma certa contrariedade de outros elos da cadeia em relação à realização do encontro dos produtores em Goiânia. Algumas entidades de representação do setor também não estariam vendo com bons olhas a reunião.

Os produtores consideram isso falta de conhecimento do movimento. “Na verdade, nós queremos dialogar com as entidades e empoderar a ministra da Agricultura para que possamos, juntos, levar nossas reivindicações ao presidente Bolsonaro”, pontua um dos coordenadores dos grupos Construindo Leite Brasil e Inconfidência Leiteira.

Fonte: AgroemDia

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