Mercado do milho está “derretendo”

Aumento nos estoques pela retenção dos vendedores e exportação retraída sem competitividade

“Aumento nos estoques pela retenção dos vendedores, exportação retraída pela falta de competitividade do milho brasileiro, compradores com estoques para 30/60 dias e compromissos financeiros dos agricultores chegando, tudo isto está fazendo o mercado de milho ceder a cada dia”. Essa é a visão da T&F Consultoria Agroeconômica.

“Confirmando as nossas previsões, recebemos, de um experimentado corretor de SC, que negocia basicamente com milho, o seguinte comentário: ‘Mercado de milho derretendo, bastante oferta, preços quase rompendo a barreira dos 40,00 CIF SC mais ICMS; a exportação era a esperança dos grandes players, mas, como não estão acontecendo, os vendedores se voltaram para o mercado interno. E o tempo está passando; surge a necessidade de limpar armazéns para a próxima safra. Outro detalhe: os compradores estão mais alongados nas compras, de 30 a 60 dias, o que os possibilita a não serem tão agressivos nas suas demandas’”.

De acordo com o analista da T&F Luiz Fernando Pacheco, Santa Catarina é um estado-chave na compra de milho do país porque tem um déficit anual ao redor de 2,5 milhões de toneladas: “Pode-se imaginar como estão outros estados, principalmente aqueles que em mais oferta que demanda, como são os do Centro-Oeste do Brasil”.

Esta opinião é compartilhada pelos analistas da XP Agro: “Em Campinas (SP), pressão nas referências do milho. Como vem sendo reportado, boa parte das cooperativas paulistas e paranaenses registraram bons níveis de fixação nos últimos dias e o fato, ao menos no curto prazo, incentivou a redução das indicações de compra. De acordo com informantes, produtores estão mais suscetíveis em vender seus estoques por conta da necessidade de fazer caixa visando a continuidade do plantio de verão”.

De maneira geral, o afrouxamento recente do dólar, somado as quedas em Chicago, reforça a pressão baixista nos portos, visto que as tradings não estão subindo os prêmios. Em Santos (SP) e Paranaguá (PR), as indicações para Set/18 e Nov/18 recuaram R$ 0,50/sc, para R$ 40,00/sc e R$ 41,00, respectivamente. É a terceira baixa diária consecutiva nas referências de porto. A média captada pela XP Investimentos está em R$ 40,04/sc, queda de R$ 0,72 no dia. No MT, um estado que precisa vender, porque tem muito volume (sozinho produz mais que RS, SC e PR somados) e que normalmente negocia bons volumes diários, os negócios, tanto no mercado spot, quanto no mercado futuro estão totalmente travados, nesta semana.

Fonte: Agrolink Por Leonardo Gottems