Milho tem semana de ligeira valorização em Chicago, mas avanço da colheita americana ainda limita alta

Ao longo dessa semana, as principais posições do milho negociadas na Bolsa de Chicago (CBOT) acumularam ligeiras valorizações entre 0,83% e 0,92%, segundo levantamento realizado pelo economista do Notícias Agrícolas, André Lopes. Ontem sexta-feira (7), as principais posições da commodity encerraram o pregão com leves perdas entre 0,75 e 1,25 pontos. O dezembro/16 era cotado a US$ 3,39 por bushel, enquanto o março/16 era negociado a US$ 3,49 por bushel. O maio/17 finalizou o dia a US$ 3,56 por bushel.

No início da semana, as cotações foram sustentadas pelas informações vindas do lado demanda. O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) tem reportado bons números de embarques e venda do cereal americano. Ainda essa semana, o órgão reportou a venda de 100 mil toneladas do grão para destinos desconhecidos.

Apesar dessa sustentação, o andamento da colheita no Meio-Oeste dos EUA tem sido uma variável negativa aos preços nos últimos dois dias. “As cotações do milho foram um pouco mais baixos nesta sexta-feira com os investidores olhando mais adiante e quase uma semana de tempo favorável a colheita e se preparando para o boletim de oferta e demanda do USDA, que será divulgado na próxima semana, na quarta-feira (12)”, diz Bob Burgdorfer, editor e analista do portal Farm Futures.

Até o começo dessa semana, o USDA apontou a área colhida no país em 24%. Os números serão atualizados na próxima segunda-feira (10). Segundo o NOAA – Serviço Oficial de Meteorologia do país – no período de 13 a 17 de outubro, o clima deverá permanecer seco em grande parte do Meio-Oeste. Já as temperaturas deverão ficar bem acima da normalidade, no mesmo intervalo.

Paralelamente, a oferta global de milho também tem sido observada. Essa semana, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) indicou a safra brasileira entre 82 milhões a 83 milhões de toneladas na safra 2016/17, o que também ajudou a pesar na oferta global e, consequentemente, nas cotações.

Igualmente, a situação da Argentina também está sendo acompanhada de perto pelos investidores. Isso porque, depois do governo do país reportar que o imposto de exportação da soja será reduzido gradativamente, a perspectiva é que os produtores invistam mais na cultura do milho.

Mercado brasileiro

No mercado doméstico, os preços do milho registraram uma semana ligeiramente positiva. Ainda de acordo com levantamento do Notícias Agrícolas, a cotação subiu 7,39% em Campinas (SP), com a saca do cereal a R$ 43,60. Já em Barretos (SP), o ganho foi de 5,90%, com a saca a R$ 35,17.

Na região de Campo Grande (MS), a saca fechou o dia a sexta-feira (7) a R$ 32,00, com alta acumulada de 3,23%. No Paraná, em Ubiratã, Londrina e Cascavel, o ganho foi de 3,13%, com a saca do grão a R$ 33,00. Em São Gabriel do Oeste (MS), a valorização também ficou em 3,13%, com saca a R$ 33,00.

Em Assis (SP), o ganho ficou em 2,03%, com a saca a R$ 34,19. Em Mato Grosso, as praças de Tangará da Serra e Campo Novo do Parecis, apresentaram alta de 1,85%, com a saca a R$ 27,50. Por outro lado, o preço caiu 3,30% no Oeste da Bahia, com a saca a R$ 44,00, já em Sorriso (MT), o preço ficou em R$ 26,50, com queda de 3,64%.

As negociações ainda caminham mais lentamente e as atenções estiveram voltadas essa semana para a reunião da CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança), realizada nesta quinta-feira (6). A entidade acabou aprovando o uso de três variedades de milho transgênico dos Estados Unidos para a produção de ração no Brasil. A medida era aguardada pelos representantes da agroindústria.

A partir de agora, após a publicação da medida no Diário Oficial da União, haverá um prazo de 30 dias para a contestação da aprovação. Caso não aconteça, a importação desse milho poderá ser liberada, ainda segundo informações oficiais divulgadas no site do Ministério da Agricultura.

“Diante desse cenário, a perspectiva é que destrave as negociações que estavam paradas. E como o período de importação foi prorrogado para até o final do ano, então dá para trazer esse milho até dezembro. Mas não é um volume grande, em torno de 1 milhão de toneladas, para um consumo de quase 5 milhões de toneladas por mês no país, mas acaba tendo um efeito psicológico no mercado”, pondera o consultor de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze.

Com o adiantamento das negociações, o consultor reforça que, esse milho pode chegar ao Brasil ainda no mês de novembro. Além disso, os preços deverão ser competitivos, já que a perspectiva é que a saca do cereal americano chegue aos portos do país com valores entre R$ 36,00 até R$ 39,00. E, atualmente, as cotações estão próximas de R$ 40,00 a saca para as indústrias.

“Isso acaba sendo um limitante de alta para o mercado, porém, os produtores não devem se desesperar. Os estoques não são grandes e não há espaço para grandes quedas nas cotações, mas o mercado estará pressionado para baixo. Outro fator que também precisa ser acompanhado é que o trigo está sendo utilizado na indústria de ração”, afirma.

Safra de verão

O destaque dessa semana foi a chuva de granizo que atingiu muitas lavouras no Rio Grande do Sul e algumas no Sudoeste do Paraná. Em Tuparendi, no estado gaúcho, as perdas chegam a 100% em algumas propriedades. Ainda no estado, Santa Rosa também apresentou danos nas plantações. Em Mariópolis foi uma das mais afetadas pela ocorrência da queda de granizo no estado paranaense. Na região também houve prejuízos nas plantações de milho e soja.

Dólar

A moeda norte-americana encerrou a sexta-feira (7) com queda de 0,18%, cotada a R$ 3,2166 na venda. A queda foi decorrente dos dados mais fracos do mercado de trabalho dos EUA, o que pode levar o Banco Central americano a postergar o aumento na taxa de juros no país, de acordo com dados da agência Reuters. Na semana, a moeda acumulou desvalorização de 1,08%.

Por: Fernanda Custódio
Fonte: Notícias Agrícolas