Milho: Valorização atípica em Mato Grosso

De um piso de R$ 13,49 em média de janeiro a novembro de 2013 para o teto de R$ 27,66 na média dos cinco primeiros meses de 2016. A saca do milho, em Mato Grosso, tem sua trajetória resumida dessa maneira e apresenta um incremento de 69,27% no período analisado, um ganho de dimensões consideradas atípicas para o cereal, que vem também, sendo o grande destaque das exportações estaduais. Demanda em alta e a sinalização de menor oferta, ‘atearam fogo’ nas cotações do milho e seguem mantendo o mercado aquecido, especialmente para o grão remanescente da safra 2014/15, ou seja, o grão que está disponível para entrega imediata.

Como explicam os analistas do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), a saca do milho 2014/15 vem apresentando cotações elevadas desde janeiro deste ano, no Estado. “É comum que em um período de baixa oferta do cereal os preços apresentem um movimento de alta, mas o que se observou no início deste ano foi atípico”, pontuam os analistas no Boletim do Milho, divulgado ontem. Como explicam ainda, a alta demanda pelo milho disponível de Mato Grosso e os preços historicamente elevados foram dois fatores que impactaram na área de milho deste ano, sobretudo porque os preços apresentaram uma forte tendência de alta no período em que o produtor ainda estava tomando sua decisão sobre a segunda safra 2015/16, isso entre os meses de maio de 2014 a julho de 2015. Outro ponto foi a expectativa de que o regime pluviométrico registrado no estádio reprodutivo do milho – entre abril e maio – no ano passado fosse repetido também neste ano, o que, no entanto, não está acontecendo. “Nesse sentido, o mercado está projetando uma produção abaixo do que se esperava no início do ano, o que se reflete nos atuais patamares dos preços”.

Em meados de maio do ano passado, por exemplo, o Indicador Imea para o milho registrou cotação de R$ 14,81. Nesse mesmo momento, só que de 2016, a cotação já atinge até R$ 34,65, valor que na comparação com a semana anterior (também de maio/16), quando o Indicador registrou, R$ 33,38, releva alta semanal de 3,78%, mesmo com a desvalorização de 1,40% sobre o dólar. “A valorização foi motivada pela baixa oferta do cereal e a alta nas cotações da BM&F”.

A área de milho fechou a safra 2015/16 4,25 milhões de hectares, firmando-se como a maior já cultivada em Mato Grosso. Apesar do incremento em área, a previsão para produtividade, refletindo as condições climáticas pouco favoráveis de abril, foi reduzida de 95,5 sc/ha, da estimativa anterior, para 90,7 sc/ha na nova estimativa divulgada no início do mês. Com isso, a oferta deverá ser 11,9% menor, avolumando 23 milhões de toneladas.

Diário de Cuiabá
Autor: MARIANNA PERES