Na era digital, Brasil precisa redesenhar agricultura para manter competitividade

O caminho sem volta da globalização digital desafia o Brasil a redesenhar seu modelo agrícola para manter a competitividade no mercado internacional. A agricultura, assim como outros setores econômicos, tem pouco tempo para se alinhar a uma nova realidade que inclui soluções rápidas com tecnologia e inovação, ao mesmo tempo em que consumidores estão cada vez mais atentos à sustentabilidade na cadeia produtiva. A análise é do presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Maurício Antônio Lopes, um dos nomes mais importantes da inovação agrícola no país.

A agricultura da era digital, capaz de atingir um patamar de alta produtividade com técnicas ambientalmente corretas, exige a adoção de práticas como o uso abundante de sensores, mecanismos sofisticados para prevenção de prejuízos pelo clima e o uso de aplicativos de ponta para o auxílio na gestão de propriedades e indústrias do ramo. “Ao incorporar práticas e processos de precisão, o agronegócio, que é um importante pilar da economia brasileira, poderá assegurar o equilíbrio entre as três vertentes da sustentabilidade (econômica, social e ambiental), o que é uma exigência dos consumidores em todo o mundo”, aponta Lopes.

Um aliado para chegar a esse nível é a atenção ao modelo que inclui a bioeconomia, um conceito de economia sustentável com base em recursos biológicos e processos limpos e renováveis”, conforme define o presidente da Embrapa. “Com a bioeconomia e a transformação digital operando em sintonia e sinergia poderemos dinamizar segmentos essenciais da agricultura, fortalecendo a posição de vanguarda do Brasil na produção de alimentos, fibras, energia e biomateriais no mundo”, projeta.

A Embrapa aposta que o uso simultâneo da agricultura de alta tecnologia e a bioeconomia possibilite no futuro, por exemplo, usinas de açúcar a se transformarem em verdadeiras “biorrefinarias”. Nesses locais, uma gama complexa de produtos químicos renováveis devem ser fabricados, assim como já ocorre nas biofábricas de medicamentos e células vegetais que usam tecnologia desenvolvida pela empresa. “Em breve, sistemas integrados combinando lavouras, pecuária e floresta nos permitirão produzir carne, grãos, fibras e energia com emissões líquidas de carbono muito baixas ou, em algumas situações, com captura maior que emissão”, prevê Lopes.

Fonte: Gazeta do Povo