Opinião de Agnocafé: novamente notícias fantasiosas ante preços em recuperação

A observação de boas práticas agrícolas é de grande importância para a garantia de obtenção de produtos de qualidade e para o respeito com quem atua no dia a dia dessa atividade. A questão social no campo é de grande relevância e dar ao trabalhador instrumentos para que ele possa exercer sua atividade com dignidade é algo indiscutível.

O segmento cafeeiro do Brasil vem buscando se renovar, melhorando consideravelmente sua estrutura, garantindo aumento de produtividade, maior mecanização e também oferecendo condições mais dignas de trabalho. Questões como trabalho infantil foram fortemente combatidas e hoje pode-se dizer que a grande maioria das propriedades rurais cafeeiras do país oferecem uma estrutura relevante de trabalho.

Diante disso, causa estranhamento um longo artigo apresentado pela agência Reuters, denominado “Colhido por escravos: café alimenta crise no Brasil”, no qual se destacam ações em que foram identificados casos de atividade análoga ao trabalho escravo em algumas fazendas de café de Minas Gerais.

A matéria se baseia em acompanhamentos da Thomson Reuters Foundation e faz um recorte de um universo mínimo e generaliza a cafeicultura brasileira como baseada em práticas não respostáveis, em práticas escravagistas ou de trabalho infantil.

São casos bastante esporádicos e que não refletem o imenso parque cafeeiro do Brasil. Dentro de um universo de centenas de milhares de propriedades cafeeiras, a verificação de alguns poucos casos de irregularidade não é crível se afirmar que todo um setor está baseado em irregularidades. Deve-se continuar a estimular as práticas corretas e aplicar o rigor da lei aos poucos infratores que ainda são verificados.

O Brasil, aliás, está na vanguarda no que se refere ao trabalho no segmento de café em relação a outras várias origens que ainda enfrentam situações bastante degradantes. Na América Central e na África são recorrentes os casos de trabalho infantil e de remunerações mínimas, em cenários que seriam impensáveis na cafeicultura brasileira atual.

Causa estranhamento que um artigo desse jaez apareça num momento em que cafeicultura finalmente se recupera em preços, depois de anos de angústia com cotações risíveis e não remuneradoras. Tem se tornado prática comum que “notícias” bombásticas surjam do nada quando um mercado de relevância comece a apresentar recuperação.

A coincidência entre esse tipo de divulgação e os números nos terminais de preço chama muitíssimo a atenção. O que é de se lamentar é que fundações que se vendem como sérias, ligadas à agência de notícias relevantes, se prestem a assumir um papel dessa categoria.

Agnocafé se solidariza com os sérios produtores brasileiros, que lutam dia a dia para oferecer ao mercado um volume considerável de café de qualidade e que atendem de maneira considerável a legislação vigente, respeitando os trabalhadores e sua dignidade.

Fonte: Agnocafé Por José Roberto Marque da Costa

Crédito: DP Pixabay