Plano Safra: Na prática, menos dinheiro e mais juros

O Plano Safra da Agricultura Empresarial divulgado nesta quarta-feira não entusiasmou o setor. Para quem olhar rapidamente os números, pode parecer que os volumes de recursos estão maiores, mas na prática não o são. Além disso, os juros subiram e continuam entre os mais altos e menos competitivos do agribusiness global.

O discurso do Governo Federal aponta recorde de disponibilidade de dinheiro para o setor, chegando ao volume de R$ 202 bilhões. Ao olhar crítico do ex-secretário de política agrícola, Benedito Rosa, não há aumento dos recursos destinado ao setor agropecuário.

“Nitidamente foi uma peça publicitária. Falou-se só de números que podem ser ilusórios, principalmente, para o público urbano. Na verdade houve queda de 2% no volume, porque se descontar os 10% de inflação no período, houve diminuição”, destaca.

Benedito lembra que, no Plano Safra 15/16, do total de R$ 189 bilhões disponibilizados pelo Governo, R$ 100 bilhões foram acessados pelos produtores. ” Só 53% até o mês de abril de 2016. Por que o restante não foi tomado? Só anunciar aumento no volume total de recurso não basta,  estamos tratando apenas de um lado da questão. Do outro lado temos que abordar as dificuldades para acessar esses recursos”, enfatiza o ex-secretário de política agrícola do Ministério da Agricultura.

O consultor Ivan Wedekin, da Wedekin Consultores,  aponta um lado positivo no anúncio desta quarta-feira. O aumento no volume de recursos subsidiados, que cresceu 20% em relação ao Plano Safra anterior. “O Governo que está diante de uma crise fiscal, tendo que cortar de tudo quando é lado, e no caso da agricultura ele não tomou a decisão de cortar gastos com a agricultura. Seja comercial ou familiar. A Selic cresceu dois pontos percentuais de um ano para cá e o crédito de custeio cresceu 0,75% apenas o juro. Ou seja, vai ter subvenção a mais”, destacou.

Por: Kellen Severo