Produção de seda está sendo afetada por fungicida

Um artigo publicado no Journal of Economic Entomology apontou que o uso do fungicida piraclostrobina está se mostrando prejudicial para a produção de seda. O estudo foi realizado pelo professor da Faculdade de Ciências Agrárias e Tecnológicas (FCAT) da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Daniel Nicodemo, em parceria com o professor Fábio Ermínio Mingatto e alunos da Faculdade de Castanhal (FCAT).

De acordo com a pesquisa, a aplicação do fungicida nas amoreiras chega a triplicar o índice de mortalidade da lagarta que iria se tornar o bicho-da-seda, além de reduzir o tamanho dos casulos feitos pelos insetos sobreviventes. Nicodemo afirma que a produção da seda está atrelada inteiramente à qualidade da amoreira, principal ao alimento da lagarta. “A produção do fio da seda depende principalmente da qualidade do alimento que é fornecido às lagartas”, comenta.

A piraclostrobina é usada nas plantações de amora para controlar fungos, mas acaba aumentando a produção das folhas da planta, contudo, para as lagartas produtoras de seda a quantidade de folhas é inversamente proporcional a sua qualidade nutricional, o que justifica as perdas. O professor explicou que esse fator não era conhecido até então e que todos os pesquisadores e agricultores acreditavam que uma maior quantidade de folhes poderia ser benéfica para os sericultores.

“O objetivo de nossa pesquisa foi verificar se o tratamento das folhas de amoreira com piraclostrobina contribuiria para melhorar a produção de casulos. Os resultados obtidos foram opostos ao esperado”, comenta Nicodemo.

No Brasil, a maior parte dos produtores de seda se encontram no Paraná, em São Paulo e no Mato Grosso, locais onde a incidência de agrotóxicos é bastante alta. Os pesquisadores seguem alertando sobre possíveis problemas do uso indevido desses defensivos. “Essa é uma das possíveis causas das quebras de safra dos sericicultores”, finaliza.

Fonte:  AGROLINK –Leonardo Gottems

Imagem créditos: Agrolink