Produtores de leite comemoram a chegada do período chuvoso

Com o aumento das chuvas no mês de outubro, a produtividade de leite começa a subir e os custos de produção diminuem bastante. Em Dores de Macabu, maior bacia leiteira de Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, o corte nas despesas é de quase 50%. Essa boa perspectiva tende a compensar a ligeira queda no preço pago ao produtor por litro do produto no verão, quando chega a ser vendido por R$ 1,40 às indústrias e cooperativas.

O produtor Romeu Soares, da microbacia Rio da Prata, produz 450 litros de leite por dia. Há mais de uma semana, ele está com o equipamento de irrigação desligado. Isso significa uma economia de quase R$ 500 por mês, graças ao tempo chuvoso.

– A água é a grande riqueza do produtor. Ficamos muito animados nessa época. Este ano está chovendo mais e o pasto está verdinho – conta o pecuarista, que é beneficiário do Rio Rural, programa da secretaria estadual de Agricultura.

Outro fator que ajuda a enxugar as despesas é a alimentação animal. Para manter uma dieta equilibrada, as vacas precisam de capim de boa qualidade (fonte de proteínas), além de um complemento em ração, geralmente composta por farelo de soja e de milho. O produtor Sérgio Pessanha, também da microbacia Rio da Prata, gasta quase R$ 2 mil por mês com ração.

– Como está chovendo agora, o capim cresce mais e melhor, então o veterinário diminui a quantidade de ração – comemora o produtor, que trabalha com dois filhos na produção de leite.

Pessanha e Soares são beneficiários do Programa Rio Rural, que incentiva a adoção de práticas sustentáveis. Estas, por sua vez, contribuem com o aumento da produtividade. Para o secretário estadual de Agricultura, Christino Áureo, a adesão dos produtores a projetos como esses garante mais solidez à economia rural.

– A mudança climática não está sob nosso controle. Mas as técnicas utilizadas no campo, sim. Quando adequadas, elas permitem que a produtividade se mantenha mais estável durante o ano todo, o que dá mais segurança à atividade – ressalta Áureo.

Maior estabilidade também na estação seca

Essa estabilidade só é possível pela adoção de tecnologias que fortalecem a produção leiteira no interior fluminense. De acordo com escritório da Emater-Rio em Campos dos Goytacazes, a queda na produção local durante o inverno chega a 27%. Mas no distrito de Dores de Macabu, onde 25% dos produtores receberam incentivo do Rio Rural para implantar o projeto de pastejo rotacionado, a retração foi de apenas 9%. Os investimentos do programa são usados para redefinir o traçado da pastagem, que passa a ser dividida em pequenos lotes, liberados gradativamente aos animais. Isso permite maior regularidade na oferta de capim, pois enquanto um trecho da pastagem se recupera, o outro já está formado.

Com alimentação garantida, os produtores têm investido na aquisição de vacas de alta lactação, que produzem mais leite, pois a criação delas só se torna eficiente com dieta de boa qualidade.

– O pastejo rotacionado, que tem sistema de irrigação sustentável, vem mudando a realidade econômica dos produtores. Até quem não é beneficiário do programa está implantando por conta própria – afirma o técnico da Emater-Rio, Renato Gomes, executor do Rio Rural.

Outro projeto bancado com recursos do Rio Rural está aumentado a oferta de água em Dores de Macabu. A proteção de área de recarga, uma das contrapartidas ambientais de quem recebe o pastejo rotacionado, permite o isolamento da vegetação nativa, que tem a função de potencializar a infiltração da água de chuva no lençol freático.

– Já está dando resultados e estamos confiantes de que isso vai ajudar bastante toda a comunidade se mais pessoas fizerem – destaca o produtor Pessanha.

Fonte: Secretaria de Estado de Agricultura do Rio de Janeiro