Recuperação nas cotações de soja

As cotações da soja em Chicago se recuperaram bem durante esta semana. O motivo principal foram os avanços das novas reuniões entre EUA e China, as quais trazem perspectivas concretas de finalização do litígio comercial entre os dois países. Com isso, Chicago fechou o dia 24/05 (quinta-feira) em US$ 10,35/bushel, contra US$ 9,95 uma semana antes.

Há a possibilidade de que as negociações entre chineses e estadunidenses terminem por elevar entre 35% a 45% os negócios entre as duas Nações, favorecendo inclusive a soja dos EUA. Por enquanto, portanto, as barreiras tarifárias estão suspensas esperando-se a conclusão das negociações. Isso bastou para o mercado subir fortemente no início da semana.

De fato, “entre os pontos encaminhados está o compromisso dos chineses em aumentar de forma significativa as aquisições de produtos agrícolas norte-americanos, beneficiando a soja” (cf. Safras & Mercado). É bom lembrar que a China compra quase um terço da produção de soja dos EUA anualmente. Se o acordo ocorrer tais compras chinesas poderão passar de 33 para 40 a 50 milhões de toneladas de soja dos EUA.

Boatos circulam em Chicago dando conta de que tais negociações efetivamente estariam adicionando um montante maior de soja estadunidense a ser comprado pela China. Tais boatos foram reforçados pelo fato de que as autoridades chinesas estariam aconselhando seus importadores a consultar o mercado dos EUA, pela primeira vez desde o dia 10/04. Duas importantes empresas estatais chinesas seguiram tal caminho: a Sinograin e a Cofco. Isto está sendo interpretado pelo mercado como um sinal provável de retomada dos negócios (cf. Safras & Mercado).

O movimento de recuperação dos preços em Chicago somente não foi maior porque o clima transcorre muito bem no Cinturão Agrícola dos EUA, favorecendo a um avanço no plantio da atual safra de soja. Tanto é verdade que o mesmo atingia a 56% da área no dia 20/05, contra 44% na média histórica e 50% semeados na mesma data do ano passado.

Neste contexto, em termos de análise grafista, a média móvel dos últimos 50 dias em Chicago voltou a superar o patamar de US$ 10,38/bushel.

Enfim, ainda no cenário externo, contrapondo-se às notícias altistas, tivemos que as exportações líquidas dos EUA, referentes ao ano comercial 2017/18, somaram apenas 281.900 toneladas na semana encerrada em 10/05, ficando 48% abaixo da média das quatro semanas anteriores.

Já no Brasil, os preços subiram um pouco, puxados por Chicago, porém, agora o câmbio freou o movimento na medida em que, após constantes intervenções do Banco Central, a moeda dos EUA recuou para R$ 3,63 em alguns momentos da semana, perdendo 12 centavos em relação ao auge da semana anterior.

Assim, o balcão gaúcha fechou a semana na média de R$ 76,87/saco, enquanto os lotes giraram entre R$ 81,30 e R$ 82,00/saco. Nas demais praças nacionais os lotes oscilaram entre R$ 70,50/saco em Sinop (MT) e R$ 82,50/saco em Campos Novos (SC), passando por R$ 80,50 no centro e norte do Paraná; R$ 71,00 em Chapadão do Sul e São Gabriel (MS); R$ 72,00 em Goiatuba (GO); R$ 73,50 em Pedro Afonso (TO) e R$ 75,50/saco em Uruçuí (PI).

A salientar que a greve dos caminhoneiros no Brasil atingiu o setor da soja, com paralisação da entrega de produto nos portos, assim como a circulação do produto no interior do país. Desta forma, os prêmios nos diferentes portos brasileiros voltou a recuar, ficando entre US$ 0,10 e US$ 0,56/bushel. Esta realidade igualmente freia uma melhoria nos preços internos.

Fonte:  CEEMA / UNIJUI

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