Recuperação nas cotações do trigo

As cotações do trigo em Chicago, após baterem em US$ 4,19/bushel no dia 10/05, se recuperaram fortemente no transcorrer da semana para fechar em US$ 4,67 no dia 16/05 (quinta-feira), contra US$ 4,21/bushel uma semana antes.

O relatório de oferta e demanda do USDA apontou uma safra de 51,6 milhões de toneladas nos EUA, para o ano 2019/20, sendo que seus estoques finais ficariam em 31 milhões de toneladas. O atual ano comercial 2018/19 deverá fechar com uma produção de 51,3 milhões e estoques finais em 30,7 milhões de toneladas. Ou seja, em clima normal, a futura safra não deverá ser muito diferente da atual. Com isso, os preços médios ao produtor estadunidense deverão se estabelecer em torno de US$ 4,70/bushel neste novo ano comercial, contra US$ 5,20 em 2018/19 e US$ 4,72 em 2017/18. Por sua vez, a produção mundial de trigo deverá alcançar 777,5 milhões de toneladas no novo ano comercial, com estoques finais mundiais em 293 milhões. Em ambos os casos bem acima do que será ao final do corrente ano comercial. A produção da Argentina chegaria a 20 milhões de toneladas, com exportações ao redor de 14 milhões, enquanto o Brasil produziria 5,5 milhões, com importações ao redor de 7,5 milhões de toneladas.

Por outro lado, as vendas líquidas de trigo por parte dos EUA, na semana encerrada em 02/05, atingiram a 90.600 toneladas, ficando 68% abaixo da média das quatro últimas semanas. Para o ano 2019/20, tais vendas atingiram a 412.300 toneladas. A soma dos dois anos ficou dentro do esperado pelo mercado. Já as inspeções de exportação chegaram a 842.418 toneladas na semana encerrada em 9 de maio, acumulando do atual ano comercial um total de 22,8 milhões de toneladas, contra 22,7 milhões em igual momento do ano anterior.

Enquanto isso, as condições das lavouras de trigo de inverno, até o dia 12/05, apresentavam 64% entre boas a excelentes, 28% regulares e 8% ruins a muito ruins. Já o trigo de primavera, nos EUA, até a mesma data, havia sido semeado em 45% da área esperada, contra 67% na média histórica para esta data.

No Mercosul, a tonelada FOB para exportação permaneceu entre US$ 215,00 e US$ 220,00, enquanto a safra nova Argentina se manteve na referência de US$ 180,00, ambos na compra.

E no Brasil, os preços do trigo pouco se modificaram, em relação às semanas anteriores, com o balcão gaúcho fechando a semana na média de R$ 40,90/saco, enquanto os lotes ficaram em R$ 48,00. No Paraná, o balcão se estabeleceu entre R$ 44,00 e R$ 47,00/saco, enquanto os lotes permaneceram entre R$ 54,00 e R$ 54,60/saco. Em Santa Catarina, o balcão oscilou entre R$ 41,00 e R$ 42,00/saco, enquanto os lotes, na região de Campos Novos, permaneceram em R$ 51,00.

O plantio da nova safra de trigo no Paraná avança rapidamente, neste momento, graças a um clima favorável. O mesmo chegou a 46% da área esperada no início desta semana, com as lavouras já plantadas apresentando 97% entre boas a excelentes e apenas 3% regulares. No ano passado, nesta mesma época, o plantio atingia apenas 35% da área e 55% das lavouras estavam em condições boas a excelentes, com 32% regulares e 13% em condições ruins. Ou seja, por enquanto, o clima deste ano está muito mais favorável ao trigo do Paraná.

Quanto a comercialização, o ritmo continua lento, sem produto de qualidade superior e com uma indústria bem abastecida. No final da semana, mais uma vez o câmbio foi o centro das atenções já que a desvalorização do Real torna mais caras as importações do cereal. Até a colheita desta nova safra, em setembro, o mercado interno continuará com baixa liquidez, monitorando o desenvolvimento da safra local e o comportamento cambial.
Fonte: AGROLINK –Aline Merladete