RESUMO DAS NOTÍCIAS SOBRE O AGRIBUSINESS NOS JORNAIS 02/04/2015

Os futuros do petróleo operam em baixa na madrugada desta quinta-feira, em meio a incertezas que rondam as negociações sobre o programa nuclear iraniano. Um acordo deveria ter sido fechado até a última terça-feira, mas as conversas seguem diante da falta de entendimento entre as lideranças do próprio Irã e de seis potências, incluindo os Estados Unidos.

Os investidores temem que, se as sanções internacionais ao Irã forem suspensas no acordo, o país, que detém cerca de 10% das reservas de petróleo do mundo e quase um quinto das reservas de gás global, aumentaria a produção e as exportações, gerando um excesso da oferta de energia no mundo.

Caso um acordo seja assinado, o preço do barril de petróleo deve cair em torno de US$ 5,00, projeta o banco francês Société Genérale. Às 3h30 (de Brasília), o petróleo para entrega em maio caía 0,74%, a US$ 49,72 por barril, na Nymex. Na ICE, o Brent para o mesmo mês recuava 0,70%, a US$ 56,70 por barril.

                                                                                    INFORMATIVO DE MERCADO

                                                                                                      SOJA

Os contratos futuros da soja voltaram a subir na Bolsa de Chicago (CBOT), refletindo os números de área e estoque estimados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) na véspera, a especulação sobre o clima durante a temporada de plantio no país e a retração de vendedores no Brasil após três quedas seguidas do dólar ante o real. O contrato com vencimento em maio, mais negociado, fechou em alta de 16,50 cents (1,70%), a US$ 9,8975 por bushel, depois de romper a resistência a US$ 9,90/bushel durante a sessão.

Os números do relatório de terça-feira voltaram a repercutir no mercado ontem. Analistas citaram a proporção de estoques ainda em poder de produtores em 1º de março, que está em 45,68% este ano, contra 38,43% em igual período de 2014. “Para tirar essa soja das mãos dos produtores, é só via preço. Chicago precisa subir para o produtor se animar a vender novamente”, disse o analista João Schaffer, da Agrinvest.

O número de área abaixo do esperado também voltou a ser embutido nas cotações, mas a perspectiva ainda é de que a previsão será ajustada mais adiante. “A questão é o período de mercado climático que temos pela frente ainda”, afirmou o analista. Até junho, o USDA deve manter a projeção de área, mas dentro desse intervalo de tempo a soja e o milho atravessam fases onde o clima é crucial. Na semana que vem, sairá o primeiro relatório de condições das lavouras de 2015/16, por enquanto apresentando apenas a situação do milho, já que a semeadura da soja ocorre mais tarde. “O mercado deve se voltar para as questões de campo agora”, ponderou Schaffer. Por enquanto, o plantio de milho está atrasado no sul dos EUA, e existe preocupação com déficit hídrico do solo em áreas mais ao norte. As previsões para os EUA de mapas climáticos devem ser um importante fator de influência sobre a CBOT de agora em diante.

Nas próximas sessões, o mercado pode repercutir o ritmo de embarques em março do Brasil abaixo do ano passado. Ontem, o Ministério do Desenvolvimento divulgou os dados às 15h de Brasília, perto do horário de fechamento em Chicago. Considerados apenas os embarques da soja em grão, o volume exportado em março foi de 5.592.100 toneladas, redução de 10,23% ante as 6.229.300 toneladas embarcadas um ano antes. Todavia, houve aumento de 543,73% ante fevereiro, quando saíram do País 868.700 toneladas. A receita obtida foi de US$ 2,21 bilhões, queda de 29,73% ante os US$ 3,15 bilhões apurados em março do ano passado, mas incremento de 538,88% na comparação com fevereiro (US$ 346,2 milhões).

Schaffer ressaltou que consultorias privadas têm estimado números maiores para os embarques do mês passado, por volta de 7 milhões de toneladas, acrescentando que o número ainda pode sofrer ajuste nos próximos meses. Além disso, a logística de exportação para os próximos dois meses já está praticamente programada. “Os volumes a ser embarcados no curto prazo já estão fechados”, explicou o analista. O clima em março contribuiu para o bom andamento das exportações brasileiras, pelo menos em Paranaguá. “A chuva ficou dentro do padrão histórico e não atrapalhou embarques. Tanto que saiu do País um volume considerável”, apontou o analista.

Nesta quinta-feira, os números de exportação dos Estados Unidos estão no radar no mercado. Para o relatório que será divulgado hoje, analistas projetam vendas externas de 150 mil a 600 mil toneladas das safras 2014/15 e 2015/16, ante 726 mil toneladas na semana anterior. O movimento sazonal de migração de importadores dos EUA para a América do Sul continua, mas a percepção é de que ainda há procura por produto norte-americano. “A demanda está lá, só tem que ver a força”, explicou Schaffer. A maior quantidade de navios esperando para carregar no Brasil pode estimular algumas compras de soja dos EUA. Regiões com logística menos pressionada neste momento, como os EUA, podem atrair “comprador com necessidade mais urgente”, disse o analista.

COTAÇÕES DO COMPLEXO SOJA NA BOLSA DE CHICAGO

  GRÃO   FARELO   ÓLEO
  US$/bushel   cents   US$/t   US$   (cents/libra)   pontos
  Mai/15 9,8975 16,50  Mai/15 331,90 5,10  Mai/15 30,69 30
  Jul/15 9,9450 16,75  Jul/15 330,70 5,50  Jul/15 30,91 29
  Ago/15 9,9400 16,75  Ago/15 329,10 5,40  Ago/15 30,99 29
  Set/15 9,8050 16,75  Set/15 327,10 5,10  Set/15 31,05 29

CBOT/Agência Estado

No mercado doméstico, as negociações avançavam em volumes pequenos, com produtores hesitantes com o recuo do dólar ante o real, apesar de a alta em Chicago ter compensado parte do efeito do câmbio sobre os preços. No Brasil, o dólar engatou ontem sua terceira sessão consecutiva de baixa, com a busca por proteção antes do feriado da Páscoa. A moeda norte-americana caiu 0,84%, aos R$ 3,1730.

No Paraná, havia chance de acordos no spot a R$ 67/saca, com pagamento entre 10 e 15 de abril, R$ 68/saca, com pagamento em 5 de maio, R$ 69/saca, com pagamento em 5 de junho, e R$ 70/saca, com pagamento em 10 de julho, para soja posta em fábrica em Ponta Grossa. Ontem, rodaram 600 toneladas nos R$ 70/saca com pagamento mais longo. Os preços subiram cerca de 50 centavos em relação à véspera, segundo corretor local. “Saem negócios esporádicos, mas não grandes volumes”, apontou. No Porto de Paranaguá, compradores indicavam R$ 70/saca a R$ 70,50/saca para entrega até o fim de maio e pagamento no mesmo mês. “Compradores têm indicado preços para prazos mais longos, estão sem espaço no curto prazo”, relatou o agente. Quanto à comercialização futura da safra 2015/16, compradores indicavam R$ 70/saca para entrega em abril e pagamento em maio do ano que vem, valor em que saíram acordos na semana passada.

Em Mato Grosso, rodavam lotes de 600 a 2 mil toneladas no disponível, entre R$ 57,50/saca e R$ 58/saca, com pagamentos entre 15 e 20 de abril, relatou o corretor Rafael Cerci, da Perfil Agrícola. Esta semana surgiu um comprador oferecendo R$ 60/saca na região, com pagamento em maio, mas já saiu do mercado. Os compradores mais atuantes nas negociações neste momento são fábricas, segundo o agente. A colheita já está praticamente concluída na região, com rendimentos médios entre 55 e 60 sacas por hectare. Para a negociação antecipada da safra 2015/16, rodaram ontem 5 mil toneladas a R$ 57/saca para retirada no entorno de Nova Mutum em fevereiro e pagamento em abril de 2016. “Produtores estão aproveitando os preços, porque imaginam que, se o dólar voltar, o preço vai para baixo”, apontou. “A comercialização começou em R$ 56/saca, saíram algumas coisas nesse valor, agora nos R$ 57/saca estão rodando volumes maiores.”

Em Mato Grosso do Sul, os negócios ocorrem em lotes pequenos. Em Dourados, era possível assinar contratos a R$ 58/saca livre para o produtor para retirada imediata. Os preços estão se mantendo esta semana, porém o interesse de venda é fraco, segundo corretor local. “Vendedor ainda está capitalizado e só vende o necessário para avançar na colheita”, apontou. Segundo ele, 95% da safra 2014/15 na região já foram retirados. A safra 2015/16 não tinha compradores ou vendedores na região ontem, contou o agente.

O indicador de preços da soja Esalq, calculado com base nos preços do mercado disponível em cinco praças do Paraná, fechou em queda de 0,44%, a R$ 65,40/saca (-0,44%). Em dólar, o indicador ficou em US$ 20,61/saca (+0,39%).

EVOLUÇÃO DE PREÇOS NO MERCADO FÍSICO DE LOTES

  SOJA EM GRÃO – (R$ por saca de 60 kg) – no atacado
  01/04   31/03   DIA   SEMANA   MÊS   12 MESES
  Paranaguá 70,65 70,65 +0,00% +1,00% +7,31% -1,64%
  Barreiras 59,25 59,38 -0,22% -0,70% +3,49% -2,71%
  Ponta Grossa 65,60 65,50 +0,15% +0,18% +6,17% -4,96%
  Passo Fundo 66,73 66,95 -0,33% +1,41% +4,27% -1,30%
  Rio Verde 62,15 62,61 -0,73% -0,56% +5,99% -0,48%
  Rondonópolis 61,92 61,02 +1,47% +3,32% +10,57% +4,90%
  Triângulo Mineiro 63,32 63,35 -0,05% +1,31% +7,32% +0,51%
  Oeste do Paraná 64,17 63,95 +0,34% +0,72% +6,65% -4,57%
  Norte do Paraná 63,23 63,93 -1,09% -0,86% +5,44% -5,27%
  Mogiana 65,58 65,00 +0,89% +0,81% +6,10% -0,64%
  Ijuí 66,50 66,63 -0,20% +1,23% +3,78% +0,18%
  Sorriso 54,88 55,86 -1,75% +0,38% +6,83% +1,72%
  Sorocabana 65,71 64,80 +1,40% +1,42% +7,33% -0,44%
  ESALQ – R$/saca 65,40 65,69 -0,44% -0,03% +5,98% -4,30%
  DÓLAR 3,1730 3,2000 -0,84% -0,75% +11,10% +40,03%
  FARELO PELLETS – R$/TONELADA
  Campinas 1078,84 1078,43 +0,04% +0,10% +5,05% +2,01%
  Chapecó 1080,58 1081,07 -0,05% -1,87% -0,55% -7,35%
  Maringá 1121,83 1128,11 -0,56% +0,33% +4,55% -1,78%
  Oeste PR 1096,08 1094,87 +0,11% +0,40% +5,23% -1,98%
  Ponta Grossa 1150,96 1149,62 +0,12% -0,12% +3,03% +0,97%
  Triângulo MG 1036,42 1041,74 -0,51% -3,07% -0,83% -2,74%
  ÓLEO DE SOJA- SP R$/TONELADA
  ICMS 12% 2217,48 2241,96 -1,09% -0,23% +1,45% -0,09%
  ICMS 7% 2206,07 2200,31 +0,26% +0,55% +2,93% +2,91%

Cepea/Agência Estado

MILHO

O mercado de milho registrava ontem pequena movimentação no spot mesmo em áreas onde a colheita de verão está mais avançada, como no Paraná, que tem 77% da primeira safra já retirada. Produtores realizam só vendas ocasionais, para cobrir despesas da colheita, preferindo focar os trabalhos no campo ou as vendas de soja. A negociação futura da safrinha 2015 também estava mais lenta ontem. Mesmo com os preços na Bolsa de Chicago (CBOT) se recuperando das perdas de terça-feira, o dólar futuro recuou pela terceira sessão seguida. Ainda assim, os preços seguem acima dos verificados nas últimas semanas em algumas praças, o que tem estimulado produtores que não haviam vendido nada antecipadamente a negociar alguns lotes.

Em Mato Grosso, havia propostas a R$ 17,20/saca para embarque em setembro em Nova Mutum e pagamento em outubro, patamar em que rodaram 10 mil toneladas na véspera, segundo o corretor Rafael Cerci, da Perfil Agrícola. Vendedores têm procurado fechar novas vendas e depois sair das negociações para ver se os preços sobem mais. Na região, já foram negociados volumes grandes da segunda safra que está no campo. “Saiu bastante milho a R$ 16/saca, depois aquietou. Aí os preços melhoraram e produtores estão começando a fazer negócios de novo”, apontou o agente. “A maioria dos que estão vendendo são produtores que não tinham negociado nos R$ 16/saca.” As lavouras de safrinha se desenvolvem bem e estão com boa aparência na região. “Chuva e sol não estão faltando”, destacou Cerci.

No spot, a melhor pedida de compra era de agroindústria, que oferecia R$ 17,50/saca posto em Nova Mutum, com pagamento 30 dias após a entrega. Vendedores desejavam R$ 18/saca a R$ 19/saca. A maioria dos produtores que ainda têm milho conta com armazéns ou silos-bolsa sobrando, que não precisarão ser usados para soja, por isso não há pressa em vender, explicou o agente.

No Paraná, a movimentação era restrita na quarta-feira, mesmo nas regiões que colhem safra de verão. Compradores ofereciam R$ 26,50/saca em Piraí do Sul e R$ 26/saca em Castro, sem registro de negócios. Ao longo da semana, entretanto, rodaram lotes entre 400 e 500 toneladas nesses níveis nas duas regiões, segundo corretor de Ponta Grossa. No Porto de Paranaguá, havia chance de acordos a R$ 31/saca na quarta-feira para entrega imediata, mas o agente relatou não ter visto contratos. Vendedores focam a colheita e os embarques de soja. Ainda assim, saem alguns volumes ocasionalmente para dar continuidade à retirada da safra de verão. A maioria dos produtores da região já terminou de colher o milho, mas há cerca de 20% da soja ainda na lavoura. As condições climáticas favorecem o avanço dos trabalhos, com tempo seco na região.

Em Mato Grosso do Sul, as negociações também avançavam pouco. Em Dourados, compradores ofereciam R$ 21,50/saca livre para o produtor para retirada imediata. “Mas não tem ninguém vendendo nesse patamar”, contou corretor da região. Produtores falavam em R$ 22/saca, mas mostravam pouco interesse em negociar neste momento. O preço no spot ficou estável esta semana. Com relação à comercialização futura da safrinha 2015, o agente relatou não ter recebido sequer indicações de preço “Por enquanto está parado, não tive ofertas. Alguma coisa deve rodar em abril e maio quando produtor já estiver com a safra mais definida.”

EVOLUÇÃO DOS PREÇOS NO MERCADO FISICO

  MILHO – R$ / saca
  01/04/2015   31/03/2015   30/03/2015   27/03/2015   26/03/2015   25/03/2015
  Passo Fundo 25.55 25.23 25.39 25.51 25.49 25.15
  Chapecó 28.59 28.76 28.47 28.54 28.43 28.67
  Paraná/Sudoeste 25.55 25.85 25.39 25.41 25.34 25.12
  Cascavel 24.56 24.50 24.29 24.43 24.35 24.52
  Ponta Grossa 25.53 25.30 25.54 25.35 25.09 25.17
  Paraná/Norte 25.16 24.83 25.12 24.98 24.98 24.88
  Sorocabana 25.22 25.16 25.21 25.13 24.82 25.09
  Campinas 29.30 29.38 29.13 29.10 29.09 29.05
  Mogiana 26.38 26.52 26.62 27.08 26.92 26.99
  Triângulo Mineiro 25.68 25.64 25.85 25.75 25.64 26.04
  Rio Verde 23.48 23.87 23.50 23.48 23.46 23.74
  Sorriso 15.59 15.74 15.52 15.18 15.46 15.10
  Posto Recife 34.56 34.63 34.01 34.47 34.63 34.77

Na Bolsa de Chicago, os futuros de milho fecharam em alta, se recuperando de parte das perdas da sessão anterior. Ontem, os contratos recuaram mais de 4%, após o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) publicar seus relatórios de intenção de plantio e estoques. O vencimento maio subiu 5,50 cents (1,46%) e terminou a US$ 3,8175 por bushel. Pecuaristas e outros consumidores aproveitaram os preços baixos do cereal para comprar e aumentar seus estoques do produto, disseram analistas. Os preços também foram sustentados por especulações de que a área semeada com milho deve diminuir em relação à estimativa divulgada ontem pelo USDA.

  Milho – Bolsa de Chicago (CBOT)
  Cotação em dólar por bushel e variação em centavos de dólar
  Contrato  Máxima  Mínima  Anterior  Atual Variação
  Mai/15 3,8225 3,7425 3,7625 3,8175 5,50
  Jul/15 3,9025 3,8225 3,8425 3,9000 5,75
  Set/15 3,9750 3,9750 3,9200 3,9775 5,75
  Dez/15 4,0700 4,0000 4,0075 4,0675 6,00