Soja: Com foco na China e na safra dos EUA, mercado recua pelo 2º dia consecutivo em Chicago

Pelo segundo dia consecutivo, os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) recuaram. Nesta quinta-feira (14), as principais posições da commodity caíram mais de 8 pontos, uma desvalorização de quase 1%. O vencimento julho/18 era cotado a US$ 9,27 por bushel, enquanto o agosto/18 operava a US$ 9,33 por bushel. O novembro/18 trabalhava a US$ 9,50 por bushel.

O analista de mercado da Safras & Mercado, Luiz Fernando Gutierrez Roque, ressalta que o mercado segue sem novidades. “A tensão comercial entre a China e os EUA e a safra norte-americana voltaram a pesar sobre os preços nos últimos dias”, afirma o especialista.

A expectativa é que o presidente americano, Donald Trump, reporte nesta sexta-feira (15) uma lista de US$ 50 bilhões em produtos chineses que estarão sujeitos a uma tarifa de 25%. Em entrevista à FOX News, a liderança destacou que “a China pode estar um pouco aborrecida, pois o país está pressionando fortemente o comércio”.

Em meio ao impasse, aumentaram os rumores de que a nação asiática retaliará com tarifas próprias os EUA. De acordo com a Bloomberg, um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China reiterou em um comunicado em Pequim nesta quinta-feira que os avanços anteriores nas negociações comerciais serão perdidos se os EUA introduzirem novas tarifas.

“Essa demora na resolução leva o mercado a acreditar na efetiva taxação dos produtos. E isso trará um impacto na demanda pela soja americana sem precedentes”, reforça o analista da Safras & Mercado.

Ainda hoje, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) reportou seu novo boletim de vendas semanais. Na semana encerrada no dia 7 de junho, as vendas de soja da safra velha ficaram em 519,6 mil toneladas. O volume ficou acima das expectativas entre 100 mil a 400 mil toneladas.

Da safra nova, o volume divulgado foi de 291 mil toneladas de soja no mesmo período. Os participantes do mercado estimavam vendas entre 100 mil a 400 mil toneladas.

Outro fator que está no radar dos investidores é o andamento da safra americana. 74% das plantações da oleaginosa apresentavam boas ou excelentes condições até o último domingo, conforme dados do USDA.

A última previsão climática aumentou as expectativas para a safra de milho e soja dos EUA, já que a safra se aproxima dos principais estágios de desenvolvimento.

“Temos chuva bem à frente desse grande aquecimento”, disse Don Roose, presidente da US Commodities. “Se você está saindo do plantio e a safra está alta e as classificações estão altas, o comprador deve tomar cuidado. Os fundos foram comprados por muito tempo e estão liquidando ”, completa o presidente.

Paralelamente, o analista da Safras & Mercado ainda reforça que a recente queda nos preços pode atrair compradores para a soja. “Essa queda pode fazer com que os fundos especuladores voltem à ponta compradora e façam posições mais longas”, ressalta.

Mercado brasileiro

O mercado brasileiro registrou mais um dia de poucas referências e negócios para a soja. Conforme levantamento do economista do Notícias Agrícolas, André Lopes, o preço caiu 1,46% nesta quinta-feira com a saca da oleaginosa a R$ 69,00 em Panambi (RS). Na região de Não-me-toque (RS), a perda foi de 0,73%, com a saca a R$ 68,00.

Em contrapartida, no Porto de Paranaguá, a saca disponível subiu 1,23% e encerrou o dia a R$ 82,00. O preço futuro, para entrega em março/19, registrou alta de 0,61% e finalizou a quinta-feira a R$ 83,00. O cenário é um reflexo da forte alta do dólar observada hoje.

A moeda norte-americana avançou 2,64% e terminou o dia a R$ 3,8119 na venda. O ganho foi o maior desde 18 de maio de 2017, quando o câmbio subiu mais de 8%.

“O dólar subiu mais de 2,5 por cento e fechou esta quinta-feira acima do patamar de 3,80 reais influenciado pelos mercados externos, após o Banco Central Europeu (BCE) anunciar que vai acabar com seu programa de compras de títulos no fim deste ano, mas que isso não significava juros maiores no curto prazo”, destacou a Reuters.

Já os negócios permanecem travados no mercado brasileiro, uma vez que o impasse sobre o tabelamento do frete ainda não foi resolvido. Nesta quarta-feira, o STF (Supremo Tribunal Federal) deu um prazo de 48 horas para o governo se manifestar sobre a questão do frete.

Hoje, o Governo divulgou que irá defender na Justiça a existência da tabela de frete para transporte rodoviário como parte do acordo com os caminhoneiros.

Fonte: Notícias Agrícolas