Soja: Diante da perspectiva safra recorde nos EUA, mercado recua mais de 3% na semana na CBOT

A semana foi negativa aos preços da soja negociados na Bolsa de Chicago (CBOT). De acordo com levantamento realizado pelo economista do Notícias Agrícolas, André Lopes, as principais posições da commodity acumularam desvalorizações de mais de 3%. Inclusive, os contratos da oleaginosa perderam o importante suporte dos US$ 10 por bushel.

Nesta sexta-feira (26), os vencimentos da soja finalizaram o dia com quedas entre 6,00 e 8,25 pontos. O contrato setembro/16 era cotado a US$ 9,90 por bushel, enquanto o novembro/16 era negociado a US$ 9,67 por bushel.

Ao longo dos últimos dias, o mercado já foi pressionado pelas perspectivas positivas em relação à safra de soja 2016/17 nos EUA. Isso porque, Crop Tour Pro Farmer, renomado tour que acontece anualmente no Meio-Oeste do país, divulgou projeções para a safra nos principais estados produtores e estimou a produção total em 111,39 milhões de toneladas.

O número ficou acima do indicado pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), em seu último boletim de oferta e demanda, de 110,5 milhões de toneladas. Já a produtividade média ficou em 55,9 sacas do grão por hectare, frente as 55,45 sacas por hectare indicadas pelo departamento.

“Essas estimativas baseiam-se em perspectivas de clima favorável ao longo do mês de setembro. E a cultura da soja pode se beneficiar ainda mais do clima do que a cultura do milho”, informou a nota oficial do Crop Tour Pro Farmer.

“Os números baixistas para a soja, com produção maior do que o indicado. Desde quinta-feira, o mercado já vinha dando sinais e absorvendo a perspectiva de safra recorde, por isso, caiu quase 30 pontos. E como esse relatório foi divulgado depois do fechamento do mercado, acreditamos que ainda pode influenciar os preços da soja na próxima segunda-feira”, pondera o consultor de gerenciamento de risco da FCStone, Guilherme Cioccari.

Apesar de perspectiva de aumento na oferta, é consenso entre os analistas de que a demanda pelo grão americano permanece aquecida. “As exportações da soja continuam firmes e temos que contar a postura do produtor americano mais cautelosa em relação às vendas nos atuais patamares, abaixo dos custos de produção”, pondera o consultor.

Mercado interno

A queda registrada em Chicago também pesou nos preços praticados no mercado interno de soja. Em Mato Grosso, nas praças de Tangará da Serra e Campo Novo do Parecis, a queda semanal foi de 5,41%, com a saca da oleaginosa a R$ 70,00. No Oeste da Bahia, a queda foi maior, de 5,80%, com a saca a R$ 65,00.

Na região de Assis (SP), o preço caiu 8,26%, com a saca da soja a R$ 72,59. No Paraná, em Ubiratã, Londrina e Cascavel, a perda foi de 2,84%, com a saca da oleaginosa a R$ 68,50. Em Ponta Grossa (PR), a queda foi de 2,44% e a saca fechou a semana a R$ 80,00.

Nos portos, a semana também foi negativa aos preços da soja. Em Paranaguá, o valor disponível caiu 2,96%, com a saca a 82,00, já o valor futuro recuou 2,74%, com a saca a R$ 78,00. No terminal de Rio Grande, o disponível caiu 1,36%, com a saca a R$ 80,00 . E o preço futuro registrou queda de 0,63%, com a saca a R$ 79,00. Segundo informam os analistas, a queda registrada nos preços acabou afastando os vendedores do mercado.

Já o dólar fechou a sexta-feira a R$ 3,2719 na venda, com alta de 1,25%. Na semana, a moeda acumulou alta de 2,02%. Conforme dados da agência Reuters, o câmbio teve um dia de volatilidade após declarações do vice do Federal Reserve, Stanley Fischer, recolocarem a possibilidade de o banco central norte-americano elevar a taxa de juros no país em setembro.

Por: Fernanda Custódio
Fonte: Notícias Agrícolas