Soja: Mercado busca equilíbrio em Chicago e tem manhã de preços em alta nesta 6ª feira

Manhã de sexta-feira (2) positiva para os preços da soja na Bolsa de Chicago. Os futuros da oleaginosa, por volta das 7h35 (horário de Brasília), trabalhavam com altas de 5 a 5,75 pontos nos principais vencimentos, levando o novembro/16 – referência para o mercado neste momento – a US$ 9,50 por bushel. Na sessão anterior, as cotações fecharam estáveis, porém, do lado positivo da tabela.

Segundo explicam analistas, as dúvidas sobre o potencial da nova safra americana começam a ficar cada vez menores, porém, o mercado já teria precificado toda essa oferta que está prestes a chegar dos EUA e busca agora encontrar um equilíbrio neste cenário, que ainda esbarra nas informações de forte demanda, as quais têm sido expressivas e constantes nas últimas semanas.

Entretanto, afirmam ainda que os traders aguardam com ansiedade os novos boletins mensais de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) para conferir quais serão os novos índices de produtividade estimados e se haverá ou não mudanças nos números de área de cultivo no país. Essas mudanças, ainda segundo analistas internacionais, poderiam ficar mais evidentes no reporte de outubro.

No paralelo, há ainda os movimentos dos fundos de investimento e seu posicionamento também à espera dessas informações, o que poderia trazer alguma volatilidade ainda mais acentuada para os negócios com a commodity em Chicago, ao lado da movimentação do dólar, que também vem sendo acompanhada.

Veja como fechou o mercado nesta quinta-feira:

Soja tem pressão da safra dos EUA, suporte da demanda e fecha estável em Chicago nesta 5ª

O mercado internacional da soja fechou a sessão desta quinta-feira (1) estável na Bolsa de Chicago. O primeiro contrato – setembro/16 – perdeu 0,25 ponto e encerrou os negócios valendo US$ 9,59 por buhel, enquanto o mais negociado agora – novembro/16 – subiu, assim como os demais entre os principais, e fechou com US$ 9,44. Os preços, que começaram o pregão do lado positivo da tabela, chegaram a testar algumas ligeiras quedas, porém, voltaram a subir e ficaram, em sua maioria, com ligeiros ganhos.

Com seus fundamentos já conhecidos, o mercado esperava pelo novo boletim semanal de vendas para exportação que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) trouxe nesta quinta. Os dados, entretanto, vieram em linha com as expectativas do mercado e, por isso, insuficientes para promoverem um avanço mais expressivo das cotações, as quais ainda sentem a pressão das perspectivas de uma grande safra a ser colhida nos Estados Unidos.

Na semana encerrada em 25 de agosto, os EUA venderam 1.583,9 milhão de toneladas de milho, enquanto os traders esperavam algo perto de 950 mil e 1,8 milhão de toneladas. Foram 107,5 mil toneladas da safra 2015/16 e mais 1.476,4 milhão da 2016/17. Os principais destinos foram, respectivamente, a Alemanha e a China.

Os EUA venderam ainda 82 mil toneladas de farelo de soja, contra expectativas dos traders de 75 mil a 325 mil toneladas. Da safra 2015/16, foram 12,1 mil toneladas, a maior parte enviada à Guatemala e, da 2016/17, 69,9 mil, com o Equador como o maior comprador, respondendo por 33 mil toneladas. Foram vendidas também mais 800 toneladas de óleo de soja, com o volume dentro do esperado pelo mercado, de 0 a 50 mil toneladas. Todo o volume foi da temporada 2015/16 e a República Dominicana foi a maior compradora na semana em questão.

Além disso, o USDA reportou ainda uma nova venda de soja em grãos nesta quinta-feira de 147 mil toneladas, sendo todo o volume do ano comercial 2016/17 e para destinos não revelados. E de acordo com números levantados pela Argrinvest Commodities, as vendas antecipadas dessa nova safra dos EUA já somam 18,8 milhões de toneladas, totalizando um acumulado 40% maior do que o registrado há um ano e acima ainda da média dos últimos cinco anos, de 17 milhões de toneladas.

Em entrevista ao portal internacional Agriculture.com, o analista de mercado e vice-presidente da Price Futures Group, Jack Scoville ressalta que “os americanos ainda estão bastante competitivos neste mercado, o que tem sido razão de suporte”.

No entanto, Scoville chama a atenção para o futuro da nova safra de soja dos Estados Unidos e a necessidade de um acompanhamento diário dessa fase final do ciclo produtivo da oleaginosa no Meio-Oeste. “O que eu tenho visto até agora tem estado muito bom, mas já começo a ouvir casos da síndrome de morte súbita, então”, completa.

Para Vlamir Brandalizze, consultor da Brandalizze Consulting, o mercado internacional tem mantido uma base ainda consistente no patamar dos US$ 9,40 por bushel, mostrando que as quedas que vem exibindo têm sua limitação. “O mercado segue mostrando boa demanda e dando sinais de que os compradores seguirão forte em novos negócios”, diz.

Mercado Brasileiro

No mercado nacional, com Chicago registrando sessões consecutivas de queda nos últimos dias, e diante do dólar ainda buscando definir seu caminho, os preços pouco evoluem e os negócios também. Os vendedores optam por manter sua postura mais retraída, aguardando uma retomada das referências não só nos portos, mas também no interior do Brasil. Nesta quinta-feira, o dólar testou uma recuperação e fechou em alta frente ao real, com 0,63% de ganho e cotado a R$ 3,2495. Na máxima do dia, a divisa foi a R$ 3,2642.

No entanto, o consultor de mercado Ênio Fernandes, da Terra Agronegócios, afirma: “o produtor brasileiro ainda vai ter muitas oportunidades” daqui em diante, e será preciso acompanhar, principalmente a fase da colheita da soja nos EUA e a confirmação da robustez da nova safra daquele país. E, por isso, as condições de clima no Corn Belt também exigem atenção. Na sequência, olhos voltados para a América do Sul. “Esse cenário vai trazer volatilidade, e a volatilidade, oportunidade”, acredita o consultor.

Nesta quinta-feira, as referências no terminal de Rio Grande subiram 1,29% no disponível e 1,32% no futuro, para encerrarem o dia com R$ 78,50 e R$ 77,00 por saca. Já em Paranaguá, estabilidade em R$ 79,50 e R$ 77,00, respectivamente. No interior, a maior parte das principais praças de comercialização permaneceram também estáveis. No entanto, Sorriso, em MT, perdeu 6,67% para R$ 70,00 por saca; Tangará da Serra, também em MT, caiu 1,43% para R$ 69,00; enquanto em Assis, no estado de São Paulo, o preço foi a R$ 73,76, com ganho de 4,86%.