Soja: Mercado volta do feriado atuando com estabilidade nesta 3ª feira, à espera de novidades

Nesta terça-feira (6), os negócios foram retomados nos mercados norte-americanos e, na Bolsa de Chicago, os futuros da soja voltaram do feriado do Dia do Trabalho comemorado ontem nos EUA operando com estabilidade, porém, testando algumas ligeiras baixas. Por volta de 7h15 (horário de Brasília), as cotações cediam entre 2,25 e 3 pontos entre os principais vencimentos.

A semana começa para o mercado internacional com os fundamentos já conhecidos pelos traders, que esperam agora por novas informações para poderem se posicionar. A demanda continua a ser acompanhada de perto, bem como a conclusão da nova safra dos Estados Unidos, com possibilidade, segundo analistas, de alcançar um potencial maior do que o atualmente previsto pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).

Essa produção grande, no entanto, já estaria precificada pelo mercado e, para Vlamir Brandalizze, consultor da Brandalizze Consulting, nessa espera por novidades, os preços em Chicago deverão continuar confinado em um intervalo dos US$ 9,50 aos US$ 10,50 por bushel, com dificuldade – nesse momento – de atingir sua máxima no período de pré-colheita norte-americana.

Ainda nesta terça, o mercado recebe dois reportes semanais do USDA, sendo o primeiro dele o de embarques semanais de grãos e o segundo, após o fechamento dos negócios, de acompanhamento de safras. Os números – e especulações sobre eles – também pode influenciar o andamento dos valores neste começo de semana.

Ao lado dos grãos atuando com estabilidade, a semana começa com o petróleo subindo mais de 1% na Bolsa de Nova York, buscando recuperar o patamar dos US$ 45,00 por barril. Entre as demais commodities agrícolas, as altas podem ser observadas somente no café e no algodão, ambos também negociados em Nova York, com ganhos respectivos de 0,94% e 0,56%.

Veja como se comportou o mercado brasileiro nesta segunda-feira:

Soja no BR pode encontrar melhor momento com consolidação da entressafra, diz consultor

O mercado brasileiro da soja dá início à esta semana como tem terminado as demais: com poucas novidades e negócios travados. Segundo o economista e analista de mercado Camilo Motter, da Granoeste Corretora de Cereais, os negócios são pontuais, de baixos volumes e acontecem somente para o cumprimento de algumas operações já feitas anteriormente ou diante da necessidade de caixa de alguns produtores.

E durante toda a semana, o ritmo deverá ser este. Afinal, na próxima quarta-feira, 7 de setembro, os negócios param no Brasil com o feriado do Dia da Independência, que vai acabar ‘cortando’ a comercialização internamente.

“Estamos em setembro e o que acontece, neste momento é, curiosamente, um alongamento dos negócios nos portos, que já não se esperava mais para esta época”, explica Motter. E nesta segunda-feira (5), sem a referência do mercado na Bolsa de Chicago, o preço da soja disponível no porto de Rio Grande encerrou o dia com uma leve alta de 0,64%, cotado a R$ 79,00 por saca, acompanhando um ligeiro avanço do dólar frente ao real.

Os preços internos da soja seguem recuando. Em um combinado de menores valores sendo praticados na CBOT, um dólar ainda sem muita força, as cotações não encontram espaço para uma recuperação neste momento e, consequentemente, afugentam os vendedores. “A queda foi grande e os produtores recuaram”, afirma o analista. No oeste do Paraná, por exemplo, as cotações que chegaram a registrar algo entre R$ 92,00 e R$ 93,00, hoje atuam no intervalo de R$ 77,00 a R$ 78,00 por saca.

Entretanto, segundo Motter, o período de entressafra no Brasil ainda não chegou e se consolidou e, no momento em que se efetivar, poderia trazer alguma oportunidade para uma retomada dos preços, mesmo que limitada e insuficiente para levar as referências aos patamares fortes dos meses anteriores. Nos portos do país, as referências chegaram, afinal, a alcançar os R$ 100,00 por saca, mesmo que de forma momentânea.

Demanda 

A demanda segue forte e  carregando potencial, porém, ainda como relata Motter, a indústria nacional de processamento de soja vem sofrendo com margens mais apertadas nos últimos meses. Com uma matéria-prima mais cara e mais escassa – apesar das baixas recentes – a atividade se mostra comprometida e com dificuldades, também, de avanço neste momento.

Além disso, o momento mais delicado do setor de proteína animal também exerce alguma influência e acaba limitando o potencial do consumo interno da oleaginosa. “Entretanto, o setor poderia ser beneficiado pela chegada de um produto de qualidade um pouco mais baixa, sem condições de ser exportado e que poderia ser utitlizado pela indústria”, afirma Motter.

Prêmios

Os prêmios para a soja brasileira permanecem altos e resistentes, justamente, em função dessa força da demanda. “E assim eles devem permanecer porque, além da demanda interna, há nichos de mercado que querem soja brasileira e a oferta, principalmente de produto de qualidade, neste momento é escassa”, explica o analista da Granoeste. E não só a soja em grão, mas farelo e óleo também seguem contando com prêmios positivos.

As posições mais próximas de entrega – entre setembro e dezembro – têm prêmios variando de US$ 2,10 a US$ 2,20 na pedida dos vendedores, enquanto as mais distantes – março e maio de 2017 – com algo entre US$ 0,90 e US$ 1,00. Já entre os compradores, as referências variam, respectivamente, de US$ 1,55 a US$ 1,60 e de US$ 0,55 a US$ 0,60 por bushel sobre os valores praticados na Bolsa de Chicago.

Câmbio

Há alguns meses, o dólar subia forte frente ao real e próximo dos R$ 4,00, atuando como importante combustível para a formação dos preços da soja no Brasil. Esse momento parece ter passado, porém, segundo explicam analistas, o cenário político interno ainda exige extrema cautela e acompanhamento próximo para que se entenda qual será o futuro da economia nacional e, consequentemente, da divisa americana frente à brasileira, bem como o comportamento de ambas e seus efeitos no mercado nacional da soja.

“O contexto político continua sendo bastante desafiador. Temer ainda não foi capaz de convencer o mercado de que ele vai conseguir atravessar a tormenta e aprovar as reformas fiscais”, disse o operador da corretora B&T Marcos Trabbold, referindo-se ao Presidente da República, Michel Temer, em entrevista à agência de notícias Reuters. Nesta segunda-feira, a moeda fechou com alta de 0,88% e valendo R$ 3,2821.

O movimento, nesta segunda-feira, no entanto, foi fraco, também com a ausência dos EUA entre os negócios e a semana deverá começar, efetivamente, nesta terça (6), quando as operações forem retomadas no país. O movimento do dólar, inclusive, sente ainda as especulações sobre o futuro da taxa de juros norte-americana e uma decisão sobre um possível ajuste para cima ou uma manutenção será divulgada no próximo dia 21, quando acontece uma nova reunião do Federal Reserve (o banco central dos EUA).

Perspectivas

Para o consultor de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze, o principal momento da entressafra brasileira está se aproximando e trazendo boas perspectivas.
“Devemos ter pouca soja para comercializar, porque já embarcamos mais de 46 milhões de toneladas este ano, a projeção é chegarmos a 55 milhões, faltam só 9 milhões, podemos passar a meta, o complexo soja deve embarcar 72 milhões de toneladas, ou seja, está avançando para perto disso e, com isso, os preços da soja interna, mesmo com a queda que tivemos em Chicago nas últimas duas semanas, eles não caíram tanto. Os preços caíram mais nos portos do que no interior, e isso deve continuar”, explica.

Assim, para Brandalizze, há a possibilidade uma demanda interna se recuperando nas próximas semanas, permitindo uma valorização interna ainda mais expressiva, promovendo um descolamento mais forte do mercado interno do externo. “O produtor já vendeu o que precisava e agora ele vai administrar os negócios, ele vai segurar. E segurando, ele mesmo acaba forçando o mercado para cima, porque o comprador vai buscar produto. Ou sobe Chicago, ou sobe prêmio”, diz.

Bolsa de Chicago

Os negócios serão retomados nesta terça-feira também na Bolsa de Chicago, com os fundamentos já conhecidos pelos traders – e pelos atuantes todos do mercado – e a expectativa, portanto, é de que as oscilações permaneçam limitadas, com as cotações, segundo Vlamir Brandalizze, ainda atuando na faixa dos US$ 9,50 e US$ 10,50 por bushel.

“Para preços acima dos US$ 10,00 ainda podemos demorar algumas semanas, porque o momento ainda é de colheita (nos EUA) e momento de colheita a pressão maior é negativa, isso é normal. A safra americana é uma safra grande, mas o  fator demanda é forte, com uma demanda grande e a China que continua comprando”, explica o consultor de mercado da Brandalizze Consulting.

Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas