Soja: Na manhã desta 5ª feira, Chicago trabalha com estabilidade e busca equilíbrio

Quinta-feira (22) de estabilidade para os preços da soja na Bolsa de Chicago. A commodity atuava com pequenas altas na manhã de hoje, buscando um equilíbrio diante da intensa realização de lucros do pregão anterior, após bater em suas máximas em semanas, nos últimos dias. Assim, por volta de 8h05 (horário de Brasília), os ganhos variavam de 1 a 2,75 pontos, com o novembro/16 em US$ 9,77 e o maio/17 em US$ 9,93.

O mercado internacional da soja já tem conhecimento de seus fundamentos – especialmente a conclusão da safra americana e o início da brasileira – e parece ter absorvido bem, segundo os analistas, a manutenção da taxa de juros nos EUA pelo Federal Reserve, o que promoveu um recuo do dólar frente à algumas moedas nesta quarta-feira (21). E nesta quintam o dollar index ainda exibe algum recuo, de pouco mais de 0,3%, e mantém atraindo a atenção dos traders. Além disso, o petróleo segue sua trajetória de alta e sobe mais de 1% em Nova York na manhã de hoje, bem como acontece em Londres.

Ainda nesta quinta, o mercado recebe do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) o novo reporte semanal de vendas para exportação e os números podem vir confirmando ainda mais a força da demanda pelos grãos norte-americanos. Somente nesta semana, já foram vendidas 474 mil toneladas de soja em grão, além de sorgo e trigo.

Soja fecha em baixa na CBOT realizando lucros após altas de quase 5% nos últimos 4 pregões

Após as quatro últimas sessões consecutivas em que os preços da soja acumularam uma alta de quase 5% na Bolsa de Chicago, os preços voltaram a ceder de forma expressiva nesta quarta-feira (21) e terminaram o dia com baixas de mais de 13 pontos entre os principais vencimentos. Com isso, o vencimento novembro/16, ainda o mais negociado, fechou o dia com US$ 9,75 por bushel, após encostar em uma mínima de US$ 9,71. Já o maio/17, referência para a safra brasileira, que registrou a máxima em US$ 10,01, viu o movimento de realização de lucros se intensificar e levar a posição ao fechamento com US$ 9,90.

Os futuros do farelo e do óleo de soja que também vinham registrando um movimento importante de altas também recuaram nesta quarta e terminaram a sessão perdendo mais de 1% entre suas principais posições.

“Os mercados agrícolas tiveram muitas informações para digerir nesta quarta-feira, o que inclui novas vendas para exportação dos Estados Unidos e o Federal Reserve (o banco central norte-americano) mantendo a taxa de juros dos EUA inalterada”, afirmou o analista internacional Bob Burgdorfer, do portal Farm Futures.

E de fato, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) trouxe novas vendas de soja em grão com um volume total de 364 mil toneladas, divididas entre a China, Taiwan e destinos não revelados. Nesta terça, os chineses, ainda segundo informações do departamento americano, já haviam adquirido outras 110 mil toneladas da oleaginosa. A força da demanda, portanto, permanece presente e ganhando espaço.

A correção do mercado, porém, foi inevitável e os dados insuficientes para revertâ-la, mas somente para limitá-la. O mercado, no entanto, espera agora pelo novo reporte semanal de vendas para exportação que o USDA traz, tradicionalmente, às quintas-feiras. “E o ritmo de exportação é forte”, afirma o consultor de mercado Carlos Cogo.

Outro fator que ajudou a segurar não só a soja, mas também outras commodities, foi o avanço expressivo do petróleo nesta quarta-feira. Em Nova York, seus futuros fecharam o dia com alta de mais de 3% e voltaram à casa dos US$ 45,00 por barril.

O clima nos Estados Unidos também segue aparecendo entre os fundamentos que direcionam os futuros da soja na CBOT e, ainda como explica Cogo, enquanto os trabalhos de campo continuarem a se desenvolver e a nova safra ainda estiver exposta a alguns riscos, as especulações deverão se manter. No entanto, lembra que a frota de maquinários agrícolas dos EUA é uma das maiores e melhores do mundo, capaz de compensar determinados atrasos.

Nesta quarta, tempestades voltaram a ser registradas nos estados de Iowa e Nebraska e deverão durar, segundo as previsões, até, pelo menos, esta sexta-feira (23). No período dos próximos sete dias e no intervalo de 6 a 10, as temperaturas, de acordo com mapas do NOAA, ligeiramente acima do normal para esta época do ano.

Dólar e Juros nos EUA

No cenário financeiro, o Federal Reserve trouxe um anúncio com a manutenção da taxa de juros entre 0,25% e 0,50% nos EUA, como vinha sendo esperado pelo mercado e, na sequência, o dólar ampliou sua queda frente ao real para 1,52% e fechou o dia com R$ 3,2114. Esse, segundo informou a Reuters, é o menor patamar registrado pela moeda desde 8 de setembro.

 “O Fed deu a impressão de que está cada vez mais distante um aumento dos juros. E o dólar só tinha o Fed para segurar as cotações”, comentou o economista de uma corretora nacional em entrevista à agência de notícias. Leia mais:

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Mercado Brasileiro

Com essa reação do dólar aliada às baixas em Chicago, os preços no Brasil sentiram a pressão também e terminaram a quarta-feira em campo negativo na maior parte das principais praças der comercialização levantadas pelo Notícias Agrícolas. A exceção ficou por conta de Não-Me-Toque e Panambi, ambas no Rio Grande do Sul, com ganhos de 1,45% e 0,69%, respectivamente, para R$ 70,00 e R$ 70,50 por saca.

Nas demais, o recuo dos preços variou entre 1,37% e até 18,42%, como foi o caso de Barretos, em São Paulo, onde a saca de soja foi a R$ 60,57. Em Sorriso, Mato Grosso, R$ 71,00 e queda de 1,39%; em Jataí, Goiás, recuo de 0,38% para R$ 65,75.

Nos portos, as baixas foram ainda mais intensas. A soja disponível perdeu 2,47% em Paranaguá e 3,13% em Rio Grande, para, respectivamente, R$ 79,00 e R$ 77,50 por saca. As referências para a oleaginosa da safra nova também cederam. No terminal paranaense, 2,50% para R$ 78,00 e no gaúcho, 3,21% para R$ 78,40 por saca.

Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas