Soja perde mais de 4% em Chicago, mas no Brasil preços se mantêm com dólar e prêmios

Os números trazidos pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) nesta sexta-feira (10) surpreenderam o mercado e pressionaram o mercado futuro norte-americano da soja de forma bastante agressiva. Somente nesta sessão, as cotações da commodity perderam mais de 40 pontos, voltando a atuar abaixo dos US$ 9,00 por bushel.

“Os traders passaram por um intenso e generalizado movimento de vendas, principalmente na soja e no trigo”, disse o analista sênior de commodities da Futures International, Terry Reilly á Reuters Internacional. “O mercado terá de calcular seus movimentos com uma safra muito maior nos EUA a partir de agora”, completa.

Nesse quadro, as baixas acumuladas pelos futuros da soja na Bolsa de Chicago na semana também foram intensas, passando dos 4% entre as posições mais negociadas. Assim, o vencimento novembro, que é a atual referência do mercado, ficou em US$ 8,61 – caindo 4,55% – e o janeiro foi a US$ 8,73 por bushel.

Mercado Nacional

Apesar das baixas intensas em Chicago, os preços no mercado brasileiro tiveram poucas mudanças nesta sexta-feira – e na semana – com uma alta do dólar bastante expressiva frente ao real e uma nova alta dos prêmios no mercado brasileiro. “Em reais por saca, pouca coisa mudou”, disse o analista de mercado Eduardo Vanin, da Agrinvest Commodities.

As principais posições de entrega para a soja nos portos brasileiros ainda têm prêmios bastante firmes, como o de agosto em 185 cents e o setembro em 200 cents sobre Chicago. Para março, o valor é de 100 cents de dólar.

Com isso, na semana, os preços nos portos do Brasil conseguiram, inclusive, fechar com um balanço positivo. Em Paranaguá, a soja disponível subiu 1,12% para R$ 90,00 e para fevereiro do ano que vem, R$ 83,00, com ganho de 2,22%. Em Rio Grande, alta de 0,58% para R$ 87,00 no disponível e de R$ 0,49% para setembro/18, que fechou com R$ 88,00 por saca.

Nesta sexta, o dólar deu um salto de 1,59% para R$ 3,8640 e registrou seu maior patamar desde 16 de julho. O dia foi de intensa aversão ao risco nos mercados internacionais com preocupações sobre a Turquia.

Bolsa de Chicago

As mudanças no quadro norte-americano 2018/19 de soja foram as que mais pressionaram os futuros em Chicago nesta sexta.

A produção de soja subiu de 117,3 milhões para 124,81 milhões de toneladas, com a produtividade subindo de 55 para 57,83 sacas por hectare. Assim, os estoques finais foram revisados de 15,77 para 21,36 milhões de toneladas.

As médias esperadas pelo mercado eram de 120,51 milhões, 55,81 sacas por hectare e 17,45 milhões de toneladas, respectivamente.

Na contramão, porém, o USDA aumentou também o esmagamento e as exportações para, em ambos os casos, 56,06 milhões de toneladas. No reporte anterior, os números eram respectivamente de 53,34 e 55,2 milhões de toneladas.

USDA Agosto - Soja

“Assim como alertamos anteriormente, apesar das reduções recentes nas condições de safra para o país, os nossos tours de safra pelo Cinturão Agrícola sempre nos mostraram um desenvolvimento excelente de ambas as culturas (soja e milho), com a possibilidade de uma nova, e consecutiva,
safra recorde”, dizem os analistas da AgResource Mercosul (ARC).

Apesar dessas baixas mais fortes dos preços após o USDA, o mercado ainda seguirá acompanhando as condições de clima no Corn Belt para entender como será a conclusão da safra 2018/19 dos EUA e a demanda pelo produto norte-americano, a qual segue bastante aquecida, como mostram os dados de vendas antecipadas também do departamento americano, principalmente dos países além China.

 

Nesta sexta, a instituição informou uma nova venda de soja em grão de 210 mil toneladas, sendo 80 mil da safra velha e 130 mil da safra nova para destinos não revelados.

Além disso, como explica o analista da ARC, Matheus Pereira, os chineses terão a necessidade de importar, de agora a fevereiro, cerca de 12 a 15 milhões de toneladas de soja dos EUA, uma vez que a oferta da América do Sul será insuficiente para atender as necessidades da nação asiática. Para ele, a demanda, portanto, também deverá exigir muita atenção e poderia ser o fiel da balança para os preços em Chicago diante de uma oferta tão grande como a que está sendo esperada nos EUA.

Clima nos EUA

E para os próximos cinco dias, as previsões mais atualizadas já mostram menores volumes de chuvas sendo esperados para as regiões produtoras norte-americanas.

“A região de Illinois, Wisconsin, Indiana e Iowa passam por um período passageiro de estiagem. Tal leitura é congruente com as atualizações anteriores, o que aumenta a taxa de assertividade. Entretanto, da mesma maneira que chuvas são retraídas no curto-período, os mesmos mapas confirmam a volta das precipitações acima dos 20mm acumulados em 5 dias, na segunda quinzena de agosto, para todo o Cinturão e o Delta do Mississippi”, diz a equipe de meteorologia da ARC.

Clima Agr

 

Fonte: Notícias Agrícolas Por Carla Mendes