Soja subiu quase 4% em Chicago ainda na especulação sobre disputa China x EUA

 

Em um dia emblemático para o mercado global da soja, a volatilidade foi a palavra-chave na Bolsa de Chicago no pregão da sexta-feira, 6 de julho. As altas entre as principais posições, por volta de 14h45 (horário de Brasília), se aproximavam de 4%, ou de 30 pontos, com o julho/18 de volta aos US$ 8,63 por bushel.

As especulações sobre a possibilidade de um acordo entre China e Estados Unidos ainda pautam o andamento das cotações. As taxações deverão começar a valer na tarde de hoje e, como explica o analista de mercado Carlos Cogo, “há a expectativa de que os dois países ainda poderiam, na última hora, tirar seus times de campo. Há um otimismo sobre isso, mas tudo pode acontecer ainda hoje” e anunciar um acordo ou um adiamento e assim, neste momento, o mercado reflete isso.

Líderes chineses acusam o governo americano de dar início à maior guerra comercial da história. Ainda assim, Donald Trum elevou o tom sobre o assunto dizendo que o total taxado poderia chegar a US$ 500 milhões.

Os traders agora buscam estar bem posicionados para encarar os efeitos práticos desta disputa, uma vez que vieram precificando-os nos últimos meses. Somente em junho, a soja acumulou uma baixa de mais de 15% em Chicago.

Ainda segundo Cogo, o mercado teria ainda “sobreprecificado” essa guerra comercial, levando os preços a patamares muito baixos. “E tudo o que pe exagero precisa ser corrigido”, explica, sinalizando a possibilidade de uma retomada – mesmo que leve – das cotações na medida em que as informações comecem a ser digeridas e os negócios, acomodados. “Teremos que avaliar os reflexos do sim ou do não”.

Para Camilo Motter, o cenário se completa com um famoso movimento do mercado. “O mercado caiu demais no bato e agora está subindo no fato”, diz. “Acredito que o mercado sobe nesse momento porque estava muito pressionado e, enfim, chegou a hora da verdade. A China esperou que os EUA dessem o primeiro tiro nesta guerra, por isso – apesar de fuso horário 12 horas a frente de Washington – eles esperaram os EUA executarem o primeiro movimento”, completa.

As incertezas, no entanto, ainda são muito grandes e os chineses seguem buscando alternativas para uma possibilidade de ter de migrar boa parte de sua demanda para outro fornecedor que não os EUA, além dos já tradicionais, especialmente o Brasil.

Informações apuradas pela consultoria internacional AgResource Mercosul (ARC) mostraram que o governo da China se reuniu, nos últimos dias, com as maiores esmagadoras do país para alertá-las sobre a possibiilidade de uma redução de suas importações de soja em grão na casa de 15% a 20% no próximo ano comercial, o que daria cerca de 15 a 20 milhões de toneladas a menos, se confirmado esse intervalo.

Fonte: Notícias Agrícolas/Por: Carla Mendes