O solo, base da produção agrícola, foi o tema do primeiro módulo da capacitação continuada na parceria da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop). Durante três dias (25, 26 e 27/03), um grupo de 22 técnicos de cooperativas desenvolveram atividades teóricas e práticas sobre “Agricultura conservacionista e fertilidade do solo”.
De acordo com o Chefe-Geral da Embrapa Trigo, Sergio Dotto, “o pesquisador, na maioria das vezes, não sabe falar com o produtor. Precisamos deste meio de campo que é a assistência técnica”.
Para o Gerente Técnico da OCB, Paulo Cesar Dias do Nascimento Junior, a aproximação com a Embrapa visa à atualização tecnológica das equipes nas cooperativas: “Nós, há algum tempo, já tínhamos este desejo de concentrar a transferência de tecnologias na nossa parceria, antes focada somente em temas pontuais, sem continuidade”.
A continuidade também foi destacada pelo coordenador do Departamento de Transferência de Tecnologia da Embrapa, Otavio Valentin Balsadi, ressaltando a importância dos mesmos técnicos participarem dos sete módulos, durante mais de 140 horas de capacitação em cereais de inverno. “O mais importante é a capacidade destes técnicos de multiplicarem os conhecimentos do curso que está oferecendo muito além de palestras, mas a troca de conhecimentos com interação entre os participantes com realidades distintas no campo de trabalho”, avalia Balsadi. “A programação foi elaborada com a intenção de provocar tanto o estímulo à leitura dos cenários, como o debate”, explica o Chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Trigo, Adão Acosta.
Participantes
Os 21 participantes da capacitação representam importantes cooperativas de grãos do país, com sede nos estados de RS, PR, MG, SP e MS. São engenheiros agrônomos e administradores, responsáveis pelo departamento técnico das cooperativas, muitos em função de supervisão de equipes de campo.
Para o técnico Divar Zanchet, da Coopibi (Ibiraiaras, RS), o primeiro módulo do curso surpreendeu: “Falamos aqui não apenas de enxurrada no solo, mas de uma enxurrada de informações. Foi uma reflexão que nos trouxe o desafio de adaptar estes conhecimentos para a nossa realidade”.
O link entre o conteúdo teórico e a vivência prática foi o que mais agradou o técnico Eloir Pellizaro, da CVale, sede Palotina, PR: “Aprender fazendo. Este foi o recado. Nós temos muitos terraços na região da CVale, mas vimos agora que isso já não é suficiente. A conservação de solos é um processo muito mais amplo. Precisamos envolver o produtor na diversificação da cobertura, na orientação da semeadura e muitas outras práticas de que temos conhecimento mas acabaram esquecidas”.
Segundo o técnico Robson Mafioletti, da OCEPAR, muitos dos participantes construíram um terraço apenas na época de graduação: “agora voltamos ao campo para construir novamente, após tantos anos, a partir de novas técnicas de dimensionamento e escoamento”.
Com uma realidade bem diferente, o técnico Adimar de Souza, da Copamil (Iraí de Minas, MG), ainda não enfrenta muitos problemas com erosão nas lavouras do Centro-oeste do Brasil. “Mesmo sem saber ainda ao certo como vou aplicar os conhecimentos deste primeiro módulo do curso, fiquei surpreso em conhecer o problema, em visitar o produtor que mostrou como é possível reverter a situação de perdas. É minha primeira vez na região e participar das atividades práticas com os colegas foi muito gratificante. É um aprendizado completo que nos tira do isolamento profissional e serve como motivador para o nosso trabalho”, declara o técnico mineiro.
“Quando a gente saí da zona de conforto, gera uma ansiedade. Não trabalhamos com agricultura conservacionista. Ainda não. Depois de tantas orientações dos caminhos a percorrer, fica difícil voltar para São Paulo e continuar fingindo que o problema não existe”, conclui o técnico da CACB (Capão Bonito, SP) Nelio Masayuri Uemura.
Participam do curso as seguintes cooperativas: Copasul, Cotrel, Coamo, Coopavel, Cotripal, Coopibi, Copamil, Agrária, CACB, Cotrisal, Coopatrigo, Copacol, Cotribá, CVale, Cotrijal, Castrolanda, Coasa, Coagrisol e Cotriel, além de representantes da Ocepar e OCB. O próximo módulo, previsto para o final de abril, vai discutir pontos críticos no processo de colheita e pós-colheita.
Por: Joseani M. Antunes (9693 MTb/RS)
Embrapa Trigo
