Tabela do frete impede ganhos com exportação de soja 

As vendas referentes a próxima safra estão suspensas desde maio

O presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprasoja), Bartolomeu Braz Pereira, afirmou que os produtores brasileiros já deixaram de vender 20 milhões de toneladas de soja para a China por causa do tabelamento do frete. Ele alerta que o aumento dos custos do transporte de cargas pode reduzir a competitividade do produto nacional e anular o valor dos prêmios sobre as importações.

“Não fosse essa situação, já teríamos vendido pelo menos 12 milhões de toneladas desse estoque, principalmente para os chineses. Estamos perdendo a oportunidade inclusive de vender com o prêmio, que hoje está US$ 2,30 por bushel”, declara.

As vendas referentes a próxima safra estão suspensas desde maio, quando iniciaram as negociações entre o governo e os caminhoneiros. De acordo com Pereira, o motivo para essa paralisação é que os produtores de soja ainda não sabem exatamente qual o tamanho do impacto que a tabela de fretes, calculada entre 25% a 40%, causará sobre seus custos.

A opinião também é compartilhada por Daniel Amaral, gerente de Economia da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) que acredita que os valores gastos com logística encareceria ainda mais o produto. Ele também alega que até o momento, os chineses já adquiriram cerca de 40 milhões de toneladas de soja do Brasil, e que a previsão é de outras 19 milhões de toneladas sejam exportadas no  segundo semestre do ano, valor que não inclui os estoques da safra passada. “O custo de produção e escoamento da soja vai aumentar a ponto de engolir o ganho que se espera com o prêmio”, comenta.

Outra preocupação, segundo Pereira, é a guerra comercial entre Estados Unidos e China, que apesar de ter ampliando as possibilidades para o aumento da exportação brasileira para os asiáticos, também pode acabar encarecendo o preço cobrado pelas commodities. Ele também destaca que, além disso, a área de plantio deveria ser ampliada, o que demandaria de pelo menos dois anos.

“No momento, em razão das instabilidades internacionais e locais, os produtores ainda não estão com planos de ampliar o plantio. Tudo vai depender do mercado futuro e das confirmações de que, de fato, haverá maior demanda pela soja brasileira.”, finaliza o presidente da Aprosoja.

Fonte: Agrolink/Por Leonardo Gottems

Crédito Imagem: Domínio Público/Pixabay