Preço do milho cai na B3 nesta 4ªfeira e inicia tendência de baixa, diz Brandalizze

Analista aponta que avanço das colheitas e aumento das importações podem aumentar a oferta e pressionar cotações após mercado atingir o teto

Na Bolsa Brasileira (B3) a quarta-feira (28) foi de leves recuos para os preços futuros do milho, com os contratos do cereal devolvendo parte dos ganhos acumulados nos últimos dias.

O vencimento setembro/21 foi cotado à R$ 101,59 com desvalorização de 0,93%, o novembro/21 valeu R$ 101,90 com perda de 0,88%, o janeiro/22 foi negociado por R$ 102,40 com baixa de 0,82% e o março/22 teve valor de R$ 102,19 com queda de 0,72%.

Para o analista de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze, a colheita da segunda safra começa a ganhar ritmo em muitos dos estados brasileiros e esses novos volumes entrando no mercado vão pressionar o mercado.

Outro ponto destacado por Branadalizze é que as importações de milho no Brasil estão crescendo com o cereal chegando nos portos nacionais abaixo dos R$ 90,00 e ajudando a aumentar a oferta nos próximos dias.

“A B3 mostra uma tendência de baixa e podemos entrar nos primeiros dias de agosto com os preços em queda. As cotações não vão despencar porque este é um ano de mercado firme, mas o mercado já subiu ao teto e vamos ter essa pressão de baixa com muito milho chegando”, diz.

O analista ainda relata que, esta safra brasileira veio com potencial produtivo de 90 milhões de toneladas e existia a expectativa de perda de 30 milhões para fechar a produção em 60 milhões de toneladas, mas já existe a possibilidade de chegar em 65 milhões com perdas menores do que o esperado.

Mercado Físico

O mercado físico do milho brasileiro seguiu em alta nesta quarta-feira, mas começou a apresentar as primeiras quedas dos últimos dias em algumas das praças pesquisadas. No levantamento realizado pela equipe do Notícias Agrícolas, Tangará da Serra/MT e Campo Novo do Parecis/MT já registraram recuos.

Por outro lado, Ubiratã/PR, Castro/PR, Pato Branco/PR, Palma Sola/SC, Maracaju/MS e Campo Grande/MS continuaram a contabilizar valorizações nos preços da saca.

De acordo com o reporte diário da Radar Investimentos, as cotações do mercado físico do milho vinham seguindo firmes nesta semana, mas a colheita em todo vapor na América do Sul já deixava o produtor cauteloso com o clima e o dólar e negociando apenas volumes mínimos.

No Mato Grosso do Sul, por exemplo, os preços terminaram a última semana estáveis em R$ 88,13 enquanto a colheita segue atrasada, com apenas 4,1% finalizados, e as lavouras acumulando prejuízos com o clima, o que levou a Famasul a classificar apenas 1% das áreas como em boas condições.

Já em Goiás, com a colheita chegando aos 20%, o Ifag apontou que a saca do milho subiu R$ 1,99 na semana chegando aos R$ 79,20 na média estadual.

Mercado Externo

Já os preços internacionais do milho futuro começaram o dia em campo misto e próximos da estabilidade, mas passaram a subir na Bolsa de Chicago (CBOT) ao longo da quarta-feira.

O vencimento setembro/21 foi cotado à US$ 5,49 com elevação de 0,50 pontos, o dezembro/21 valeu US$ 5,49 com alta de 2,75 pontos, o março/22 foi negociado por US$ 5,56 com valorização de 3,00 pontos e o maio/22 teve valor de US$ 5,60 com ganho de 2,75 pontos.

Esses índices representaram elevações, em comparação com a última terça-feira (28), de 0,18% para o setembro/21, de 0,55% para o dezembro/21, de 0,54% para o março/22 e de 0,36% para o maio/22.

Segundo informações da Agência Reuters, os futuros do milho de Chicago se firmaram, mas o comércio ficou agitado, já que os corretores pesaram os temores de uma queda nas avaliações da safra contra as previsões de temperaturas mais amenas na próxima semana e a lenta demanda de exportação para suprimentos dos Estados Unidos.

Julie Ingwersen da Reuters Chicago, relata que os futuros de milho subiram após um início agitado, pois os participantes do mercado aguardavam novas orientações. As condições de seca que afetam partes do cinturão de safra do meio-oeste deram apoio, com a soja se aproximando de sua fase principal de formação de frutos no mês que vem.

“As safras dos EUA estão no auge com agosto quase chegando, e assim o clima do meio-oeste começa a assumir maior importância”, disse Tobin Gorey, diretor de estratégia agrícola do Commonwealth Bank of Australia.

Fonte: Noticias agrícolas