Tecnologias da Embrapa para o setor sucroenergético apresentadas na 52ª reunião da Câmara

52ª reunião da Câmara Setorial do Açúcar e Álcool

Diversas tecnologias desenvolvidas pela Embrapa para o setor de produção de açúcar e álcool foram apresentadas pelo chefe-geral da Embrapa Agroenergia, Alexandre Alonso, durante a 52ª reunião ordinária da Câmara Setorial do Açúcar e do Álcool, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Mapa. A reunião aconteceu de forma virtual nesta terça-feira, 30 de novembro.

Alonso iniciou apresentando um panorama geral das pesquisas da Embrapa com cana-de-açúcar, atualmente realizadas em 12 unidades descentralizadas, por mais de 500 profissionais em 122 diferentes projetos em andamento. “Trabalhamos com cana em 33 portfólios e com mais de 30 desafios. Hoje são mais de 50 tecnologias disponíveis para o mercado”, informou o pesquisador.

Nas diversas unidades da Embrapa que trabalham com cana-de-açúcar, as mais recentes pesquisas resultaram na construção de um banco ativo de germoplasma para o completo Saccharum (localizado na Embrapa Tabuleiros Costeiros, em Aracaju – SE); em novos sistemas de produção utilizando a metodologia de plantio direto; numa tecnologia de consórcio com o milho (Canamilho); sensores para irrigação; expansão para novas áreas no Cerrado; fixação biológica de nitrogênio (Aprinza); distribuição espacial com o zoneamento agrícola; rastreabilidade da cadeia da cana-de-açúcar utilizando a tecnologia blockchain; e no desenvolvimento da calculadora para o programa RenovaBio, a RenovaCalc, baseada na análise do ciclo de vida dos biocombustíveis.

Alonso falou também da coordenação feita pela Embrapa da rede Pluricana, que reúne 22 instituições de pesquisa com foco em estudos de pré-melhoramento, melhoramento, sistema de produção, biotecnologia e insumos biológicos para cana.

Mais especificamente na Embrapa Agroenergia, o pesquisador apresentou as principais pesquisas em desenvolvimento para a cultura da cana que utilizam técnicas de engenharia genética e/ou edição genômica – Crispr/Cas9. Entre as quais, citou:

– Cana com resistência a estresse hídrico (gene Dreb)/tolerância à seca – material já passou por prova de conceito e ensaios em campo;

– Cana BTRR com resistência à broca e ao herbicida glifosato, codesenvolvida com a startup Pangeia Biotech e apoio da Embrapii e Sebrae. Também já foi testada em campo;

– Cana 2+ – Segunda versão da cana BTRR, agora com resistência ao Bicudo da cana;

– Variedade com gene MATE para tolerância ao alumínio;

– Cana Flex, com maior digestibilidade da parede celular;

– Cana Flex 2, com inserção do gene BAHD5 e mudanças significativas na disponibilidade de açúcar;

– Cana com baixa atividade de PPO (polifenoloxidase), enzima que atua no escurecimento do caldo .

O chefe-geral da Embrapa Agroenergia afirmou também que a Embrapa continua fazendo melhoramento genético convencional e análises de genotipagem para prever o comportamento que as plantas terão quando levadas a campo e identificar espécies superiores por meio da tecnologia de seleção genômica.

“Desenvolvemos para isso o primeiro e maior chip de genotipagem de SNPs para a cultura e instalamos ensaios em Pelotas (RS), Goiânia (GO) e Cuiabá (MT). Neste momento, os pesquisadores estão coletando dados fenotípicos para a calibração do modelo de predição genômica. A ideia é encurtar o ciclo de melhoramento da cultura para 40% a 60% do tempo, antecipando ganhos e renda para o produtor”, explicou Alonso.

Novidades para o etanol 2G

Na apresentação, Alonso também falou das pesquisas nas áreas de pré-tratamento, hidrólise e fermentação para obtenção do etanol de segunda geração/etanol 2G e de bioprodutos baseados em açúcar. Uma dela é a análise em tempo real para avaliar a qualidade do bagaço da cana, usando equipamento infravermelho do tipo NIR.

Outras tecnologias consistem em processos para pré-tratamento da biomassa lignocelulósica, uma delas utilizando água e pressão para liberar os açúcares contidos na parede celular (auto-hidrólise) e outro com o uso de solvente químico (Organosolv).

Na mesma linha, os pesquisadores da Embrapa Agroenergia também criaram, juntamente com técnicos do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) o coquetel enzimático CMX , que aumenta o rendimento da hidrólise para liberar glicose e xilose a partir da cana.

Bioprodutos da cana

Neste momento, as pesquisas da Embrapa Agroenergia estão buscando, além dos biocombustíveis, novos bioprodutos a partir da cana-de-açúcar. Alonso apresentou tecnologias para a obtenção de bioplástico, xilitol, ácido xilônico, entre outros, que possuem diversas aplicações na indústria.

Outra tecnologia em desenvolvimento consiste na aplicação de microalgas para a biorremediação da vinhaça, principal resíduo da indústria da cana, e ainda a produção de biogás a partir desse tipo de resíduo.

“Nossa visão é que o setor da cana pode continuar crescendo e explorando outros ambientes de negócio muito além do etanol 1G e 2G. Vemos oportunidades para o desenvolvimento de biocombustíveis avançados, além de novos bioprodutos e químicos verdes” disse Alonso.

“Enxergamos isso como algo promissor, assim como a integração do sistema de produção de cana-de-açúcar com outros, nos quais os resíduos são utilizados para a produção de biogás e produção de microalgas que pode ser, no futuro, uma plataforma para a captura de CO2”, concluiu Alexandre Alonso. A próxima reunião da Câmara Setorial do Açúcar e do Álcool está prevista para acontecer no dia 2 de fevereiro de 2022.

Fonte: Embrapa