28.04 – Dia mundial da educação

Projetos de qualificação profissional contribuem para o sucesso e crescimento do empreendedorismo no Brasil

De acordo com pesquisa, apenas 28,5% dos novos empreendedores tem curso superior completo. Em um contexto desfavorável, companhias líderes nos seus setores atuam como facilitadoras para completar o conhecimento necessário para criar, abrir e desenvolver uma empresa

Atualmente, o Brasil é o 7º país com mais empreendedores, cerca de 14 milhões de pessoas, ou quase 10% da população adulta brasileira (*). O crescimento de 1,2 pontos percentuais registrado no último ano fez o País subir seis posições no ranking mundial, mostrando uma evolução positiva. Mas há espaço para crescer ainda mais. De acordo com o relatório da Global Entrepreneurship Monitor (GEM) 2021 e pesquisa realizada pelo Sebrae e pelo IBQP (Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade), apenas 28,5% dos empreendedores iniciais (**) tem curso superior completo.

Neste cenário, surgem grandes empresas que atuam como facilitadoras para preencher esta lacuna. Por meio de programas de compartilhamento de conhecimento e orientação, elas auxiliam na construção de importantes alicerces para o planejamento e sucesso do futuro empreendedor. Este é o caso do projeto Conecta Copersucar, um programa de responsabilidade social executado em parceria com o Instituto Crescer, voltado para a educação de jovens em situação de vulnerabilidade e para o desenvolvimento de comunidades mais necessitadas. O objetivo é impulsionar a transformação social e conhecimento integral do cidadão por meio de ações que envolvem empreendedorismo, qualificação profissional, educação, esporte, saúde, arte e cultura.

Nos últimos seis anos, o Conecta Copersucar beneficiou mais de 35 mil pessoas das comunidades onde a empresa tem atuação direta – Santos, Ribeirão Preto e São José do Rio Preto – que foram influenciadas pelos fóruns em roda, cafés culturais e feiras de empreendedorismo, peças de teatro e pelas ações voluntárias promovidas pelos próprios alunos do programa. Um dos principais destaques do projeto foi o apoio imediato na educação de quase 2.000 jovens e adolescentes que participaram dos cursos de qualificação profissional, das oficinas esportivas e de arte educação.

Para Maria Cláudia Trabulsi, coordenadora de sustentabilidade e meio ambiente da Copersucar, a contribuição da empresa para trazer prosperidade para as comunidades mais necessitadas passa pela melhoria da educação. “Procuramos dar ferramentas e orientações para que o jovem de baixa renda consiga ter uma base sólida para trilhar a sua carreira, reforçando, entre outros pontos, os aspectos fundamentais do empreendedorismo. Muitas vezes, esta é a oportunidade que este aluno do Conecta tem para progredir com um negócio próprio”, completa.

Em 2021, cerca de 85% dos alunos que foram selecionados para o curso do Conecta possuíam apenas o ensino médio completo, sendo que 68% eram casados e tinham filhos, ou seja, já são responsáveis pelo sustento de uma família. Mais de 90% informaram morar em imóvel alugado ou financiado e 72% possuíam renda familiar de até três salários mínimos. Outro dado interessante é que mais de 85% dos futuros empreendedores que entraram no projeto no último ano eram mulheres.

No geral, ao final do curso de qualificação profissional mais de 86% dos alunos estavam mais motivados para desenvolver e aplicar a própria ideia de negócio, 90% expressavam e defendiam melhor as ideias, 80% aprenderam a elaborar e editar materiais multimídias, 85% estavam mais criativos e 83% informaram que conseguiam ler e entender melhor os textos.

Exemplos e histórias de sucesso

Os cursos gratuitos de qualificação profissional utilizam a metodologia Design Thinking para promover o empreendedorismo por meio da formação cognitiva, comportamental e ferramental para que os participantes criem e implementem um plano de negócios, transformando ideias em projetos reais. Com o objetivo de prepará-los profissionalmente, os alunos recebem aulas gratuitas de empreendedorismo, informática, matemática financeira, comunicação e expressão, gestão da qualidade de vida e do trabalho, entre outros. Ao final, eles expõem suas empresas, produtos e serviços em uma feira organizada pelo Programa Conecta Copersucar onde podem, inclusive, fechar negócios com os visitantes.

Foram diversos exemplos de superação desde a criação do Conecta. É o caso da Natália Prado Motta (32), de São José do Rio Preto, que após a maternidade, transformou as dificuldades que os seus três filhos poderiam ter em conhecer novos alimentos em um processo divertido, enxergando que isso poderia ser levado a outras mães. A partir desta necessidade e das orientações do Conecta em 2018, nasceu a Nutrir & Amar, uma empresa que criou o método “Alimentação que transforma” e aconselha mães sobre alimentação infantil de uma forma divertida, prazerosa e saudável, visando criar bons hábitos alimentares para gerar mudanças comportamentais nos filhos e na família. “Trata-se de um método que utiliza a alimentação lúdica como ferramenta para aprendizado alimentar da criança de forma divertida e motivadora, para que não seja sofrido e traumatizante se alimentar. Ela promove a intensificação do elo familiar, mudanças de hábitos, vínculo e memórias afetivas em torno do alimento, perpetuando um legado de amor por toda vida da criança”, relata Natália.

A Nutri & Amar, que conta com parceria de nutricionistas, está completando um ano neste mês e apresentou um bom desempenho e bom faturamento. Natália conta que o Conecta foi fundamental para aprimorar seus conhecimentos e aprender sobre empreendedorismo, adquirir conhecimento sobre o processo de venda e produção de materiais de gravação. “Consegui validar meu sonho em negócio”, conta a dentista que tem como objetivo ajudar as crianças a terem uma vida melhor.

Outra aluna que mostrou que basta um auxílio para trilhar o seu próprio caminho de sucesso foi a ribeirão-pretana Altina Daniela Leal Sampaio (36 anos), uma vegetariana apaixonada por artesanato sustentável. Por meio da capacitação do Conecta Copersucar ela conseguiu concretizar o sonho de produzir e comercializar bolsas artesanais resíduo zero, um produto que também não tem origem animal. Ela conta que o curso de qualificação profissional que ela fez em 2021 ajudou a abrir portas e, hoje, a sua empresa, Arte com Pano, está reformulando os procedimentos, incluindo a destinação apropriada em busca da upciclagem das aparas e outros materiais que não seriam aproveitados. O plano agora é o lançamento da coleção de bolsas, que já está em processo de criação.

E a história é curiosa. Tudo começou a partir da construção de um muro entre vizinhas que não se conheciam. Elas conversaram e descobriram uma boa sinergia. Da nova amizade surgiu a indicação para a Altina participar do Conecta Copersucar, com o objetivo de melhorar a capacitação. “Sempre tive uma mentalidade empreendedora, mas há quatro anos cuidava da saúde do meu sogro. A amizade com a Susana me deu a oportunidade de formar uma parceria que me permitiu trabalhar em casa, administrando o meu tempo. A partir do Conecta, abri meu CNPJ, adquiri conhecimento e ganhei autoconfiança, aprendi a fazer networking e passei por várias áreas, da administração ao marketing digital. Hoje tenho material para desenvolver meu negócio por muito tempo. Para mim, a empresa é um novo ponto de partida”, comenta.

Não tem idade para aprender e começar a empreender

No Conecta Copersucar, o gosto pelo aprendizado e o processo de melhoria constante são atitudes estimuladas nas aulas. Por isso, os melhores projetos construídos em aula ainda recebem o Prêmio Conecta Empreendedor, que dá uma ajuda inicial para os alunos que mais se empenharam no curso. Foi assim que o negócio do casal Iolanda Santos (54) e Cláudio Batista (58) conseguiu um impulso para iniciar a sua jornada. Depois de saber do projeto através de uma ex-aluna, o casal, que mora em São Vicente, no Jardim Irmã Dolores, se inscreveu e realizou o curso com dedicação em cada conteúdo aplicado. Os resultados apresentados foram destaque da 10ª turma do projeto, em 2021.

Eles constituíram a empresa Amarelinho Comida Boa, que vende diversos tipos de salgados, tortas e pratos. O empreendimento de alimentação cresceu e hoje integra uma feira com temática africana, na qual o casal vende os seus produtos.

Iolanda explica que as atividades mais formais dos dois estavam em baixa e o marido desempregado. Como a comida deles era elogiada em todas as reuniões com os amigos, resolveram transformar as habilidades com a culinária em algo rentável. Porém, “precisávamos de mais conhecimento sobre empreendedorismo porque queríamos ajuda com a nossa atividade no ramo alimentício, já que a nossa primeira tentativa de conduzir um restaurante em 2019 não foi bem sucedida”, conta a estudante que tinha realizado outra tentativa em 2015 quando os dois formalizam um MEI voltado para área de festas e eventos. “No início meu marido ainda trabalhava e não focamos na divulgação da empresa com muita ênfase. Retomamos em 2019, mudando a atividade de festas para um local fixo, já que tínhamos nos mudado de Santos para São Vicente e meu marido ficou desempregado. Na época resolvemos resgatar a ideia do empreendedorismo, mas além da falta de capital de giro tivemos dois percalços adicionais: a interdição da Ponte dos Barreiros, que liga a área continental, onde estávamos localizados à área insular, e a pandemia”

Ela relata que o curso trouxe o conhecimento necessário para dar resiliência ao seu novo negócio. “Sabemos o que temos que fazer e qual o caminho a trilhar, e a ajuda do prêmio foi muito importante porque podemos comprar os insumos que nos proporcionaram um momento mais equilibrado”. Atualmente a empresa também está na feira Afrotu, resultado do bom relacionamento que tiveram com outra aluna que participou do Conecta com o casal. “A feira representa a oportunidade de demostrar para a sociedade o trabalho extraordinário que a comunidade negra pode gerar. Para nós, participar duas vezes por mês na Estação da Cidadania, em Santos, vai além da venda de alguns produtos. Lá estamos em contato com o público, divulgando diretamente e tendo o retorno sobre a qualidade dos alimentos”, completa.

E incentivo é algo frequente no programa Conecta Copersucar. Durante a pandemia, em que as aulas precisaram acontecer de forma online, foram criadas mentorias individuais para dar assistência e suporte para aqueles alunos que apresentavam dificuldades com tecnologia. E para mais de 70% dos estudantes, o curso ainda disponibilizou crédito para ter acesso à internet móvel e realizar as recargas mensais.

As aulas para este ano continuam e a expectativa é que até 90 novas empresas sejam abertas pelos alunos atuais até o final do ano. De acordo com a diretora do Instituto Crescer, Dra. Luciana Allan, o Conecta Copersucar busca atuar em diversas frentes, como o desenvolvimento profissional e a capacitação de jovens. “É fundamental promover o conhecimento para aqueles que querem desenvolver seus empreendimentos ou melhorar algum aspecto do negócio que já possuem. A metodologia utilizada no programa combina todos os principais elementos que um empreendedor tem que saber para que possa caminhar com seus projetos de forma mais assertiva e eficiente”, explica.

(*) fonte agencia Sebrae

(**) Empreendedores iniciais – aqueles que realizaram alguma ação visando ter um negócio próprio nos últimos 12 meses e/ou já têm um negócio próprio com até 3,5 anos de operação.

Fonte: GWA Comunicação Integrada