85% das lagartas em tomate são Helicoverpa armigera

Uma lagarta por planta pode reduzir a produção em 3,6 toneladas de frutos por hectare

Uma pesquisa realizada pelo setor de hortaliças da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) indicou que mais de 85% das lagartas coletadas em tomateiros industriais, entre os anos de 2012 e 2014, são da espécie Helicoverpa armigera. De acordo com o pesquisador Miguel Michereff, as coletas foram mensais e foram realizadas nos estados do Espírito Santo, Santa Catarina, São Paulo e Goiás, além do Distrito Federal.

“Embora vários estudos tenham abordado a ocorrência dessas lagartas em diferentes cultivos, esse foi o primeiro levantamento da subfamília em plantios de tomate realizado em ampla escala, cobrindo diferentes polos de produção no Brasil”, revela.

O pesquisador explicou que este estudo tem como principal objetivo analisar o impacto que essa lagarta causa na cultura do tomate industrial. Para Nayara Cristina de Magalhães Sousa, bióloga e doutoranda em Entomologia Agrícola pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), os furos causados pela Helicoverpa armigera podem até inviabilizar a venda do tomate.

“Os cálculos da avaliação do broqueamento nos frutos apontam que uma única lagarta de H. armigera em cada planta, no espaço de um hectare de tomate para processamento industrial (ou 30.000 lagartas/hectare), pode ocasionar uma redução na produção de 3,6 toneladas de frutos por hectare”, comenta.

No entanto, os especialistas da Embrapa alertam que o controle da helicoverpa deve acontecer em determinado momento da infestação, a fim de evitar prejuízos desnecessários. Nesse cenário, não é recomendável que seja feita a pulverização já na primeira indicação da existência da praga, mas sim quando a população for de mais de duas lagartas e meia por pé.

“O produtor precisa fazer o controle no momento exato porque, quando se faz antes ou quando se deixa de fazer, perde-se dinheiro. A aplicação deve ser justificada e convertida em benefício para o agricultor, mesmo porque em H. armigera é muito comum a evolução de resistência aos produtos químicos após alguns anos de uso abusivo dos inseticidas”, conclui Nayara.

Fonte: Agrolink Por Leonardo Gottems