Embrapa define 10 macrorregiões para a Caravana Embrapa FertBrasil

Assina convênio com o Mapa para repasse de recursos

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) definiram 10 macrorregiões agrícolas do Brasil para a visita, a partir de abril, dos pesquisadores e técnicos da Empresa que irão participar da Caravana Embrapa FertBrasil.  As macrorregiões serão compostas por 30 polos produtivos brasileiros, incluindo mais de 140 municípios. As datas de cada visita serão anunciadas somente no dia 30 de março pela Embrapa.

A Caravana integra o Plano Nacional de Fertilizantes anunciado, hoje (11), pela ministra Tereza Cristina, em solenidade no Palácio do Planalto. Durante o evento, o diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa, Guy de Capdeville, assinou o Termo de Execução Descentralizada (TED) com o Mapa para o repasse de R$ 1,6 milhão do governo federal para a Caravana.

“Este é um plano de Estado, não é um plano de governo. Temos que ter políticas de médio e longo prazos e esse plano é um exemplo disso”, destacou Tereza Cristina. “Não estamos somente reagindo a uma crise. Estamos buscando a solução para um problema estruturante, garantindo o suprimento de fertilizantes para a nossa principal atividade econômica: o agro”, afirmou a ministra durante a solenidade com o presidente da República, Jair Bolsonaro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, o ministro de Minas e Energia, Beto Albuquerque, o secretário de Assuntos Estratégicos da Presidência da República e coordenador do Plano, Flávio Rocha, além de outras autoridades.

A Caravana Embrapa irá percorrer as seguintes macrorregiões: (1) centro-sul, centro-norte e noroeste-norte do RS e meio-oeste, nordeste-sul de SC.  (2) sul e o sudoeste de SP e  centro-norte de Mato Grosso do Sul (3) oeste/norte, centro/sul e noroeste do Paraná (4) Triângulo- Alto Paranaíba, Noroeste e Sul de Minas Gerais (5) Mato Grosso, Rondônia e Acre (6) Goiás e DF (7) Matopiba (8) Sudeste e oeste do Pará (mesorregião do Sudeste Paraense e mesorregião do Baixo Amazonas), além dos estados de Roraima e Amapá  em áreas ainda em definição (9) região da Sealba (BA, SE, AL) e (10) região serrana do Rio de Janeiro.

 O objetivo da caravana é, a partir das visitas realizadas nas propriedades rurais e orientações técnicas fornecidas, promover o aumento da eficiência no uso dos fertilizantes e insumos no campo, diminuir os custos de produção dos produtores rurais e estimular a adoção de novas tecnologias e de boas práticas de manejo de solo, água e plantas.

A Caravana Embrapa FertBrasil  está entre as medidas de curto e médio prazos do Plano Nacional de Fertilizantes para reduzir a dependência externa por importação de produtos e tecnologias, situação agravada pelo conflito entre Rússia e Ucrânia.

“Nosso objetivo é sensibilizar as lideranças ligadas às cadeias produtivas da agropecuária, além de técnicos, consultores e multiplicadores, para que o Brasil possa superar a crise dos fertilizantes por meio de capacitação e troca de conhecimentos sistematizados entre os institutos de pesquisa e o setor produtivo, estabelecendo um diálogo da pesquisa com o agronegócio no Brasil, propondo soluções tecnológicas para cada um desses 30 polos agrícolas”, explicou Celso Moretti, presidente da Embrapa.

Até o final da safra 2022-2023 os pesquisadores percorrerão as principais regiões produtoras brasileiras, enfatizando a importância do manejo sustentável dos solos e fertilizantes para maximizar a eficiência de uso destes insumos, melhorar a produtividade e garantir a competitividade da agricultura e a produção de alimentos no Brasil.

As estratégias de manejo de solo e de água para o uso racional de fertilizantes serão sistematizadas pela Embrapa em módulos de uma palestra padrão adaptada às diversas condições dos biomas brasileiros, que deverão nivelar e customizar as informações para cada uma das regiões produtoras do país.

Ao final das apresentações em cada polo produtivo, será realizado um alinhamento das necessidades de conhecimento tecnológico regionais, seguido de um amplo debate sobre os principais problemas encontrados em cada região. Em algumas áreas será demonstrada ainda, a eficiência de algumas das tecnologias desenvolvidas pela Embrapa por meio de Unidades Demonstrativas de Referência Tecnológica.

As atividades presenciais serão voltadas para técnicos de extensão rural, de cooperativas, sindicatos e associações rurais e produtores considerados referência nas regiões, pretendendo atingir cerca de 10 mil profissionais, tornando-os multiplicadores das técnicas e orientações repassadas pela equipe de pesquisadores e analistas da Embrapa e parceiros que integrarão cada Caravana.

Após cada passagem da Caravana em uma macrorregião agrícola, a Embrapa modulará digitalmente o conhecimento sistematizado para alimentar um hotsite e contribuir para construção de uma ampla plataforma digital de conhecimento sobre o tema, que poderá ser ofertado à multiplicadores de referência, tais como CNA/SENAR, Emateres e cooperativas agroindustriais.

Plano Nacional de Fertilizantes

O plano tem três pilares, de acordo o pesquisador da Embrapa Solos, José Carlos Polidoro, integrante do Grupo de Trabalho interministerial que discutiu o tema no governo federal. O primeiro está focado em desburocratizar e melhorar o ambiente de negócios, por meio de medidas administrativas, legislativas e políticas. O segundo pretende atrair investimentos para aumentar a produção de fertilizantes (nitrogêncio, potássio e fósforo) no Brasil. E o último, diretamente relacionado com a atuação da Embrapa, buscará ampliar os investimentos em ciência, tecnologia e inovação, em sustentabilidade ambiental e no desenvolvimento da cadeira de fertilizantes e nutrição de plantas do Brasil.

“A questão dos fertilizantes é estratégica para a Embrapa, para o agro, para o Brasil, e esta é uma das iniciativas mais importantes para a agricultura brasileira. Já ajudamos na elaboração do plano e agora estamos empolgados em participar ativamente da sua implementação. A caravana será uma janela de oportunidades, vai abrir espaço para outras ações de transferência de tecnologia e de comunicação incrivelmente importantes nessa e em outras cadeias produtivas”, afirma o presidente da Embrapa, Celso Moretti.

Saiba mais sobre as frentes de pesquisa da Embrapa e instituições parcerias para contribuir na redução da dependência externa de fertilizantes acessando:

Cinco frentes de pesquisa

A Embrapa e instituições parceiras também tem outras ações em sua programação de pesquisa para ajudar diminuir a dependência brasileira de fertilizantes importados. “Nossa meta é reduzir em 25% a demanda por fertilizantes importados até 2030. O Brasil não tem uma vara de condão para mudar isso do dia para a noite”, afirmou o presidente da Embrapa. Por isso, segundo ele, a empresa priorizou cinco frentes de pesquisas: biofertilizantes, organominerais, fertilizantes nanoestruturados, agricultura de precisão e condicionadores de solo com pó de rocha”.

Além da iniciativa em parceria com a Embrapa, o Governo Federal, por meio do MAPA e da SAE-PR, está desenvolvendo estratégias de fomento e financiamento para aumento da produção de bioinsumos, fertilizantes organominerais, nanotecnologia e agricultura digital no âmbito do Plano Nacional de Fertilizantes. “A agricultura brasileira é forte, vai continuar forte, e temos que dar as alternativas para ela continuar trabalhando”, ressaltou a ministra Tereza Cristina em conversa recente com jornalistas.

O Brasil, atualmente, consome cerca de 8,5% dos fertilizantes a nível global, ocupando a quarta posição. China, Índia e Estados Unidos aparecem no topo da lista de consumo. Esses países, ainda, são grandes produtores mundiais de fertilizantes, à exceção do Brasil, que importou em 2021 cerca de 89% das 43 milhões de toneladas consumidas na produção agrícola.

No país, as culturas de soja, milho e cana-de-açúcar respondem por mais de 73% do consumo de fertilizantes. A Rússia é responsável por fornecer 25% dos fertilizantes para o Brasil. Junto com a Bielorrússia, chega a fornecer mais de 50% do potássio consumido pelo agricultor brasileiro anualmente.

Fonte: Embrapa