A ciência que busca respostas

Epidemiologistas atuam para conhecer o comportamento e promover o controle de doenças

O avanço da pandemia de Covid-19 trouxe para a rotina das pessoas uma palavra não muito usual: epidemiologia. Trata-se da ciência que estuda as doenças da população, seja ela animal ou humana, e os fatores que levam a sua ocorrência. Conforme o professor de Epidemiologia do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Luis Gustavo Corbellini, “a epidemiologia lida com as doenças num sentido amplo, tirando o foco apenas no agente infeccioso, interligando-as com fatores relacionados ao meio-ambiente e características populacionais”.

A busca por respostas a perguntas como “quem tem a doença?”, “quais foram afetados por ela?”, “como está se comportando ao longo do tempo?”, “onde está ocorrendo” e “por quê?” é uma constante nesta ciência. As respostas também revelam padrões de ocorrência, conforme Corbellini. “Os indicadores epidemiológicos, que contabilizam o número de casos ou de mortos e o relativizam pela população em risco em um determinado período de tempo ou de uma localidade geográfica, são essenciais para vigilância em saúde e gestão de programas de controle de doenças”, explica.

No caso da Covid-19, os epidemiologistas em Wuhan buscaram descrever, em detalhes o curso da doença, idade, sexo e ocupação dos primeiros pacientes.  As respostas sobre a origem da doença e ação do agente infeccioso contribuem para entender e projetar ações para o futuro. Uma área que vem ganhando importância dentro da epidemiologia é a modelagem matemática computacional que tem o objetivo de compreender a dinâmica da doença em uma determinada população e, especialmente, para quantas pessoas um indivíduo pode transmiti-la. “Ao estimar este número podemos antecipar o quão grave será a epidemia, o que pode auxiliar os gestores a tomar decisão baseada no cenário mais plausível como determinar o número de leitos que serão necessários para atender os doentes durante uma epidemia” exemplifica Corbellini.

Tendo em vista que 70% das doenças epidêmicas que afetam humanos têm origem em animais, a interação entre as espécies faz com que a compreensão da enfermidade nas populações seja possível até mesmo comparando com doenças que afetam rebanhos, e vice-versa. O professor afirma que é possível resumir a importância da epidemiologia baseado no fato que esta ciência é componente essencial na busca de medidas de controle mais efetivas. Exemplificando com uma doença que o produtor ouve falar bastante, como a febre aftosa, “todos os cuidados que o serviço veterinário recomenda, como a movimentação animal mediante Guias de Trânsito, contribuem para conhecer a rede de contato destes animais e rastrear um foco”, explica. E o mesmo se aplica ao espalhamento do coronavírus, em que os contatos dos pacientes suspeitos de COVID-19 foram rastreados por ferramentas tecnológicas na Coreia do Sul. “Com esse conhecimento em mãos é possível agir antecipadamente e de forma mais precisa, contribuindo com o contingenciamento no caso de um evento sanitário”.

Fonte: Thais D’ Avila

Crédito: DP Pixabay