Agropecuária gaúcha cresce é valoriza servidores da fiscalização

Agropecuária gaúcha cresce, mas salário dos servidores da fiscalização é o mesmo há 7 anos

Responsáveis pela sanidade e qualidade dos produtos de origem animal e vegetal, os fiscais estaduais agropecuários viram o salário encolher nos últimos sete anos. Neste período, a produção agropecuária apresentou expansão e se manteve valorizada. Basta observar que o preço pago ao produtor pelo boi gordo aumentou duas vezes e meia, de R$ 4,25 em junho de 2014 para R$ 10,64 em junho 2021, segundo levantamento da Emater. É possível fazer uma análise semelhante utilizando como parâmetro a soja. Há sete anos, a saca era R$ 63,24. Agora, a commodity está em R$ 160,53 – valorização de 253%. De lá para cá, a remuneração da categoria permanece a mesma.
 
“As atividades e, consequentemente, a quantidade de trabalho da fiscalização agropecuária aumentam proporcionalmente ao crescimento, modernização e oportunidades de negócio do setor. Por isso, é extremamente necessário o fortalecimento da fiscalização, com melhoria na remuneração, mais recursos humanos, capacitação e melhor estrutura de trabalho para que esse crescimento se mantenha e seja sólido”, afirma o presidente da Associação dos Fiscais Agropecuários do Rio Grande do Sul (Afagro), Pablo Fagundes Ataide.
 
Desde 2014, a remuneração líquida da maioria dos servidores da categoria varia entre R$ 4.889,73 e R$ 5.563,73 – alguns têm salários maiores por estarem em cargos de chefia ou por terem mestrado e doutorado, por exemplo. “Há sete anos, quando muitos de nós ingressaram no Estado, este era um bom salário. Mas está desfasado, não condiz com a responsabilidade que temos de garantir a sanidade animal e vegetal dos rebanhos e das lavouras”, acrescenta a vice-presidente da Afagro, Beatriz Scalzilli, ressaltando a perda de renda da categoria. Neste período, assim como a grande maioria dos servidores públicos, os fiscais não tiveram nem a reposição da inflação.
Dia do Fiscal Estadual Agropecuário – a data foi instituída pela Assembleia Legislativa do RS em 2014 – os servidores não têm muitos motivos para comemorar. Além de terem visto o salário encolher, também viram a demanda de trabalho aumentar. As constantes evoluções, entre elas o avanço do status sanitário para livre de febre aftosa sem vacinação, na área animal, e o controle da deriva do 2,4-D, uma nova área de atuação que surgiu para os fiscais da área vegetal, trouxeram novas frentes de trabalho. A remuneração deixou de ser atrativa, resultando no abandono constante da função. Com menos pessoas, quem fica acaba sobrecarregado.

Em um contexto de real preocupação, a Afagro segue alertando as autoridades e o setor produtivo sobre a importância da valorização dos servidores da fiscalização agropecuária, bem como da necessidade de realização urgente de um novo concurso público. “Somente com estas medidas será possível dar conta dos desafios e transformações que já estão ocorrendo em nossa rotina de trabalho, no campo ou na cidade, nas estradas, nas lavouras e nos frigoríficos”, conclui Ataide.